Aumento nos casos de DST’s entre brasileiros atinge de jovens a idosos

Por Thays Cunha

Os mais conservadores costumam dizer que neste século vivemos em uma era de intensa modernidade, e esse espanto não ocorre somente por conta dos avanços tecnológicos diários, mas também por causa da liberdade sexual que agora podemos experimentar, conversar e debater, uma “novidade” que até décadas atrás “não existia”, uma vez que o sexo sempre foi – e por vezes ainda é – um assunto proibido.

Porém, sabemos que o sexo faz parte das nossas vidas desde os primórdios da antiguidade, sendo visto através de óticas que vão desde o sagrado ao profano. E agora, nesta era, as pessoas (adultas) lutam pelo direito de se relacionarem sexualmente entre si sem tabus, e o estranhamento causado pelo assunto não significa na realidade uma “ascensão de um sexo antes não praticado”, mas sim o fato de que agora a temática é vista de forma um pouco mais natural, se tornando mais desprendida de estereótipos, amarras e preconceitos.

Isso significa que nunca falamos tanto sobre sexo, assim como nunca soubemos tanto sobre o assunto devido ao acesso livre do conteúdo através de médicos, livros, programas de TV, internet, etc. Mas embora questões sobre sexualidade agora possam ser discutidas na sala de casa, ao mesmo tempo também parece que, de algum modo, nunca houve tanta desinformação sobre o assunto.

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

Isso se reflete na quantidade de situações problemáticas geradas por conta da falta do uso de preservativos e métodos anticoncepcionais. Vemos com cada vez mais frequência casais que nem saíram da escola engravidando por conta de não saberem como lidar com os seus próprios corpos, além do aumento de casos de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s) ou relacionadas ao sexo, que atingem todas as pessoas em divergentes setores, idades e camadas sociais. Tais doenças são transmitidas/adquiridas através do ato sexual desprotegido, no qual há a troca de fluidos corporais, e podem ser causadas por bactérias, vírus e fungos.

Quando os primeiros casos de AIDS surgiram no planeta, um temor causado pela probabilidade de contaminação fez com que algumas pessoas tomassem um pouco mais de precaução no início. No entanto, atualmente, com o avanço nos tratamentos e produção de medicamentos, muitos infectados pelo vírus não correm o grave risco de morte e levam uma vida normal, e isso leva muitos a evitarem o uso da camisinha em suas relações sexuais por não sentirem mais tanto medo da doença.

Práticas sexuais são livres, no entanto isso não as isenta de responsabilidade, pois podem trazer consequências para a saúde que muitas vezes são irreparáveis. Há também quem acredite não estar exposto à contaminação por não fazer parte de chamados grupos de risco. Porém, todas as pessoas sexualmente ativas podem adquirir ou transmitir alguma doença de e para seus parceiros, uma vez que alguns desses problemas não chegam a causar quaisquer sintomas inicialmente, o que acaba dificultando a sua detecção.

MAIS COMUNS

Segundo a OMS, a cada dia são registrados no mundo mais de 1 milhão de casos novos de DST’s. As mais comuns são a gonorreia, HPV, sífilis, candidíase, clamídia e a AIDS.

A gonorreia é uma infecção causada por uma bactéria. Caso não seja tratada, ataca as trompas e o útero nas mulheres, e os testículos ou a próstata nos homens. Os sintomas são geralmente secreção, dor, ardência. Apresenta cura se o tratamento for realizado com antibióticos.

O HPV é uma sigla que na verdade define mais de 150 vírus diferentes, entretanto nem todos apresentam riscos. Desse todo, cerca de 20 são prejudiciais e geram lesões em forma de verrugas. Essa doença é associada ao câncer no pênis e no colo do útero, e como pode acontecer de não apresentar sintomas, é importante a realização de exames preventivos.

A sífilis é cauda pela bactéria Treponema Pallidum, e o primeiro sintoma ocorre geralmente através uma ferida indolor nas genitálias ou na boca. Como o ferimento se cura, algumas pessoas pensam que não estão doentes, contudo pode haver uma evolução que causa manchas no corpo e pode atingir o sistema nervos, olhos e o coração. Ela tem tratamento e é importante destacar que caso atinja mulheres grávidas há o perigo de abortos, natimortos e má-formação fetal.

A candisíase pode ser causada por micose ou fungos. O principal sintoma é a presença de um corrimento esbranquiçado, acompanhado de coceira intensa. Já a clamídia ocorre devido a uma bactéria e nem sempre causa sintomas inicialmente. Porém, quando surgem, se apresentam através de dor ao urinar e corrimento. Caso a infecção progrida, pode comprometer a fertilidade.

Por fim, a doença mais temida ainda é a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), causada pelo vírus HIV e que compromete o funcionamento do sistema imunológico do indivíduo. Essa pode ser uma enfermidade silenciosa, que não manifesta nenhum sintoma no início. Após um tempo de contaminação, o doente começa então a sentir incômodos parecidos com os causados por uma gripe, como dor de garganta e febre. Com a evolução da doença, a pessoa infectada pode apresentar infecções recorrentes por conta de sua baixa imunidade. Infelizmente, apesar dos tratamentos, essa é uma doença que ainda não tem cura.

JOVENS

Jovens são vistos como destemidos e isso também se aplica no que se refere aos cuidados com o sexo, pois muitos não utilizam quaisquer proteções por acreditarem que são saudáveis e que por isso não correm risco de adquirir uma doença. Porém, o aumento no número de jovens que se infectam com alguma doença sexualmente transmissível vem causando preocupação. Para se ter uma ideia, a sífilis, considerada uma doença medieval, tem retornado de forma quase epidêmica no Brasil. Em relação ao HIV, de acordo com Ministério da saúde, “na faixa etária dos 20 aos 24 anos, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos por 100 mil habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015.

Esse público jovem, embora tenha bastante conhecimento sobre sexo e sobre as DST’s, como as formas de transmissão e prevenção, ainda não coloca o que sabe na hora da prática. O uso de substâncias como o álcool e drogas aumenta esse fator de risco, pois em momentos de torpor a grande maioria sequer se lembra de usar preservativo.

IDOSOS

Talvez o fato que cause mais estranhamento seja o aumento do número de casos de DST’s entre os idosos, uma vez que se tem a ideia de que pessoas acima dos 50, 60 anos não possuam vida sexual tão ativa. No entanto, os homens e mulheres da terceira idade também não costumam utilizar preservativo em suas relações, o que os torna mais vulneráveis a adquirirem infecções. Segundo dados do Ministério da Saúde, os casos de HIV entre pessoas acima dos 50 anos dobraram na última década. Além da AIDS, outra doença que tem voltado a aparecer também entre os idosos é a sífilis.

“O Pará lidera como o Estado com maior índice de idosos contaminados. Dados da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa) mostram o crescimento do número de idosos com o vírus HIV no estado. Do total de 5.465 casos investigados de […], em adultos, a faixa etária dos 60 aos 80 anos registrou 214 casos, 12 novos casos foram registrados somente em 2016. No estado, Belém lidera como município que possui maior número de infectados” (ESTADÃO).

PREVENÇÃO

É fundamental então que as pessoas comecem a ficar atentas às questões relacionadas às Doenças Sexualmente Transmissíveis. A principal forma de prevenção continua sendo a utilização da camisinha em todas as relações sexuais, não importa o tipo de prática e o gênero das pessoas participando da relação.

No entanto, como algumas doenças podem ser transmitidas através do contato com lesões o preservativo pode não ser de grande ajuda, a depender do caso. Desse modo, é importante a realização de exames preventivos para ambos os parceiros, para que as pessoas saibam se correm ou não o risco de contaminar/infectar alguém. É essencial garantir que caso haja contaminação seja feito o diagnóstico precoce, iniciando logo em sequência os tratamentos necessários.

Já podemos contar com alguns avanços. Por exemplo, em relação ao HPV, existem vacinas capazes de proteger meninos e meninas dos tipos mais frequentes. As doses devem ser administradas entre os 09 e os 14 anos, assim como também podem tomar pessoas portadoras do vírus HIV ou que foram transplantadas, até os 26 anos. Além disso, camisinhas são distribuídas gratuitamente nas unidades de saúde. É possível também tomar vacinas que previnem as hepatites A e B, que também podem ser transmitidas pelo sexo, assim como fazer testes rápidos para sífilis, hepatite e HIV gratuitamente através do Sistema Único de Saúde.

RG 15 / O Impacto

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