Artigo – Parabéns Santa Iria, Santa Irene, Santa Arene, Santarém!

Por Oswaldo Bezerra

Há 900 anos ocorreu algo especialmente terrível na terra. O ano de 1100 foi marcado por fortes chuvas que danificaram as plantações, e a fome tomou conta da população na Europa. Não bastasse, em uma noite, a Lua simplesmente desapareceu do céu. O fato ficou narrado por um manuscrito anglo-saxão apócrifo identificado como Crônica de Peterborough.

Nessas coincidências da vida nasceram ao mesmo tempo, na Europa e em um continente ainda não descoberto (América) dois seres que se interligariam de mais de uma forma. Em terras portuguesas nasceu uma moça cujo nome confundi-se entre Iria ou Irene. No mesmo momento do nascimento da moça brotou, na América, uma semente de Samaumeira.

Ao atingir a idade adulta a moça entregou sua vida a dedicação de orações a Deus, em um monastério. Aos 28 anos, infelizmente ela foi violada e assassinada, seu corpo jogado em um rio. Do outro lado do oceano, já sendo uma árvore, a samaumeira deve ter sentido a vibração da dor e do desespero humano daquele terrível crime.

O corpo da moça foi encontrado nas areias das margens do rio Tejo. O corpo criava um estranho fenômeno de espalhamento das águas. Fenômeno este que foi considerado como milagre. A moça passou a ser considerada Santa, chamada de Santa Iria ou Santa Irene. Pela antiguidade, mistura das línguas, além das mudanças da fonética, houve confusão sobre seu verdadeiro nome. Ela também ficou conhecida como a Santa das Areias, que na época se pronunciava Santa Arene.

O lugar onde foi encontrado o corpo da moça, em 1128, passou a ter seu nome (Santa Arene), que a fonética durante o tempo tratou de mudar para Santarém. Em homenagem a esta cidade e também à Santa, durante a fundação de uma cidade na Amazônia, em 1661, a batizaram como o mesmo nome da cidade portuguesa, Santarém. Exatamente nesta cidade foi onde brotou a samaumeira.

A árvore amazônica (a samaumeira) hoje é apelidada de vovozona por sua avançada idade, 900 anos. Ela domina a paisagem na região. Ao contrário da sua irmã de data de nascimento, ela tem uma vida longa e como monumento lembra aos homens que sem sabedoria e paz nada perdura.

Florestas são ativos, não precisam ser derrubadas para virarem riquezas. Elas valem muito só por estarem vivas, e o resto do mundo reconhece isso. Santarém (a da Amazônia) completa hoje 359 anos. Que o aniversário traga sabedoria a seus habitantes, que não permita que as samaumeiras, e suas irmãs, sejam violadas e atiradas ao rio, do mesmo modo que ocorreu à Santa que nomeia sua cidade.

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