Ex-secretário de polícia preso agia como agente duplo e atuava a favor de bicheiros rivais, diz MP
O ex-secretário de Polícia Civil do Rio Allan Turnowski foi preso nesta sexta-feira (9) em desdobramento das investigações contra o também delegado Maurício Demétrio. De acordo com o Ministério Público do estado do Rio, Demetrio operava como um braço da quadrilha do bicheiro Fernando Iggnácio na Polícia Civil, enquanto Turnowski agia como agente duplo, atuando em favor de Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, que eram rivais. Demetrio, afirma o Gaeco, também negociava com políticos a nomeação de aliados para cargos estratégicos na Polícia Civil.
O acesso ao conteúdo de 12 celulares apreendidos com Demetrio revelou que o policial era peça-chave de um esquema de corrupção e de aparelhamento político na área de segurança pública no Rio. A 1ª Vara Especializada em Crime Organizado decretou a prisão de Demetrio e de Turnowski, a pedido do MP depois que as investigações apontaram que ambos agiam em benefício de contraventores.
As investigações, com base no conteúdo dos celulares, revelaram que Demetrio atuou para garantir a nomeação do colega Allan Turnowski como secretário de Polícia Civil em setembro de 2020. As transcrições demonstraram que o delegado pediu a políticos que apadrinhassem a indicação de Turnowski junto ao então governador em exercício Cláudio Castro, que havia assumido no mês anterior.
Allan Turnowski, como titular da na Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), já trabalhara com Maurício Demetrio, como delegado adjunto. Em 2008, Demetrio começou a construir a fama de produtor de dossiês contra desafetos após denunciar o ex-chefe de Polícia Civil e então deputado estadual Álvaro Lins (PMDB). No caso que ficou conhecido como “grupo dos inhos”, Lins foi acusado de distribuir cargos em delegacias em troca da conivência com o jogo ilegal em caça-níqueis e da arrecadação de propina.
Em abril de 2009, após dirigir o Departamento de Polícia Especializada, Turnowski foi nomeado por Sergio Cabral, então governador, para a chefia da Polícia Civil do Rio, cargo que ocupou até fevereiro de 2011, quando pediu exoneração após ter o nome envolvido na Operação Guilhotina, na qual a Polícia Federal (PF) prendeu 30 policiais civis e militares envolvidos com organizações criminosas. Entre os presos, estava o delegado Carlos Oliveira, ex-braço direito de Allan Turnowski.
Convencido de que as informações que ensejaram a operação Guilhotina partiram do delegado Cláudio Ferraz, então titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), Turnowski, antes de exonerar-se, entregou um dossiê contra o colega na Corregedoria Interna da Polícia. De acordo com ele, um dos casos suspeitos na Draco, aberto para investigar desvio de licitação na Prefeitura de Rios das Ostras, em 2008, foi arquivado dois dias depois com a justificativa de falta de provas.
Turnowski também chegou a trabalhar com o sargento reformado da PM Ronnie Lessa, acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e ter uma sociedade com Rogério de Andrade em casa de apostas no Quebra Mar, na Barra da Tijuca. Lessa trabalhou como adido na Polícia Civil do Rio. Mensagens de WhatsApp encontradas no celular do PM reformado durante as investigações do caso Marielle revelam uma conversa do acusado na qual o inspetor Vinícius Lima, seu amigo de infância, diz: o “dr. Allan manda um abraço”. Em outro trecho da conversa, o policial diz que “dr. Allan” perguntou por Lessa. Em um terceiro diálogo, Vinícius anuncia ter uma “proposta boa de trabalho” para Lessa. Vinícius trabalhou durante anos com Turnowski, de quem foi chefe de operações.
Os celulares foram apreendidos em julho de 2021, durante a Operação Carta de Corso, junto com R$ 240 mil em dinheiro e três carros de luxo blindados. O delegado foi preso sob a acusação de extorquir comerciantes de Petrópolis, na Região Serrana. As investigações começaram em 2019, com o depoimento de uma lojista que se recusou a pagar propina de R$ 250 por semana. Dias depois, sua loja foi alvo de operação da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), chefiada por Demétrio.
Maurício Demétrio Afonso Alves, que começou na instituição em 3 de maio de 2001, já passou pelas Delegacias do Meio Ambiente (DPMA), do Consumidor (Decon), de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e a de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). De acordo com Ministério Público do Estado (MP-RJ), ele usava a estrutura da delegacia para cobrar propina de comerciantes da Rua Teresa, em Petrópolis.
Demetrio, em 2003, ganhou uma moção de congratulações e louvor da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), dada pelo deputado André Lazaroni.
Fonte: Extra Online
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