MILTON CORRÊA
EXPECTATIVAS DO EMPRESÁRIO MELHORAM PARA OS PRÓXIMOS MESES
Sondagem Industrial da CNI mostra que produção teve novo recuo em maio. No entanto, perspectiva mais favorável do empresariado tende a limitar quedas na produção e nos empregos nos próximos meses
A atividade da indústria continua em queda, mas o recuo registrado em maio foi menos intenso que os verificados no mês passado e no mesmo período de 2015. O índice de evolução da produção foi de 45,5 pontos em maio contra 42,4 em abril. A Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira, 17 de junho, também aponta uma melhora nas expectativas do empresário, principalmente em relação à demanda, cujo índice saltou de 47,8 para 51 pontos. Os indicadores de evolução de produção e de expectativa de demanda variam de zero a cem. Valores acima de 50 pontos indicam aumento na comparação com o mês anterior e expectativa de aumento para os próximos seis meses.
As expectativas com relação às exportações se tornaram otimistas. O índice de expectativa de quantidade exportada passou de 50,7 para 52,5 pontos. O empresariado também se disse menos pessimista quanto ao número de empregados e à compra de matérias-primas. Houve aumento no índice de expectativas desses dois indicadores, mas a pontuação permanece abaixo dos 50 pontos.
Os números mostram também que os estoques de produtos finais da indústria recuaram e permanecem no nível planejado pelas empresas.
O índice de evolução dos estoques foi a 48,9 pontos, indicando queda dos estoques pelo sétimo mês consecutivo. Já a ociosidade no parque industrial se manteve elevada: o percentual médio de utilização da capacidade instalada (UCI) permaneceu em 64% pelo terceiro mês consecutivo. O valor é dois pontos percentuais inferior ao registrado em maio de 2015.
MUDANÇA DE TRAJETÓRIA
Na avaliação da CNI, a expectativa mais favorável com relação à demanda pode alterar as decisões dos empresários, limitando ou até mesmo impedindo futuras quedas na produção e na quantidade de empregados. Caso as expectativas otimistas se confirmem nos próximos meses, a tendência é que se traduzam em aumento de produção, uma vez que, com o quadro de estoques ajustados, é possível iniciar uma trajetória de redução da elevada ociosidade do parque industrial.
A Sondagem Industrial foi feita entre 1º e 13 de junho com 2.456 empresas, das quais 1.022 são pequenas, 867 são médias e 567 de grande porte.
INADIMPLÊNCIA ESTABILIZA EM MAIO E NÚMERO DE NEGATIVADOS CHEGA A 59,25 MILHÕES EM TODO O PAÍS, DIZ SPC BRASIL
Metade dos adultos entre 30 e 39 anos está com o nome nas listas de inadimplentes. Entre as quatro regiões analisadas, o Nordeste é a que apresenta a maior variação anual do número de devedores e de dívidas
O número de consumidores com contas em atraso e com CPFs negativados se manteve estável no Brasil, de acordo com estimativa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com o indicador, na passagem de abril para maio, cerca de 50 mil brasileiros foram inscritos nos cadastros de restrição ao crédito, totalizando cerca de 59,25 milhões de consumidores em todo o país com o CPF negativado. Ainda que, em números absolutos, represente um aumento no número de consumidores, é considerado uma estabilização: de março para abril o crescimento tinha sido de 500 mil brasileiros, totalizando 59,20 milhões.
Mesmo que o número de negativados não tenha crescido substancialmente em maio, quando comparado com meses anteriores, os dados significam que 39,91% da população brasileira com idade entre 18 e 95 anos estão inadimplentes e com o nome registrado em serviços de proteção ao crédito. Entre os adultos de 30 a 39 anos, a proporção é ainda maior: mais da metade (50,32%) se encontram negativados, o que totaliza 17 milhões de consumidores enfrentando dificuldades para realizar compras a prazo, fazer empréstimos, financiamentos ou contrair crédito de modo geral.
Na variação anual, ou seja, maio frente a igual período do ano passado, houve um aumento de 4,26% no volume de brasileiros inadimplentes no consolidado das quatro regiões analisadas: Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sul. O indicador não considera os dados da região Sudeste, que estão suspensos devido à entrada em vigor da Lei Estadual 16.569/2015, conhecida como ‘Lei do AR’, que dificulta a negativação de inadimplentes em São Paulo.
Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a estabilização na quantidade de consumidores negativados reflete o atual cenário econômico com piora dos índices de renda, aumento das demissões, mas também o vislumbre de alguma melhora ainda em 2017. “A estabilização vista em maio é importante, mas ainda é cedo para podermos afirmar que tenha havido uma reversão da tendência de crescimento da inadimplência que temos visto no último ano”, afirma.
“Ao longo dos últimos meses, o movimento da inadimplência tem sido influenciado pela contínua piora do cenário econômico, que corrói a renda das famílias, e pela maior restrição ao crédito. Por um lado, essa restrição limita o potencial de endividamento das pessoas, mas, por outro, a queda da renda impõe ao consumidor dificuldades para pagar dívidas e honrar seus compromissos financeiros”, diz o presidente.
REGIÃO NORTE POSSUI O MAIOR NÚMERO DE INADIMPLENTES
Das quatro regiões analisadas pelo indicador, é no Nordeste onde o número de inadimplentes mais tem crescido, com alta de 6,75% em maio frente a igual mês do ano passado. Em seguida aparecem as regiões Centro-Oeste (2,69%), Norte (2,61%) e Sul (1,53%).
Porém, com 5,38 milhões de nomes registrados nos cadastros de devedores, a região Norte apresenta o maior número de consumidores inadimplentes em termos proporcionais: 47,02% da população adulta da região está com o nome inscrito nos cadastros de devedores. O Centro-Oeste, que possui 4,76 milhões de pessoas com contas atrasadas tem a segunda maior proporção de inadimplentes: 42,29%. A região Nordeste com 16,34 milhões de negativados apresenta 41,59% da população adulta em situação de inadimplência e o Sul, com um total de 8,25 milhões de consumidores negativados, apresenta a menor proporção (37,45% da população adulta).
Os dados das variações de dívidas e devedores da região Sudeste não são apresentados devido as dificuldades impostas pela chamada ‘Lei do AR’, que vigora no Estado de São Paulo. Porém, através de cálculos com base em estimativas anteriores, a região Sudeste foi considerada na estimativa do número absoluto de inadimplentes (59,2 milhões). Sem esta lei, o número real de consumidores inadimplentes em âmbito nacional pode ser ainda maior do que o verificado pelo indicador.