Sindicato dos Seringueiros acusado de aplicar calote em Santarém

Residência na Avenida Cuiabá foi último local onde entidade funcionou.

“População continua sendo ludibriada pelo Sindicato dos Seringueiros. Isso é inaceitável. As autoridades, a Polícia Federal e Ministério Público têm de dar um basta nesta situação humilhante, frustrante e que despreza aqueles que lutaram pelo País”, relata um trabalhador rural sobre o que ele chama de ‘golpe’, aplicado pelo Sindicato dos Seringueiros do Estado do Pará (SINDSEPA), em Santarém.

Conforme relata o trabalhador – que não quis se identificar com medo de represália -, com muito sacrifício conseguiu pagar algumas mensalidades junto ao Sindicato, com a promessa de que iria se aposentar como Soldado da Borracha. Porém, para sua surpresa, quando procurou novamente a sede do Sindicato, que funcionava em uma residência na Avenida da Cuiabá, entre a Avenida Tapajós e Rua 24 de Outubro, no bairro do Laguinho, encontrou o local fechado, sem ao menos um aviso orientando os associados.

“Simplesmente sumiram sem dar a mínima explicação. Levaram nosso dinheiro”, expõe revoltado o trabalhador rural.

Como as autoridades santarenas parecem estar fazendo vista grossa para o caso, que infelizmente prejudicou centenas de trabalhadores, orientamos, que todos que foram prejudicados, no mesmo modus operandi, que procurem registrar Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia Civil, e em seguida procurem o Ministério Público para fazer denúncia.

CALOTE: Outro problema relacionado à atuação inescrupulosa do Sindicato dos Seringueiros de Santarém, por meio do homem identificado como Miguel Nunes, é o fato de não pagar dívidas junto a fornecedores, em especial os proprietários de imóveis locados para o Sindicato. Os dois últimos imóveis locados por Miguel ou seus representantes, não tiveram grande partes dos meses de contratos quitados.

Conforme revelado nas páginas, em diversas edições do Jornal O Impacto, não é de hoje que o Sindicato dos Seringueiros, segundo denúncias, sob o comando de Miguel Nunes é alvo de acusações. Em novembro do ano passado, em matéria assinada pelo repórter Edmundo Baía Júnior, outras denúncias foram realizadas, acompanhe:

TRABALHADOR DENUNCIA “ESQUEMA” CONTRA SERINGUEIROS: Em Santarém, oeste do Pará, um direito conquistado pelos trabalhadores seringueiros, conhecidos como ‘Soldados da Borracha’ parece que virou um barril de pólvora, preste a explodir.

De acordo com denúncias, milhares de pessoas podem estar sendo prejudicadas com a falta de empenho da entidade criada justamente para lutar pelos direitos dos trabalhadores.

Nesta semana, vários sindicalizados deram com as caras na porta, quando procuraram a sede da entidade, que funcionava na Rua 24 de outubro, próximo à Escola São Raimundo Nonato, no bairro da Aldeia. “O escritório estava fechado e sem nenhum aviso. Observamos a existência de documentos em sacolas de lixo, jogados na calçada”, disse um dos associados que procurou a entidade para pagar a sua mensalidade.

Para o senhor Eduardo Pedroso, que é associado ao Sindicato, é muito estranho e é questionável a maneira como a direção do Sindicato dos Seringueiros do Estado do Pará vem conduzindo os processos relacionados à obtenção dos direitos garantidos, por força da Lei aprovada no Congresso Nacional no ano passado.

“A sensação é que estamos sendo lesados pelo presidente do Sindicato, o senhor Miguel Nunes, que fez promessas, que a gente acreditou pensando que era uma coisa certa, e no final das contas nós fomos lesados por ele. A promessa é que na época que a gente fosse se aposentar, iríamos nos aposentar com dois salários mínimos, e também teríamos direito a 25 mil reais. Sendo que nada disso aconteceu. Quando procuramos por ele, tivemos a notícia que ele teria ido embora. Deixou outra senhora no lugar dele. E essa senhora quando a procuramos também foi embora. Ultimamente ficou um casal, que era secretária dele e outro rapaz. Que convocou uma reunião, e no dia que era para acontecer ele não apareceu. Um monte de gente se aglomerou lá no local, e ele não apareceu. Apenas disseram que havia ligado dizendo que tinha se acidentado. Neste dia o dono do prédio onde funcionava o escritório, disse que era mentira, pois eles estão devendo dois meses de aluguel”, disse Eduardo Pedroso.

SEM RESPOSTAS: Muitas pessoas estão pagando mensalidades há mais de um ano, e até o momento não têm retorno se realmente se enquadram no perfil previsto na lei. O fato é que não existe controle sobre o recrutamento dos beneficiários, o que tem ocasionado muitos transtornos e questionamentos sobre a utilização do dinheiro recebido pelo Sindicato.

“Começamos pagando uma taxa de 196 reais e depois uma mensalidade no valor de 13 reais. Com pouco tempo aumentou para 15 reais. No escritório, cheguei a observar gente pagar mensalidades que estavam atrasadas, e pagavam mais de 300 reais de uma vez só. Para onde foi este dinheiro?”, questiona Pedroso.

Para ele, as autoridades de Santarém têm que tomar uma providência urgente, e as pessoas que também estão nesta situação, procurar realizar denúncias no Ministério Público e se for o caso registrar um Boletim de Ocorrência na Polícia.

“Se fosse só eu, tudo bem, poderia até deixar para lá. Mas são muitas pessoas. Então, eu peço que as autoridades que estão lendo esta matéria possam nos ajudar, tomando uma providência. É triste, porque a gente acaba confiando nas pessoas, e no final das contas, fomos enganados. O que mais nos revolta, é o cinismo. Se fosse um cara novo, mas não, é um cara de idade, enganando um monte de gente. Ele pensa que lá na frente não irá receber o pagamento? A gente tira da boca da família da gente, para pagar isso, e não conseguir nada, e ainda ser lesado por esses larápios”, lamenta Eduardo Pedroso.

SOLDADOS DA BORRACHA JÁ RECEBEM INDENIZAÇÕES: Quase 12 mil soldados da borracha, bem como as viúvas e dependentes, começaram a receber no dia 2 de março de 2015, uma indenização de R$ 25 mil do Governo Federal. Os soldados da borracha são trabalhadores recrutados na 2ª Guerra Mundial, principalmente da Região Nordeste, para a extração do látex na Floresta Amazônica. A proposta de Emenda Constitucional que prevê esse benefício foi promulgada pelo Congresso Nacional em maio de 2014.

O pagamento está sendo feito em uma única parcela e o depósito acontece junto com a aposentadoria. No total, o Governo Federal vai desembolsar R$ 289 milhões. A maior parte dos beneficiados vive no Acre (6.895), seguido pelo Amazonas (1.817) e Rondônia (1.637). Os soldados da borracha recebem uma pensão vitalícia no valor de dois salários mínimos.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

 

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