Ideflor-Bio promove capacitação para impulsionar ecoturismo na Calha Norte do Pará
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), em parceria com a empresa Maritaka Expeditions, deu início ao projeto “Ecoturismo com Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte”. O projeto conta com a realização de um curso voltado à formação em ecoturismo e observação de animais silvestres. A atividade ocorreu entre os dias 14 e 25 de abril nos municípios de Oriximiná e Jaramacaru.
Ministrado pelo guia e especialista Frederico Crema Leis, o curso reuniu cerca de 60 participantes, entre estudantes universitários, lideranças indígenas e quilombolas. A programação incluiu fundamentos do ecoturismo, técnicas de observação de aves e mamíferos, o uso de aplicativos para mapeamento da avifauna e saídas práticas de campo.
O projeto se alinha ainda à crescente demanda mundial pelo ecoturismo, segmento que, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), cresce mais de 20% ao ano. A observação da vida silvestre, especialmente de aves, movimenta bilhões de dólares em todo o mundo e se consolida como alternativa sustentável de geração de renda
“O projeto é uma demonstração concreta de que é possível promover a conservação da floresta ao mesmo tempo em que se fortalece a autonomia das comunidades tradicionais”, destacou Nilson Pinto, presidente do Ideflor-Bio. “Estamos incentivando o protagonismo local como caminho para um futuro sustentável na Amazônia.”
A segunda etapa da capacitação foi realizada na comunidade de Jaramacaru, situada nos arredores da Floresta Estadual do Trombetas, uma Unidade de Conservação (UC) gerida pelo Ideflor-Bio. A região, tradicionalmente voltada à extração de castanha-do-pará e sementes de cumaru, abriga uma rica biodiversidade, incluindo espécies como onças, macacos e aves raras, com potencial para se tornar referência no turismo de observação da fauna.
Para Claudia Kahwage, técnica em gestão ambiental do Ideflor-Bio, a atividade foi marcada pelo diálogo e pelo interesse da comunidade em desenvolver o turismo de base comunitária. “Foi uma oportunidade de escuta e troca de saberes. A comunidade demonstrou grande interesse pelo turismo como forma de proteger seu território e gerar renda”, afirmou.
O curso faz parte de um conjunto de ações financiadas com recursos do Fundo de Compensação Ambiental (FCA), com foco na valorização cultural, conservação ambiental e desenvolvimento econômico sustentável. O projeto inclui também o mapeamento de áreas com potencial turístico, capacitação de guias locais, implantação de infraestrutura com técnicas de bioconstrução e criação de produtos turísticos como catálogos gastronômicos e protocolos comunitários.
A Calha Norte abriga um dos maiores mosaicos de áreas protegidas do mundo, incluindo a Estação Ecológica Grão-Pará, a maior UC de proteção integral do planeta, além de florestas estaduais, reservas biológicas, terras indígenas e quilombolas. Essas áreas são essenciais para a regulação climática global e a preservação de modos de vida ancestrais.
Nilson Pinto afirmou que o Ideflor-Bio seguirá com ações de formação, estruturação de produtos turísticos e valorização das comunidades locais. “O ecoturismo comunitário alia conservação da biodiversidade, valorização cultural e geração de renda, assegurando um futuro sustentável para a Amazônia e seus povos”, concluiu.
Por Rodrigo Neves com informações de Ideflor-Bio
O Impacto