Falso contador prometia zerar dívidas de empresas com a Receita Federal
Empresários caíram na promessa de uma suposta quitação de dívidas milionárias com a Receita Federal, mas era golpe. Acusado de estelionato e lavagem de dinheiro, o golpista se apresentava como contador e faturou muito dinheiro com o esquema. Os repórteres Mahomed Saigg e Carlos de Lannoy tiveram acesso exclusivo a essa investigação.
Mesmo sem diploma universitário, Wanderson Morais Coutinho, de 45 anos, é dono de uma grande empresa de contabilidade.
“Minha formação é de outra área. Meu terceiro grau, minha universidade, é de teologia”.
Wanderson Coutinho prometia milagres, como, por exemplo, fazer dívidas tributárias de empresas desaparecerem — só que não. Mergulhadas em dívidas e multas, as vítimas de Wanderson revelaram o esquema à polícia.
Em um vídeo gravado durante as investigações, o falso contador oferece serviços de consultoria financeira a empresários do Rio de Janeiro: “Vamos zerar os débitos todos que estão em aberto ali. A gente faz essa parte. Vou levantar débito por débito aqui, saber o que tem ali. Com quatro, cinco meses, a gente suspende tudo.”
“Esse consultor oferecia para essas empresas que tinham débitos para com a receita uma suposta oportunidade de compensar com créditos que estariam sendo discutidos judicialmente, só que esses créditos eram absolutamente fictícios, inexistentes’, destaca o superintendente da Receita Federal/RJ-ES, Flávio Coelho.
Para as autoridades, Wanderson não passa de um golpista, que cometeu crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.
“Com a sua lábia, conseguia convencer os diretores das empresas e com isso, enfim, lesar a união com benefícios fiscais que realmente não eram possíveis de serem concedidos. Ele tentava ludibriar os diretores de empresas que tinham débitos tributários utilizando os créditos que a quadrilha apresentava para eles”, afirma Sérgio Pinel, procurador da República/MPF-RJ.
Crédito tributário é um direito que pessoas e empresas têm para que possam reaver ou compensar valores pagos a mais em impostos e tributos. O golpe passava sempre por contratos assinados entre Wanderson e grandes empresas muito endividadas, principalmente clínicas e hospitais. Segundo a investigação, grande parte dos supostos créditos tributários que ele oferecia pertencia a um homem que já morreu. Os agentes descobriram que esses créditos não tinham qualquer validade.
Wanderson Coutinho e os outros três acusados vão responder em liberdade. Em nota, a defesa de Wanderson afirma que “não há requisitos para a prisão” e “nega veementemente” as acusações.
Fonte: G1