Pesquisador: “Existem mais de 100 mil infectados com malária no Pará”
O pesquisador Waldiney Pires Moraes, que também é professor na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), destaca que a malária, tida por alguns como uma doença banal, por conta da alta incidência, principalmente nas áreas de garimpo, é muito mais perigosa do que se imagina, e pior ainda, pode até matar. Os dados constatam que somente no estado do Pará existem mais de 100 mil pessoas infectadas, por ano com a conhecida “maleita”. Na Amazônia estão em torno de 266 mil casos de pacientes infectados a cada ano. Uma estatística preocupante.
O agravante é que as pessoas não se atentam para um detalhe mais que importante, a malária pode até matar, se alcançar índices extremos de contaminação no corpo do paciente. “Uma doença que infelizmente é negligenciada, pois não temos investimentos altos de pesquisa, principalmente por conta da indústria farmacêutica”, citou o pesquisador, explicando que “exatamente porque a malária é uma doença que acomete a população mais vulnerável, de baixa renda, então, a indústria farmacêutica não tem grande interesse na pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos no tratamento da doença”, disse o pesquisador.
Os dados apavorantes, e o eventual pouco caso por parte dos grandes laboratórios, em lugar de afugentar, motivaram uma equipe de pesquisadores da Ufopa, em Santarém, região oeste do Pará, a buscar uma maneira de neutralizar o vírus da malária; usando um produto mais que natural, o óleo da copaíba.
“Por ser um produto natural, o óleo da copaíba, que é muito usado em nossa região, na Amazônia, como antiinflamatório, também ficou conhecido por conta de trabalhos em laboratórios, como antiparasitário. Então, resolvemos testar contra o parasita (vírus), da malária”, citou o pesquisador da Ufopa. Em suma, Waldiney Pires Moraes conta que esse estudo foi implantado em um problema regional, que no caso é a malária. “Resolvemos avaliar a copaíba na atividade antimalárica”, falou. E o resultado foi positivo contra a conhecida doença tropical.
CURA DA MALÁRIA: Quanto a ter resultados eficazes em cem por cento dos casos, o pesquisador antecede que “por enquanto temos resultados preliminares; são pesquisas básicas, ainda iniciais, mas que resultaram como eficazes nos dois tipos de testes que fizemos; com estudos em animais, quando reproduzimos um modelo clínico da malária; aplicando óleo de copaíba, constatamos que realmente o parasita que causava a doença foi eliminado”, analisou o pesquisador. “Isso comprova que o teste resultou ser eficaz”, citou o professor e pesquisador da Ufopa, em Santarém.
Adicionalmente, foi feita parceria com Universidade de Minas Gerais, em que o parasita (vírus), foi cultivado in vitro (laboratório), usando células humanas (hemácias); o óleo de copaíba, em contato com essas células sanguíneas infectadas matou todos os parasitas. “Esse estudo in vitro feito em Minas Gerais, confirmou os resultados que foram feitos aqui na Ufopa com camundongos”, destacou o pesquisador. “O mais interessante é que o óleo de copaíba teve um efeito surpreendente, conseguiu matar os parasitas que até então se mostravam resistentes aos medicamentos que são usados no tratamento da malária”.
Uma vitória da ciência que deveria ser incentivada por órgãos federais, através de injeção de recursos financeiros para pesquisas mais extremas em outros tipos de doenças, como por exemplo o Vírus HIV e o Câncer. A medicina natural pode ter outras propriedades curativas que as pesquisas médicas podem descobrir, se levadas em consideração por órgãos que tratam a saúde pública, como foi o caso da cura contra malária através do óleo de copaíba, descoberto por pesquisadores da Ufopa de Santarém.
CARACTERÍSTICAS DA MALÁRIA: A malária tem como agente etiológico o protozoário da classe Sporozoa, da família Plasmodiidae, gênero Plasmodium e das espécies Plasmodium Falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium ovale e Plasmodium malariae. A infecção pelo plasmódio pode seguir dois cursos clínicos de evolução de acordo com a espécie de plasmodio, a forma simples ou não complicada da malária e a forma grave ou complicada da doença, cuja classificação ocorre de acordo com os sintomas e consequências clínicas que a malária promove.
A infecção inicia-se através da picada do mosquito do gênero Anopheles, que inocula os esperozoítas na corrente sanguínea, através da sua saliva. Quando estes esporozoítas atingem os hepatócitos, dentro de 30 a 60 minutos após a inoculação, estes se multiplicam e dão origem às formas merozoíticas do parasito que ao romper os hepatócitos atingem a corrente sanguínea e invadem os eritrócitos; nesta fase ocorre o início dos sintomas promovidos pela malária.
Por: Carlos Cruz
Fonte: RG 15/O Impacto