Coronel Tomaso: “Todo gestor, não só da PM, tem de ser transparente com a coisa pública”

Ex-comandante do CPR-1 passou para a reserva, depois uma longa caminhada atuando na Polícia Militar

Oficial da PM diz que entrou e está saindo pela porta da frente do CPR-1

O coronel da Polícia Militar do Pará e ex-Comandante do CPR-1 em Santarém, Héldson Tomaso, que na terça-feira, dia 12, entrou para a reserva, esteve em nossa redação, onde concedeu entrevista exclusiva e falou sobre sua gestão à frente do CPR-1. Veja a entrevista:

Jornal O Impacto: Faça uma avaliação do seu trabalho na ativa da Polícia Militar do Pará.

Coronel Tomaso: Realmente é um momento ímpar para a gente. É o momento que nós completamos 30 anos de serviço na Instituição. Nós éramos, na ativa, um dos mais antigos da Polícia Militar só em comando de Policiamento Regional, como é o caso de Santarém. Comandei uma faixa de cinco Batalhões, três Companhias Independentes. Comandei Zona de Policiamento também, quando se tinha na época. Muitos destacamentos, como Cotijuba e Mosqueiro, ou seja, uma rodagem bem interessante, muitas histórias, muitas experiências vividas dentro da Instituição. Muito mais alegre do que triste, graças a Deus, e muitas vitórias. Isso que a gente pode dizer, com as graças e com a bênção de Deus.

Jornal O Impacto: O seu desempenho à frente do CPR-1 dispensa comentários sem sombra de dúvidas, onde tudo está controlado. Um grande legado que o senhor deixa hoje para segurança pública na nossa região.

Coronel Tomaso: Quando a gente veio para cá, o Comando de Policiamento Regional (CPR-1) não era tão conhecido. Alguma parte da Imprensa não tinha conhecimento da importância do CPR-1 nessa estrutura do policiamento que envolve Santarém e outros municípios. Quando nós chegamos, passamos praticamente um mês fazendo uma avaliação do lado positivo que nós temos aqui, das nossas fraquezas tanto interna quanto externamente, para que pudéssemos trabalhar e melhorar as fraquezas, melhorar os fatos negativos, para alavancarmos a questão da segurança da Polícia Militar na região. Nós verificamos primeiramente isso, o CPR-1 era um órgão gestor no nível tático, que não tinha tanta capilaridade como deveria ter nas unidades, principalmente na parte operacional. Por quê? Porque o CPR-1 é responsável pelo planejamento tático, envolve treze municípios, mas, também pela execução do policiamento. Faz parte também do comandante do CPR-1 ir para a rua fiscalizar, participar e comandar operações, estar nesse dia a dia interagindo com a população, trabalhando e verificando a necessidade dos policiais. Isso que a gente procurou transformar de imediato e, graças a Deus nós conseguimos. Hoje esse nome, essa marca CPR-1 está bem sedimentada no seio da população, não apenas de Santarém, mas, de outros municípios. Nós temos agora 33 Unidades Policiais espalhadas na região oeste, nós fomos em todas essas 33 unidades, sendo que em muitas delas fomos até mais de duas vezes para verificar como é que está o nosso policial militar, como é o trabalho, como ele executa, qual é a formação dele com a população, como é que está o desempenho e eficiência dele. Isso foi fundamental para que a gente pudesse retornar para cá, fazer um planejamento mais próximo da realidade. Logo no início criamos o Comando Itinerante, onde a gente se deslocava para essas comunidades com um staff do CPR e levava esse nosso efetivo para verificar lá.; geralmente era alguma equipe do departamento pessoal que é o P1 que a gente chama ou de logística que é o P4, ou do planejamento que é o P3 como a gente costuma chamar, para ir lá junto e verificar a validade. Assim, a gente conseguiu transformar muitas coisas. Cito um exemplo: nós temos aqui um curso dos mais importantes que foi criado, que é uma capacitação que envolve todos os policiais militares aqui da Regional, são 1.246 policiais militares de Almeirim e Oriximiná. Essa ideia surgiu numa conversa de bate-papo com policiais militares de Oriximiná, sentamos com eles e começaram a surgir ideias em um bate-papo e veio essa ideia, de durante uma semana no ano a gente separar os policiais militares da Unidade e colocá-los em um banco de sala de aula; ao término desse quarto ou quinto dia, colocá-los para fazer prática de tiro. Isso foi fundamental, porque nós conseguimos trazer mais presteza, conseguimos trazer mais segurança na ação do policial militar na rua, e a população sentiu isso através do crescimento maior do plantão policial, de uma forma profissional na sua atuação de rua.

Jornal O Impacto: A gente pode avaliar, também, agora com a presença do novo Batalhão mudou significativamente com relação à abrangência e à segurança.

Coronel Tomaso: Com certeza. Quando nós chegamos aqui só tínhamos em Santarém um Batalhão, só o 3º BPM, que tomava conta de uma região que envolve mais de 300 mil habitantes, uma área enorme, ou seja, não tinha condições de fazer um policiamento eficiente e nós fomos trabalhando. Graças a uma equipe técnica muito boa e eficiente que a gente tem dentro do CPR-1, a gente conseguiu transformar Santarém em um complexo da segurança na Polícia Militar, que só perde em estrutura realmente para capital do Estado, onde envolvem dois Batalhões, duas Companhias Especiais, uma Admissão Especial e a outra de Policiamento Ambiental. Essas quatro unidades e principalmente o 35º, vieram ajudar e muito na questão da diminuição dos índices de criminalidade. Só para ter uma ideia, nós fechamos o ano 2018 com uma redução de homicídio de 10%, latrocínio de 30% e roubo 29,25%. Agora em fevereiro de 2019 nós chegamos até 5 homicídios em 13 municípios da região. São números que a gente tem que comemorar.

Jornal O Impacto: Coronel, fale de quando você entrou na Polícia Militar, do tempo que passou e agora de sua saída para a reserva.

Coronel Tomaso: Eu acho que é um misto de evolução muito grande, correção de caráter, firmeza do caráter, digamos assim; entender o real sentido da nossa função e evolução, porque nós, com o tempo, fomos evoluindo. A questão do caráter, porque realmente a gente pautou a nossa vida profissional como um dos legados que deixamos por onde passamos, deixar um exemplo de um do bom trato com a coisa pública. Um exemplo bem claro do que estou dizendo é, quando a gente recebe um valor que é chamado suprimento de fundos, que vem no Comando Geral da Polícia Militar e que é passado a cada Unidade para que faça o gerenciamento de pequenas coisas dentro da sua Unidade, esse recurso geralmente vem para o Comandante da Unidade, sendo que em todas a Unidades que a gente já passou esse recurso sempre foi administrado por um praça, ou seja, o dinheiro vem até a gente e o praça administra; ele e todos os policiais militares sabem para onde vai cada centavo desse valor. E é assim que procuro passar para todos os outros, o cuidado com o combustível das viaturas, com as próprias viaturas, com armamento e etc. Então, isso eu procurei sempre ter em mente, de deixar essa conduta, esse exemplo para mostrar que dá para se fazer com pouco, dá para se fazer quando a gente tem um controle bem rígido nessa questão que envolve recursos financeiros. Eu acho que a gente tem de ter bastante cuidado. Todo gestor público, não só dentro da Polícia Militar, mas, todo gestor público eu acho que tem de ser bem transparente, para que a gente possa entrar de um jeito como eu entrei em Santarém, pela porta da frente e agora estou saindo também pela porta da frente do CPR-1. Veja a entrevista completa no site: www.oimpacto.com.br.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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