Mundo – O drama dos refugiados de Gaza coloca a passagem de Rafah no centro do conflito
A política de bloqueio total lançada por Israel sobre Gaza após os ataques de 7 de outubro colocou um ponto remoto na península do Sinai sob as vistas do mundo. Rafah, passagem localizada no sul de Gaza e que faz fronteira com o Egito, é o único ponto de entrada e saída que não é totalmente controlado por Israel, o que a torna a principal forma do cerco israelita ser quebrado e a ajuda humanitária urgente ser enviada aos mais de 2 milhões de civis retidos.
A Faixa de Gaza possui apenas duas passagens de entrada e saída de mercadorias e pessoas: a de Erez, ao norte da faixa e ao sul do território israelense e que foi atacada pelo Hamas na invasão do último dia 7 de outubro; e a de Kerem Shalom, que serve apenas para transporte de cargas.
Centenas de moradores de Gaza e cidadãos de outros países esperam um acordo que possibilite a abertura da fronteira.
A preocupação do governo de Abdel Fatah al Sisi é o êxodo em massa de refugiados palestinos para o território egípcio, fugidos das sanções e possível invasão terrestre de Israel.
Esperando uma pressão internacional para essa abertura e tentando conter uma “invasão” de palestinos, o governo do Egito inaugurou um aeroporto na capital da província do Sinai do Norte, há mais ou menos 50 quilômetros de Rafah, para receber as remessas internacionais de ajuda humanitária. Apesar disso, dezenas de caminhões carregados de mantimentos – principalmente alimentos, água e medicamentos – continuam parados no lado egípcio da fronteira, à espera de luz verde para atravessar.
Em condições normais, a passagem é administrada por funcionários do Ministério do Interior do Cairo e do Hamas, mas o controle sobre a circulação de pessoas e mercadorias são feitos pelos governos egípcio e israelense e é o papel das autoridades de Israel que travam o mecanismo por insistirem em inspecionar todos os caminhões antes de lhes dar autorização para atravessar passagem.
Aberta em 1982 e sob controle do Egito desde 2007, após Israel se retirar do Sinai como parte de um acordo de paz assinado com o Egito, a passagem de Rafah tem sofrido com flutuações ao longo da última década causadas por instabilidades políticas, principalmente por causa do Hamas.
Entre 2012 e 1013, a passagem esteve aberta por 341 dias, registrando intensa atividade. Entretanto, entre 2014 e 1027, nos primeiros anos do governo do atual presidente egípcio, Rafah esteve fechada por mais de 300 dias, segundo dados da ONU. Tal situação só mudou a partir de meados de 2018 quando Gaza se viu diante de uma grave crise humanitária e política.
Mesmo assim, os critérios impostos pelo Egito para as pessoas que desejam viajar através de Rafah continuam rigorosos, e o tempo de espera para processar a autorização é longo, segundo a organização israelita de direitos humanos Gisha, que monitora a liberdade de circulação dos palestinos. Israel, por sua vez, costuma proibir as pessoas que saem de Gaza através de Rafah de reentrar pela passagem de Erez, entre a faixa e Israel, o que representa um obstáculo adicional.
O norte do Sinai também é uma região militarizada com acesso altamente restrito, mesmo para a a imprensa. O Egito tem travado uma guerra brutal na província há anos contra o braço local do Estado Islâmico, que tem numerosos membros em Gaza, e que apenas abrandou o seu avanço nos últimos três anos, após uma extensa campanha antiterrorista conjunta levada a cabo pelo Exército e forças de segurança, segurança e tribos egípcias.
Israel e Egito afirmam que o bloqueio é uma medida de segurança. O secretário de relações exteriores do Reino Unido e EUA, junto com outros representantes, dizem estar negociando com Israel e Egito a reabertura da passagem.
28 brasileiros e palestinos que vivem no Brasil – dos quais 14 crianças, 8 mulheres e 6 homens adultos.
Por Rodrigo Neves
Arte: Agência Brasil
O Impacto