O ENFRAQUECIMENTO DA ADVOCACIA

Por César Ramos

Eu sou do tempo em que estagiários inscritos na OAB ingressavam nas casas penais desacompanhados e atendiam pessoas presas.

Nesse tempo, eu, na mera condição de estagiário, cheguei a tomar café com presos dentro das celas enquanto conversava com eles.

Ainda nesse tempo, eu também era atendido por magistrados e ministros de Tribunais Superiores sem qualquer dificuldade, sem necessidade de agendamento. Era muito raro um magistrado que não atendia o advogado ou a advogada – e até o estagiário do advogado.

Atualmente, tenho percebido um movimento ou fenômeno que tem dificultado cada vez mais o exercício da advocacia.

Tenho visto e vivido esse momento por experiência própria e por ouvir os colegas que me procuram ou com os quais converso na salas dos fóruns e tribunais.

Na minha percepção – mas posso estar errado -, vários fatores têm contribuído para isso. Um deles parece ser o enfraquecimento da advocacia, talvez até como reflexo do passividade com que a OAB aceita ou trata certos temas. Exemplo mais recente foi a comemoração sem sentido de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, que dificulta o que o CPC garante: a gravação de atos processuais pelo próprio advogado da parte.

Tenho minha opinião sobre outros fatores que, a exemplo do cupim, enfraquecem silenciosamente a advocacia.

Contudo, opinião é igual a dinheiro emprestado: mesmo que peçam, talvez seja mais sábio não dar.

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