Atendimento exclusivo à Covid-19 atrasa cirurgias eletivas e afeta o tratamento de outras doenças

Com unidades de saúde priorizando o atendimento aos infectados com o novo coronavírus, uma triste e dramática realidade – que não aparece rotineiramente nas estatísticas – assola a população e tem resultado em inúmeros processos judiciais.

Pessoas que precisam de outros tipos de atendimento estão sentindo na pele o colapso do sistema de saúde. Se antes da pandemia, ter acesso às cirurgias e consultas com médicos especialistas era uma raridade, o contexto imposto pela doença que matou mais de 250 mil brasileiros tem levado os doentes ao desespero.

Para a Secretária Municipal de Saúde de Santarém, Enfª. Marcela Tolentino, os desafios tem se multiplicado. “Embora medidas protetivas tenham sido tomadas, como isolamento e lockdown, algumas pessoas são contra e não respeitam as normas. No entanto, tais procedimentos são implantadas para manter o sistema de saúde em condição de atender a todos, pois quando o vírus avança com muita velocidade, os hospitais e leitos não são suficientes para atender a demanda”.

Tolentino pede paciência para as pessoas das cirurgias eletivas, pois infelizmente os hospitais tiveram que montar emergencialmente leitos para atender a covid, então, muitas cirurgias estão em aguardo. “Outros tratamentos também ficaram prejudicados com a questão da covid, então é preciso esperar”, disse.

A secretária relatou que desde o ano passado Santarém vive uma situação muito difícil em relação à pandemia, sendo os piores meses maio e junho, nos quais o Hospital Regional enfrentou superlotação. Foi preciso, com o apoio do Governo do Estado, juntamente com o Município, transferir pacientes para Belém e outros municípios, pois somente Santarém não dava conta. Agora, neste ano, houve um relaxamento das condutas sanitárias, as festas de final de ano, e com isso aumentou novamente o número de notificações de pessoas acometidas de síndromes gripais e covid. O município então fortaleceu a estrutura que já possuía, fortaleceu as barreiras sanitárias, principalmente aeroporto e porto, através da união de esforços da Secretaria Estadual de Saúde com a Secretaria Municipal de Saúde, notificando e orientando as pessoas que teriam que ficar em quarentena.

Para Marcela Tolentino, atender precocemente o paciente também e importante. É preciso tratar logo no início dos sintomas e não deixar a pessoa piorar para que precise ser internada num hospital. Para melhor atendimento foi então ampliado o horário da creche Paulo Freire, que é a unidade descentralizada para o atendimento das síndromes gripais, e agora foi instalada na grande área do Santarenzinho mais outra unidade descentralizada, além de ter sido aumentado e fortalecido o monitoramento das pessoas, sendo ampliado o número de profissionais que monitoram por telefone as pessoas que estão sendo tratadas em casa.

A secretária enfatiza que é importante a sociedade ter consciência que só a instituição de saúde não dá conta do problema, pois se não forem controladas as aglomerações, muitas pessoas serão infectadas ao mesmo tempo e assim o sistema de saúde não suporta. E isso aconteceu, como observado pela própria sociedade, com a UPA lotada, e sem os leitos de UTI suficientes para atender a demanda. Algumas medidas podem ser consideradas “antipáticas”, como o lockdown, que obriga as pessoas a ficarem em suas casas, mas é importante para frear a contaminação ao mesmo tempo de várias pessoas.

Ao ser questionada sobre o percentual de leitos disponíveis, a secretária de saúde contou que no balanço desta semana a ocupação de leitos já passava de 90%, principalmente no Hospital Regional. No Hospital Regional de Santarém há 25 leitos clínicos exclusivos pra atender covid e 64 leitos de adultos exclusivos pra covid de UTI, sendo 04 pediátricos e 03 pra neonatologia. Ainda assim houve a necessidade de inaugurar novamente o hospital de campanha, que possui 60 leitos, sendo 56 leitos clínicos e 04 de estabilização. E mesmo que essa nova estrutura tenha aliviado as necessidades, as medidas sanitárias devem continuar para que os casos diminuam ainda mais.

Em avaliação, foi visto que os atendimentos na grande área do Santarenzinho diminuíram bastante e a tendência é que esses atendimentos fiquem até sexta-feira. Após isso eles serão concentrados na unidade descentralizada Paulo freire, que funciona de 8h às 19h, de domingo a domingo.

VACINAÇÃO

Sobre a vacinação, a secretária Marcela Tolentino disse que ela está vem sendo feita de forma gradual, pois as vacinas ainda são insuficientes para atender toda a demanda, então no momento estão sendo vacinados apenas os grupos prioritários. A vacina está chegando gradativamente, e conforme chega, as equipes vão administrando-a. O primeiro lote foi destinado para os profissionais da área da saúde, mas somente para os que estavam na linha de frente atuando nos hospitais, na UPA e tratando diretamente pessoas infectadas com covid. Depois a vacina foi encaminhada para ser administrada na atenção básica, e não só o setor público como o privado foram beneficiados. Foram vacinados também os indígenas aldeados e os idosos que estavam no asilo, e agora chegou o momento da faixa etária de 80 anos para cima.

A secretaria está obedecendo ao plano nacional e estadual de vacinação. Ao todo Santarém recebeu 20.206 doses e já foram administradas mais de 90% delas. E no momento o governador está se empenhando para que venha muito mais vacina para o estado, e Santarém logicamente será beneficiada. Segundo o ministro Pazuello, que esteve em Santarém, até o final de março o município estará recebendo muito mais vacinas, e assim será feito um calendário dando oportunidade para as pessoas com deficiências, pessoas com doenças crônicas como diabetes, hipertensão e outros grupos de risco. Há a preocupação de proteger também esse grupo prioritário.

Sobre esse fato, de vacinar também pessoas que possuem alguma deficiência, a secretária nos disse que no momento esse grupo ainda não está incluso nas primeiras fases da vacinação. Por enquanto essas pessoas se vacinarão somente de acordo com a sua faixa etária, que agora entrará na faixa de 79 anos a 70. Os portadores de deficiência, portadores de necessidades especiais, portadores de doenças crônicas terão a sua oportunidade de vacinar, a questão é que não chegou a vacina. Contudo, assim que chegar ao município de Santarém, ele estará preparado para fazer a vacinação de todas as pessoas, principalmente que estão nesse grupo prioritário. Mas no momento o grupo de portadores de deficiência, mesmo que sejam doenças graves, não estão incluídos no grupo prioritário de agora.

Em relação à recusa a vacina por parte de algumas pessoas, Marcela Tolentino nos contou que houve o caso de um idoso que não a aceitou, mas a equipe de saúde está tentando sensibilizá-lo para que ele tome a vacina. Há também informações do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena), que é o órgão federal que representa os indígenas, de que os indígenas estão rejeitando tomar a vacina. Esses casos também estão sendo observados através de um trabalho de orientação e conscientização para que aceitem tomá-la. Algumas informações apontam que os indígenas que estão recusando receber a vacina fazem por questão cultural, mas principalmente por conta das fake news.

A secretária fala que será feito um grande esforço para que todas as pessoas sejam vacinadas. A questão é ter a vacina, então é importante a sociedade saber que a secretaria de saúde tem se empenhado, solicitando ao prefeito municipal, ao Governo do Estado e Governo Federal.

É importante frisar também que pessoas que tomaram uma dose não estão completamente imunizadas, pois alguns ainda precisam da segunda dose. Assim, os cuidados têm que seguir. Uma pessoa pode estar segura em relação à doença, porém, esquece que ainda é um vetor. Se não lavar as mãos e tomar cuidado pode levar contaminação para a sua residência ou o seu trabalho. Lembre-se, antes de tocar na boca, nos olhos, nariz, lave as mãos com água e sabão.

Por: Thays Cunha
RG15/O Impacto

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