Tiririca fará parte da Comissão de Educação da Câmara Federal
Depois de submetido a um teste para provar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, o deputado, cantor, compositor e humorista Francisco Everardo Oliveira Silva – o Tiririca – foi indicado, nesta sexta-feira, titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara.
A escolha foi anunciada pelo líder do PR, Lincoln Portela (MG), e atende a um pedido pessoal do deputado. Um ofício confirmando a indicação será protocolado pelo PR na terça-feira. Segundo a assessoria de Tiririca, ele queria muito fazer parte da comissão porque pretende atuar, como deputado, na área artística. É até filiado, em São Paulo, ao sindicato da categoria.
A notícia espalhou surpresa e desconsolo entre educadores.”É um retrato da sociedade que temos”, reagiu o professor Mozart Neves Ramos, da ONG Todos pela Educação. “Acho lamentável”, acrescenta a titular de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, Maria Márcia Malavasi. “Não por ele, mas porque há tantas outras pessoas com carreira, seriedade e currículo para essa missão.”
Tiririca vai discutir e votar políticas educacionais depois de chegar ao Congresso envolvido numa aura de analfabetismo. Eleito com mais de 1,3 milhão de votos – a segunda maior votação da história da Câmara -, só conseguiu tomar posse depois de provar, perante um juiz eleitoral, que sabia ler e escrever. O argumento do juiz Aloisio Silveira, que o aprovou no TRE paulista, foi que “a Justiça Eleitoral tem considerado inelegíveis apenas os analfabetos absolutos e não os funcionais”. O educador Mozart Ramos fez uma comparação: “Imagino se, na hora de formar uma seleção brasileira de futebol, houvesse vagas e cotas para os clubes, como para os partidos”. O mais grave, observou, é que este é um ano importante para as causas educacionais. “Temos um Plano Nacional de Educação a ser definido. Com ele, a Lei de Responsabilidade Educacional. A reforma do ensino superior, a questão das cotas.” Uma agenda “em grande parte técnica, que exige gente de preparo no setor”.
Lembrando que o Brasil tem “14 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e muitos milhões mais de analfabetos funcionais”, ponderou que Tiririca não está preparado para atender “à dramática necessidade de se organizar a educação para uma sociedade moderna e preparada”.
Marcia Malavasi, da Unicamp, esclareceu que não tem nada pessoal contra o deputado. “Não se trata de desmerecer as qualidades que ele possa ter. Mas é evidente que há uma inadequação entre o que ele representa e o tamanho dos desafios da educação brasileira.”
Completando sua tarde de celebridades, a Câmara emplacou também o ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ) como vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto. Nesse time jogarão também Danrley de Deus (PTB-RS), ex-goleiro do Grêmio, e o ex-boxeador Acelino de Freitas, o Popó. Romário já avisou que pretende trabalhar com os grupos encarregados de organizar a Copa do Mundo , em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016. A Comissão de Finanças terá o ex-participante do programa Big Brother Brasil Jean Wyllys (PSOL-RJ).
Fonte: estadão.com.br
Acho que assim como Tiririca foi legitimamente ungido nas urnas por votação expressiva tem direito sim de participar da comissão de educação ou qualquer outra já que é deputado igual aos outros que lá estão independente de grau de intelectualidade.De preconceito bastou o ato insano do prefeito de Manaus humilhando uma humilde moradora paraense.