A GUERRA DAS COBRAS
Lideradas por uma jararaca, uma surucucu e uma cascavel, as serpentes se uniram e montaram um plano para atacar os felinos, tomar o território deles e implantar o “reino das cobras”.
Articuladas, sorrateiras e perigosas, elas obtiveram sucesso na empreitada. Alguns felinos morreram picados pelas víboras; outros, feridos, fugiram.
Tomado o território felino, reuniram-se para definir quem governaria o novo “reino”. Foi aí que começou a divergência: a jararaca queria ser a líder solitária, pois sonhou ser a “rainha dos bichos”; a surucucu idealizava uma co-gestão; e a cascavel defendia uma junta governativa em que ela teria mais influência.
A cobras corais se abstiveram de opinar. As outras serpentes, vendo que as três líderes estavam se digladiando, ficaram receosas de tomar partido.
A jararaca e a surucucu formaram seus grupinhos. A cascavel montou sua equipe e arregimentou as víboras que não simpatizavam com nenhuma das duas. E começou uma disputa interna pelo poder, o que ficou conhecida no mundo animal como a “guerra das cobras”.
A cascavel articulava contra a surucucu, que conspirava contra a jararaca, que mancomunava contra a cascavel. Era cobra engolindo cobra.
Do alto do seu voo panorâmico, uma águia poderosa, que um dia foi picada por uma serpente que reputava sua amiga, observava atentamente a desunião das víboras.
Nesse cenário bélico, o sonhado “reino das cobras” não subsistiu. Ele se autodestruiu.
Por César Ramos
O Impacto


