Artigo – O Rio de Janeiro continua lindo? Não mais

Por Oswaldo Bezerra

O Rio de Janeiro é realmente um estado deslumbrante. É um belo conjunto de lindas praias, serras maravilhosas e uma região dos lagos que lembra o paraíso. Boa parte da minha vida foi vivendo lá. Depois do Pará é quase que minha segunda casa. Infelizmente, nem tudo é beleza na cidade maravilhosa.

Vi uma transformação intensa no Rio de Janeiro, no início dos anos 2000, por conta da proliferação de igrejas evangélicas. Quase toda esquina havia uma, e no meio dos quarteirões também.

Um amigo paraense na época, em visita ao Rio, me disse certa vez “essa multiplicação de igrejas tira as pessoas da rua, em vez de ir a um bar beber, vão rezar, assim a criminalidade deve diminuir”. A criminalidade não diminuiu neste período, ao contrário, cresceu.

No início dos anos 2000, em Macaé-RJ, os shows que a prefeitura organizava praticamente não havia policiamento. No final da primeira década do ano 2000 era praticamente impensável sair de noite, e até de dia, sem correr risco de assalto.

Observei também neste período o surgimento de uma nova facção criminosa. Eram os milicianos (policiais, bombeiros e militares das forças armadas) que passaram primeiro a se associar a facção criminosa do 3º Comando. Depois a própria milícia passou a ocupar morros, fazer tráfico de drogas, monopolizar as vendas e cobranças mensais de gás, transporte e internet, e por fim passaram a cobrar aluguel dos moradores e lojistas.

Uma das atividades mais sujas desta facção criminosa foi entrar na política. Primeiro elegendo pastores evangélicos ligados a milícia. As ameaças de mortes a moradores para que votassem em seus candidatos foi a forma de tomar o poder político.

A sujeira política no Rio de Janeiro se tornou tão grande que foi gerado um Dr. Jairinho. Este político que representa a igreja evangélica e a milícia no Rio de Janeiro protagonizou o caso mais sombrio, tenebroso e horroroso dos últimos tempos.

Não tem como não ser envolvido emocionalmente neste caso de assassinato de uma criança de 4 anos. Dr. Jairinho apresenta um comportamento desdobrado da pedofilia. Ele é torturador contumaz de crianças. Havia antecedentes. Era reincidente. Já havia torturado outras duas crianças de 4 anos de idade.

O monstro estava na política já há vários mandatos. Fazia parte da comissão de ética da câmara do Rio de Janeiro. Fazia parte da comissão de constituição e justiça. O pior de tudo é que falar do Dr. Jairinho nos obriga a falar do Dr. Jairão, o pai do monstro.

Falar do Dr. Jairão, no Rio de Janeiro, é só para jornalistas que não temem a morte. Dr. Jairo dos Santos Sousa (o Dr. Jairão) é coronel da PM do Rio de Janeiro, uma das polícias militares mais sombrias do país, berçário de milicianos.

Com todo um poder sombrio, o Dr. Jairão foi por 17 anos deputado estadual, em um inescrupuloso partido do centrão. Na última eleição conseguiu fazer 25 mil votos, muitos deles coagidos pela milícia.

Na operação da Polícia Federal, “Furna da Onça”, se descobriu que o velho político recebia R$50 mil mensais no esquema do ex-governador preso Sérgio Cabral. Há indícios que ele estaria envolvido no mesmo esquema do Flávio Bolsonaro, do qual é aliado. O Rio de Janeiro foi o líder de votos dos representantes fascistas e reacionários.

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro é repugnante. Foi berçário de Flor de Lis, Roberto Jefferson, e cujos maiores líderes políticos dos últimos 20 anos foram, ou estão presos por corrupção e organização criminosa.

Há suspeita que o gabinete do Dr. Jairão tenha movimentado R$ 10 milhões de reais. Outra acusação é que o Dr. Jairão seja o chefe da Milícia “Liga da Justiça”.

Há uma acusação que tanto o Dr. Jairão como seu filho, o Dr. Jairinho, tenham participado presencialmente em uma sessão de 8 horas de tortura de uma repórter, um fotógrafo e um motorista de um Jornal carioca.

Com a saída do Dr. Jairinho entrou seu suplente, chefe da associação de moradores da Muzema. Aquele mesmo lugar onde a milícia invadiu uma área de preservação, construiu prédios irregulares, alugaram os apartamentos e depois os prédios caíram.

A pergunta que fica é: o pai do torturador de criança, o Dr. Jairão, também torturava crianças? Este caso vai ficar por isto mesmo? E o Dr. Jairão, um dia vai ser julgado. Testemunhei muita compra de voto no Rio de Janeiro. Agora a coisa ficou pior, pois há ameaça miliciana na votação. Por isso, há tanta pressão para que o voto seja impresso, assim o eleitor terá que apresentar o comprovante de votação para a milícia, com intuito de não ser morto.

RG 15 / O Impacto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *