Denúncia – Empresas transformam igarapé do Irurá em esgoto
Em dias de chuva o leito do igarapé do Irurá é invadido por lixo e lama
Considerado por biólogos o principal manancial da zona urbana de Santarém, o Igarapé do Irurá vive dias difíceis. Quem se dirige ao local constata o avançado nível de assoreamento do leito, contaminação das águas e retirada da mata ciliar por funcionários de grandes empresas e proprietários de imóveis.
Moradores tradicionais reclamam que após a instalação das empresas Transporte Bertolini Ltda (TBL) e uma madeireira, às margens do igarapé, o problema de degradação avançou. Em dias de chuva, segundo os moradores, o manancial se transforma em um gigantesco esgoto, por conta de lixo e lama tomarem conta do local, transformando o leito em água barrenta, onde antes era cristalina.
Peixes e plantas nativas das margens do manancial, de acordo com os moradores, entraram em processo de extinção. Moradores do bairro Cambuquira contam que há cerca de 15 anos as águas do Irurá eram cristalinas, onde além de servir para a prática da pesca de peixes de algumas espécies, como traíra, mandií e jatuarana, também era usada para beber, lavar roupas e tomar banho.
Hoje, os comunitários lamentam a contaminação do manancial e cobram soluções por parte das secretarias municipal e estadual de Meio Ambiente, do Ibama, da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Santarém e do órgão gestor do Município.
Entre os problemas apontados por famílias do bairro Cambuquira estão grandes valas construídas pela empresa Bertolini que levam diretamente ao leito do Irurá, lixo e lama. Já a madeireira é acusada de poluir o igarapé com resíduos de madeira. Os moradores desconfiam, ainda, que o cloro da piscina do Sest/Senat esteja sendo jorrado diretamente no Irurá.
Já os moradores do bairro Santarenzinho denunciam que aterro e lixo de várias ruas do bairro estão sendo levados pela enxurrada para dentro do manancial. Hoje, o trecho localizado próximo à ponte da Toca da Raposa se encontra em avançado estado de soterramento. Lama, areia e muito entulho podem ser constatados no local.
Para a população, os verdadeiros crimes ambientais vêm acontecendo de forma natural e bem à vista das autoridades de Santarém. Um exemplo deste problema fica na Toca da Raposa, na Grande Área do Santarenzinho, onde dezenas de residências foram construídas às margens do Irurá, contribuindo para a poluição do recurso hídrico.
O Irurá fica localizado às margens da rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163), onde banha diversos bairros de Santarém, entre eles, Cambuquira, Matinha, Santarenzinho e Esperança, desaguando no Lago do Papucu, no Mapiri. Por conta de atingir diretamente grande parte da população de Santarém, um dos problemas debatidos por ambientalistas é a questão da poluição das águas.
Segundo eles, o lençol freático também poderá ser contaminado, caso a degradação do leito do Irurá continue.
Os biólogos alertam que se isso acontecer, muitas famílias de Santarém sofrerão as consequências, por conta da principal unidade de capitação de água da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), se localizar às margens do Irurá, no bairro da Esperança.
RECUPERAÇÃO DO IGARAPÉ DO URUMARI: A Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), e Fundo de Integração da Amazônia (Fiam), da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), assinaram, na manhã de sexta-feira (2), o contrato para início dos estudos que vão apontar os problemas ambientais e as ações a serem tomadas para recuperação do Igarapé do Urumari.
Diego Ramos, que há 10 anos atua no movimento social Comitê em Defesa do Urumari, afirma que o estudo é uma grande conquista para as questões ambientais, não só da população que mora ao longo do Igarapé, como da cidade inteira. “É um marco histórico. Estamos nessa luta em defesa do igarapé, enfrentamos muitas dificuldades, já fizemos muitas atividades para a sensibilização dos moradores, mas agora contamos com a participação das universidades, do poder público, e isso vai fortalecer ainda mais na preservação dos recursos naturais do Urumari”, destacou Diego Ramos.
O professor e doutor em Engenharia Química da Ufopa Lucenildo Moura, explicou que a pesquisa se estenderá durante 36 meses realizando um levantamento socioambiental. “Vamos fazer um levantamento da área, fazer um trabalho de diagnóstico, análises laboratoriais, pesquisas de campo, a fim de identificar áreas ocupadas, verificar como estão as matas impactadas e bioindicadores que, dentro das suas linhas de pesquisas, vão poder identificar as ações para o governo atuar”, informou o pesquisador.
A secretária de Meio Ambiente, Vânia Portela, destacou a parceria que a gestão realiza mais uma vez com a Ufopa, via Fiam, que é mais um avanço para a melhoria da qualidade ambiental do Município. “Colocamos esta pauta na Semana do Meio Ambiente com o compromisso de assinar um estudo socioambiental das condições que se encontram o Igarapé do Urumari. A Ufopa vai apresentar o diagnóstico ao Município que, por sua vez, deve atuar de forma imediata. É um projeto a médio prazo e, quando a Ufopa entregar todo o levantamento dos impactos do recurso hídrico, o Município vai correr atrás de recursos. É também uma bandeira da gestão”, declarou Vânia Portela.
A Secretária ressaltou que a ações no igarapé já estão avançadas, pois, em fevereiro deste ano, o Município entrou com liminar na Justiça para a desocupação de algumas áreas que foram tomadas por famílias que acabaram desmatando trechos da Área de Preservação Permanente (APP). “A 8ª Vara da Fazenda Pública deferiu a liminar, eu vim com mais uma equipe da Semma, juntamente com o juiz responsável, e verificamos que a invasão da área está degradando a APP e agora estamos aguardando os trâmites legais. À Polícia Militar já foi encaminhado ofício e as famílias serão notificadas”, acrescentou Vânia Portela.
A programação da Semana seguiu no sábado (3) com o passeio ciclístico em Alter do Chão, às 8h, que teve saída da Praça 7 de Setembro, percorreu as principais ruas da Vila e foi concluído no mesmo local de partida.
Já às 13h foi realizada blitz educativa da Rodovia que liga Santarém a Alter do Chão, PA-457, no ponto da Comunidade Caranazal. Às 19h, na Praça 7 de Setembro, ocorreu o Show Cultural com apresentação de todos os componentes do Boto Cor de Rosa.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto
Oi amigos do Impacto e ambientalistas, quero como anônimo que postem essa nota:
Quero aqui informar que fui a Alter e fiz uns mergulhos em ao lado da Praia do Cajueiro, frente as barracas que colocam aquelas cadeiras a esquerda, lado do Rio Tapajós, paralelo as casas as margens do Rio!
Durante o mergulho aquático, constatei buracos recheados de lixo dentro das águas, com centenas de latinhas de cervejas!
A pergunta que fica:
Jà estavam lá antes da enchente ou estão lançando a grosso modo?
Fica a dica aqui para as equipes ambientais multifuncionais irem lá com mascara e em meio as árvores constatarem a informação, retirando de lá as latinhas e questionando se são os consumidores das barracas, usuários que trazem, ou estão sendo lançadas de barcos ou voadeiras, ou ambos estão juntos nesse crime!
Abraço