Artigo – E se Bolsonaro tiver razão sobre a guerra híbrida?

Por Oswaldo Bezerra

Estas foram as palavras do nosso presidente proferidas na quarta-feira: “É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB?”.

Bolsonaro não é um ignorante. O que ele tenta é não ficar órfão de Trump. Um ataque direcionado a China por ministro e pelo gabinete do ódio tem um só objetivo. Atrair uma paternal reaproximação com os norte-americanos.

E se o que Bolsonaro tiver razão? Uma guerra híbrida está ocorrendo e a China saiu a grande vencedora? O que aconteceria se a China passasse a dominar o mundo. A China pode não ter ambições territoriais além de suas fronteiras históricas, mas pode estar interessada em exportar seu modelo autocrático.

Em uma pesquisa da Pew Research com pessoas em 14 países desenvolvidos no ano passado, 48% disseram que a China é a potência econômica dominante no mundo. (O poder econômico dominante não é exatamente o mesmo que o país mais poderoso do mundo, mas está próximo.) Apenas 35% escolheram os Estados Unidos.

Se não for o país mais poderoso do mundo, a China certamente é um candidato a esse título. Portanto, vale a pena fazer a pergunta novamente: como grande potência, se não a maior, que uso a China fará de seu poder?

Nos séculos passados, grandes potências colonizaram e governaram outras terras. Depois da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética instalou governos de sua escolha na Europa Oriental e enviou tropas para esmagar as revoluções contra esses governos.

A China usa uma tática diferente. Ela invade economicamente um país. Caso haja divergências, eles punem o país se afastando dele e tirando todo seu apoio econômico.

O dragão não parece ter ambições territoriais além de suas fronteiras históricas. Não é como a União Soviética pós-Segunda Guerra Mundial, que estava ideologicamente comprometida em espalhar o comunismo para outros países e temerosa de ter vizinhos hostis em sua fronteira ocidental.

A China trabalha sem problemas com governos autocráticos, mesmo os particularmente desagradáveis ​​como o de Mianmar, após o recente golpe militar daquele país. A China não parece interessada em intervenção.

Nada disso significa que a superpotência China não tem ambições. Eles estão tentando usar as Nações Unidas para remodelar o ciberespaço. Ela se associou à Rússia em vários esforços para impor novas regras no ciberespaço.

Em um mundo com uma China dominante, então, informações e ideias não fluiriam tão livremente. O mundo certamente terá que se acostumar com um grande poder. Quando os governantes da China têm influência, eles punem as críticas. Quando o primeiro-ministro da Austrália pediu uma investigação independente das origens do coronavírus no ano passado, a China respondeu levantando barreiras às exportações australianas.

A China está trabalhando para aumentar a influência que tem sobre outros países. Se sua estratégia industrial para 2025 for bem-sucedida, aumentará a dependência mundial da China para os principais produtos e materiais de alta tecnologia.

Se seu yuan digital se consolidar, mais comércio mundial será conduzido na moeda que a China controla. Sua “Iniciativa da Rota da Seda” também tem uma tendência de aumento de influência.

Bloquear a ascensão da China não é realista; muitos países têm laços econômicos profundos com ela, não dá nem para pensar nisso. Uma guerra seria desastrosa tanto para a China, como para os EUA e para o mundo.

Como a ascensão da China parece inevitável, o declínio dos EUA não é. Uma das chaves para manter a paz no futuro será curar os governantes da China do perigoso mal-entendido. O mundo tem duas grandes potências, a China e os Estados Unidos, e provavelmente terá duas por algum tempo. O que a China faria se fosse a potência dominante mundial ainda é uma questão teórica.

Bolsonaro sonha que o Brasil seja um Japão ou uma Coreia do Sul, para atrair os favores econômicos dos norte-americanos. O governo federal não entende é que não estamos da fronteira da China ou da Rússia para recebermos este aporte financeiro. No máximo o que o governo federal pode conseguir é aumentar sua dependência da China sem ter uma China para poder desfrutar.

RG 15 / O Impacto

Um comentário em “Artigo – E se Bolsonaro tiver razão sobre a guerra híbrida?

  • 6 de maio de 2021 em 11:43
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    Resumindo: se o palhaço Bozo fosse um comerciante, com certeza ia falir, porque o sujeito consegue brigar e ser desafeto tanto com o cliente, como com o fornecedor.

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