Amazonense tia de Marco Archer, executado na Indonésia, diz que foi extorquida antes da visitá-lo
A advogada amazonense Maria de Lourdes Archer Pinto, de 61 anos, tia de Marco Archer Cardoso Moreira, brasileiro que foi executado na Indonésia em janeiro deste ano por tráfico de drogas, disse ter sido extorquida e obrigada a pagar propina para conseguir ver o sobrinho na prisão onde ficou detido por quase 12 anos, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Lourdes foi a única parente de Marco a visitá-lo antes da execução, no dia 18 de janeiro. Conforme a Folha noticiou em seu site neste domingo (8), dois funcionários do governo brasileiro testemunharam o momento em que Maria foi extorquida.
A amazonense não sabia falar inglês e viajou sozinha a Indonésia para rever Marco antes da execução. Marco estava preso no complexo penitenciário de Nusakambangan, em Cilacap, a 400 quilômetros da capital Jacarta.
Ele foi preso em 2003 ao tentar entrar na Indonésia com 13,4 quilos de cocaína. Marco Archer foi condenado à pena de morte e, após a execução, foi cremado e as cinzas serão depositadas em um cemitério de Manaus. Ele foi o primeiro brasileiro executado em tempos de paz.
Ainda em entrevista à Folha, Lourdes disse que na véspera da execução passou por duas horas de “tortura e sofrimento” à espera da visita. Ela disse ter sido extorquida quando ainda estava dentro do ônibus que a levaria até a penitenciária.
Segundo Maria de Lourdes, o ônibus não saía do lugar e o motorista simulava que estava esperando outros passageiros – e o tempo passava. Ao oferecer dinheiro, imediatamente a levaram até a prisão. Segundo Lourdes, se não pagasse, não sairia dali.
Ainda conforme a advogada amazonense, os corruptores a levaram até o hotel só para que pegasse a quantia, já que a mesma não estava com bolsa – era proibido levar o objeto para a penitenciária. Ela deu 300 mil rúpias indonésias (aproximadamente R$ 66) aos homens.
VISITA: No momento da visita, Lourdes disse que se comportou de modo com que Marco Archer pensasse que ela voltaria no domingo para outra visita, já que o Papa Francisco tentaria reverter a execução junto ao governo indonésio – o Itamaraty pediu a intervenção do Vacaticano, sem sucesso. – “Não houve clima de último encontro”, disse Lourdes, revelando que ainda sente saudades. Ela conta que Marco – muito diferente da foto acima, já careca e mais gordo – estava nervoso e agitado e que não acreditava no que estava por vir. Ele se mostrou arrependido e disse que os chefões do tráfico continuariam vivos.
Fonte: Jornal A Crítica