Artigo – A vida fora do sistema. Como não existem mais pessoas fazendo isto?

Por Oswaldo Bezerra

O bem-estar oferece uma visão mais equilibrada e holística do desenvolvimento de um país do que seu produto interno bruto per capita. Como medir o quão “bem” está o cidadão de um país?

Para estar bem, um cidadão de qualquer país deverá ser uma engrenagem no sistema. Para a maioria de nós, a única opção apresentada durante o crescimento era entrar na roda de hamster e correr o mais rápido possível, até o coração explodir.

A roda de hamster é ir para a escola, conseguir um emprego, pagar uma hipoteca, se preparar para a aposentadoria e consumir. Algumas pessoas, no entanto, desejam se desconectar do sistema e viver sua vida fora dele. Você pode. Claro que não é fácil, mas nada na vida que realmente valha a pena fazer é.

Infelizmente, a vida da maioria das pessoas é definida por um sistema à qual todos nós estamos conectados. Na maioria dos casos, sua renda e status na sociedade são definidos por qualquer “emprego” que tenha sido dado a você, por qualquer empresa para a qual esteja trabalhando atualmente.

Gostamos de nos chamar de “funcionários”, mas, em essência, somos basicamente servidores corporativos. A maioria das pessoas sente que não pode deixar seus empregos corporativos porque precisam pagar os boletos.

A maioria das pessoas também sente a necessidade de constantemente “preparar-se para a aposentadoria”, despejando dinheiro em títulos corporativos no jogo fraudulento que chamamos de “mercado de ações”.

O que aconteceria a todos eles, caso nosso sistema econômico e financeiro implodisse completamente? Durante a atual crise econômica, milhões de pessoas já perderam seus empregos, e está sendo relatado que milhões, em todo o mundo, podem ser despejados de suas casas já em 2021.

Quando as coisas vão mal, é o trabalhador que é esmagado primeiro. Você não tem que esperar até que isso aconteça. Um número crescente de pessoas decidiu que viver fora do sistema é o caminho certo.

Por exemplo, no Brasil já há milhares de pessoas que nunca mais terão que pagar uma hipoteca ou aluguel. Eles moram em terras públicas dentro de seus “motorhomes” e usam energia solar para funcionar sua geladeira de 12 volts. Muitos deles têm ficados famosos por seus canais no Youtube.

A decisão de adotar um estilo de vida nômade foi originalmente provocada por uma profunda insatisfação com o emprego corporativo e pelo estilo de vida. Já vivi em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Fortaleza. Em todas estas cidades, observei um esvaziamento populacional nos feriadões. É a fuga da pressão da vida cotidiana moderna.

Antes de se tornarem nômades, todas estas pessoas, muitos com família, trabalhavam em escritórios. Acima de tudo, observaram seus pais trabalharem até a aposentadoria para em poucos anos morrerem.

Estas pessoas não querem o destino dos pais. Eles tiveram a experiência de ver dias se transformarem em décadas, em empregos odiosos, junto a pessoas de difícil convivência, tudo isso apenas para comprar coisas. É a personificação do “desespero silencioso” de Thoreau. Eles sabiam que não eram felizes, mas lhe surgiu a ideia de viver de forma diferente.

Então, eles muitas vezes influenciados pela experiência de outras pessoas, resolveram cair no mundo. A maioria deles chega à seguinte conclusão.  Por que eu não compro aquela van e me mudo para ela?

A ideia parece louca, mas com a perspectiva econômica, de ficar sem-teto, se aproximando, é uma alternativa. As pessoas que vivem em motorhome têm milhares de seguidores online. Eles até irão aparecer em um novo filme chamado “Nomadland”.

Nos EUA, para muitos, morar em uma van não é uma opção fácil de engolir. Muitas vezes é a única solução, e eles vivem assim meio que a margem da sociedade.

No Reino Unido, um casal britânico chamado Matthew e Charis Watkinson abraçou totalmente uma filosofia conhecida como “colapsologia”. Eles vivem sem contas, sem hipoteca, um suprimento infinito de comida caseira e até uma banheira de hidromassagem para relaxar. Os britânicos estão preparados para o fim.

Os veterinários de Essex, Matthew e Charis Watkinson, desistiram da roda hamster pela boa vida no interior, depois de ler sobre “colapsologia”, um movimento baseado na teoria de que a sociedade, como a conhecemos, irá desmoronar.

Não seria ótimo não ter contas para pagar todos os meses? Matthew e Charis desistiram de seus empregos de R$210.000 por ano e agora eles produzem seus próprios alimentos em três acres de terra em Pembrokeshire. Eles compraram três acres de terra em Pembrokeshire por R$210.000 e construiram uma casa, galinheiros, estufas, um fogão a gás movido a cocô de cavalo e até uma banheira de hidromassagem.

Eles são totalmente autossuficientes. Instalaram painéis solares, cultivam suas próprias frutas e vegetais, construíram colmeias, e criam 140 galinhas. Caso o colapso de nossa sociedade se concretizem, eles estão prontos.

O bom disso tudo é que eles não precisam se levantar de madrugada, todas as manhãs, e se arrastarem para empregos corporativos que eles odeiam.

É muito difícil alguém estar se sentindo recompensado pelos seus empregos. Sempre falta alguma coisa, um aumento de salário, um reconhecimento pelo esforço, um descanso. Mesmo assim, as pessoas fazem isso durante toda a vida. Talvez a pressão de sustentar uma família faça resistir e continuar com isso.

Matthew e Charis podem ter vidas simples, mas estão absolutamente felizes por estarem vivendo fora do sistema. Eles dizem com orgulho: “Não devemos dinheiro a ninguém e não temos contas; por que mais pessoas não estão fazendo isso?”

RG 15 / O Impacto

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