Descaso: Governo do Estado abandona Cosanpa em Santarém

Narciso Sena, do Sindicato dos Urbanitários, já denunciou o uso ilegal de tubulação com amianto, mas governo do Estado até agora nada fez
Narciso Sena, do Sindicato dos Urbanitários, já denunciou o uso ilegal de tubulação com amianto, mas governo do Estado até agora nada fez

O rompimento de uma adutora de água na Travessa Turiano Meira, no bairro do Diamantino, em Santarém, oeste do Pará, levou moradores a criticar os serviços disponibilizados pela Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), na cidade. Um dos questionamentos levantados pela população diz respeito à tubulação antiga construída com cimento amianto e, que já foi comprovado por autoridades de saúde que pode provocar câncer.

Além dos riscos à saúde provocados pelo cimento amianto, para restabelecer o serviço de fornecimento de água no bairro do Diamantino, funcionários da Cosanpa abriram uma vala de aproximadamente 40 metros, em plena via pública, o que gerou reclamação e insatisfação dos moradores.

O amianto é um minério que era usado na fabricação de telhas, caixas e tubulação de água e que é prejudicial à saúde. A suposta contaminação da água por amianto foi denunciada por moradores do Diamantino e de outros bairros de Santarém, e que está sendo investigada por autoridades de saúde do Município.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que a responsabilidade pela análise de controle da qualidade da água é de competência do Município.

Acusado de ser responsável por doenças como o câncer de pulmão, de pleura, de peritônio ou ainda a asbestose, mesotelioma e calcificações pleurais, o amianto já foi banido em países como o Reino Unido, França, Itália, Suíça, Alemanha, Noruega, Dinamarca, Suécia, Holanda, Áustria, Austrália, Finlândia e Bélgica. No Brasil, terceiro maior produtor de amianto do mundo, iniciativas isoladas começam a ganhar força na tentativa de coibir a utilização.

FALTA DE ÁGUA VIRA ROTINA: O problema de vazamento de água nas ruas de Santarém se tornou constante para moradores de vários bairros. A conseqüência do transtorno é o desperdício e o desgaste na rede de abastecimento da Cosanpa. De acordo com especialistas, o problema está nos equipamentos ultrapassados.

A própria companhia admite que é preciso substituir boa parte da rede. Dados fornecidos pela Companhia apontam que pelo menos 50% da água que sai dos reservatórios da Cosanpa é desperdiçada antes de chegar ao consumidor final, seja por ligações clandestinas feitas por moradores para furtar água, ou por vazamentos de algum gênero.

Enquanto isso, as famílias de pelo menos 10 bairros de Santarém recorrem a diversas estratégias para tentar contornar os transtornos na rotina doméstica provocados pela falta d´água. Em alguns bairros, a população recorre a poços artesianos para encher baldes, garrafões e até mesmo aproveitar para tomar banho no local. Moradores também recorrem aos vizinhos para pegar o líquido para levar para casa. Muitos reclamam do alto custo da água mineral e afirmam que também precisam da água para tomar banho, para ir trabalhar.

MATERIAL PROIBIDO: O diretor regional do Sindicato de Urbanitários do Estado do Pará, Narciso Sena, esteve em nossa redação e afirma que desde quando assumiu a entidade em Santarém, vem denunciando essa situação das adutoras de água serem antigas e de terem sido construídas com cimento amianto. Para ele, a situação vem se agravando cada vez mais, por conta da tubulação das adutoras de água ainda serem de amianto.

“Cerca de 60% delas são de cimento amianto, cujo material foi proibido no Brasil há mais de 10 anos, para esse fim. Como esse material já está enterrado há cerca de 40 anos já está todo podre. Na Travessa Turiano Meira no período de 08 dias tivemos oito vezes o rompimento da adutora, prejudicando a população de oito bairros da cidade”, revelou Narciso Sena.

FALTA DE INVESTIMENTO: Segundo Narciso, a Cosanpa em Santarém não recebe investimento adequado há muitos anos. Ele garante que os funcionários da empresa sabem que ela vive com dificuldades não somente em Santarém, mas em todo o Baixo Amazonas e, em todo o Estado do Pará.

“Ultimamente essa situação tem se agravado muito aqui na região. Eu não estou culpando o escritório da regional pelo problema que está ocorrendo, muito pelo contrário. Recentemente, a direção da regional nos procurou para tentar resolver a situação. A direção nos informou que já solicitou pra Belém a troca de tubulação, porque não tem autonomia aqui para tomar decisões”, ressaltou Narciso Sena.

BUROCRACIA NA AQUISIÇÃO DE MATERIAL: De acordo com Narciso Sena, até o material de expediente a diretoria regional informou que tem que esperar vir de Belém, porque não tem orçamento aqui para isso. Ele revela que o orçamento de toda a regional da Cosanpa do Baixo Amazonas é de cerca de R$ 7 mil, por mês.

“Como é que a gente consegue sobreviver desse jeito? Hoje em dia Santarém é uma cidade grande e com padrões gigantescos, sendo a segunda maior regional do Pará, perdendo apenas pra regional da Região Metropolitana de Belém (RMB). Porém, temos esse orçamento pequeno, ou seja, o descaso para com o Município é muito grande”, afirma o líder sindical.

RECLAMAÇÃO: Narciso Sena diz que parte dos funcionários da Cosanpa cobra do Governo do Estado uma solução para essa situação. Para ele, o que não pode é a população ficar a mercê de tudo isso que está ocorrendo.

“Se for feita a tentativa de consertar a adutora da Turiano Meira, toda a empresa já sabe que não vai adiantar muita coisa. A rede vai se romper. Os trabalhadores quando estão executando a manobra de mandar água pra população tem o cuidado de mandar a quantidade mínima, que é para não dar pressurização na rede. Se pressurizar a rede, ela arrebenta”, alerta Narciso, reforçando que a saída seria trocar o material antigo de cimento amianto, por tubulação nova.

“Em um dos primeiros projetos do PAC apresentado em Santarém estava inserida a substituição da rede de água. Ninguém sabe por que isso não aconteceu. Iniciaram o projeto para ampliar a rede de água, mas não para trocar a tubulação antiga, o que não vai adiantar nada, porque o problema deve continuar se os tubos velhos não forem trocados”, avisa Narciso Sena.

SOLUÇÃO: Uma fonte informou que a Prefeitura de Santarém deve entrar com a contrapartida do material, para que a Cosanpa possa trocar a tubulação de cimento amianto, da Travessa Turiano Meira. Hoje, segundo a fonte, existem 600 metros da tubulação de cimento amianto, na Turiano Meira, entre em Muiraquitã e Marajoara totalmente danificada, o que está deixando oito bairros de Santarém sem água potável. Você pode ver o vídeo com a entrevista de Narciso Sena, do Sindicato dos Urbanitários, acessando o site: www.oimpacto.com.br.

Por: Manoel Cardoso

2 comentários em “Descaso: Governo do Estado abandona Cosanpa em Santarém

  • 18 de outubro de 2015 em 11:05
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    A COSANPA deveria ser terceirizada. Quanto menos empresas administradas pelo governo, melhor. Com certeza seria administrada por alguém da área (sem cargos políticos) e melhoraria a qualidade do serviço prestado.

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  • 18 de outubro de 2015 em 11:00
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    A COSANPA deveria ser terceirizada.

    Resposta

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