Número expressivo de suicídios em Santarém acende o alerta sobre saúde mental

No mês de dezembro de 2020, somente entre os dias 01 e 11 foram contabilizados 04 suicídios em Santarém. No mesmo período, de municípios próximos também vinham notícias de pessoas que tiraram a própria vida e isso acendeu um alerta sobre como anda a saúde mental das pessoas nesse momento.

As festas de fim de ano são conhecidas por ser um momento de estabelecer novas metas e objetivos, além de avaliação das ações e conquistas pessoais que cada um realizou. Porém, embora seja um momento mais alegre e festivo, é algo que traz angústia para algumas pessoas, pois alguns indivíduos não superam o fato de não terem alcançado todas as suas metas e sonhos desejados, e essa cobrança deixa um sentimento de solidão e tristeza. Em desespero, muitos vêem no fim da vida a única saída para acabar com o sofrimento que sentem.

Segundo dados divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Organização Mundial de Saúde (OMS), “cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, e para cada suicídio há muito mais pessoas que tentam se suicidar. 79% dos casos no mundo ocorrem em países de baixa e média renda e essa é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos”.

Por causa da pandemia do novo corona vírus vimos que a situação pareceu piorar. O medo crescente de infecção, isolamento social e crise financeira estão deixando as pessoas ainda mais vulneráveis a terem problemas psicológicos. Tudo mudou de lugar e tivemos que nos reinventar sem nenhuma preparação prévia. Por isso neste mês está sendo realizada a campanha Janeiro Branco, que tem como objetivo “chamar a atenção da humanidade para as questões e necessidades relacionadas à Saúde Mental e Emocional das pessoas e das instituições humanas”, aumentando nesse momento os cuidados com a saúde mental.

Ao falarmos de saúde mental fazemos sempre uma reflexão interior. Por isso a campanha acontece em janeiro, pois o início de ano, simbolicamente, representa um recomeço no qual as pessoas tendem a pensar mais sobre as suas emoções. O Janeiro Branco é uma campanha que acontece no mundo todo e ressalta a importância de prevenir o adoecimento emocional das pessoas. Falar sobre saúde mental é algo muito importante e a campanha “gera conscientização, combate tabus, orienta os indivíduos e inspira autoridades a respeito de importantes questões relacionadas às vidas de todo mundo”.

Segundo o professor Pedro Silva, psicólogo docente na UNAMA, para termos uma boa saúde mental “no primeiro momento o ideal é que nós possamos ter uma qualidade de vida, pois a nossa saúde mental está muito ligada as nossas emoções, sejam elas positivas ou negativas. Então, devemos cuidar do físico fazendo meditações, uma boa dieta, procurando nos alimentar adequadamente e tendo uma boa noite de sono, para que essas emoções possam ser melhor estabilizadas. Assim então ficaria mais fácil encarar qualquer adversidade emocional que venha acontecer no decorrer desse período”.

A pandemia também afetou o lado emocional das pessoas, causando muita ansiedade e preocupações. Para o professor, “nesse período ficamos um pouco mais ociosos e nos sentimos menos produtivos do que antes. O ideal seria você, além de tentar ter uma prática diária saudável, como uma boa alimentação, fazer também uma atividade física, e quem estiver em isolamento pode fazer essa atividade em casa. Se você tem pessoas próximas a família, com quem você possa conviver, não fique muito em redes sociais, traga essa família mais para perto através de diálogo. Pratiquem jogos de tabuleiro e outros. E para quem está longe da família, a gente aconselha que tenham um contato mais diário através das redes digitais. A lacuna pode até não ser totalmente preenchida, mas já ajuda a espantar a solidão. E não faça comparações com os outros, não se ligue no que há nas revistas, fotos, pois isso traz angústia emocional”.

Sobre o número preocupante de suicídios em Santarém, principalmente entre os jovens, é importante descobrimos o porquê dessa situação. Para Pedro Silva, falar de suicídio é algo muito relativo, pois cada indivíduo passou por alguma uma situação muito difícil para que chegasse a esse ponto. “A gente não fala que seria o desvalor da vida, pois a pessoa estava em um processo emocional muito forte, não aguentou e chegou ao ato. Se esse indivíduo tivesse um acompanhamento através de uma rede profissional poderíamos ter algumas hipóteses sobre o que o fez chegar a esse ponto.  Esta é uma lacuna que não conseguimos obter respostas, então devemos ajudar observando se aquela pessoa tem alguma mudança no padrão comportamental e ao nos aproximarmos devemos evitar julgamentos, oferecendo acolhimento. Então, se você perceber em alguém uma mudança de comportamento, por exemplo, uma pessoa antes alegre se tornando mais quieta, ou uma pessoa que se lamenta muito e evita situações sociais, fique atento. Pergunte no que é possível ajudar para passar por essa etapa e não jogue o problema para o indivíduo, culpando-o.”

A mensagem deixada pelo profissional é para que “as pessoas não se limitem, busquem ajuda de algum profissional, de pessoas próximas, ou em uma instituição, pois é importante este acolhimento para que ela saiba que não precisa estar sozinha neste período. E para manter a mente saudável, cuide da sua alimentação, faça coisas que você gosta, pratique atividades físicas, mesmo que seja em casa, e se você tem pessoas próximas da família evite redes sociais e traga a sua família mais para perto de você.”

 

Por: Thays Cunha

Foto: Pixabay

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