Vale paralisa viagens de trem para evitar cepa indiana no Pará
No final da manhã de domingo (23), o governador do Pará, Helder Barbalho, enviou ofícios à Vale, Companhia das Docas do Pará, diretor presidente da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) e ao superintendente do Aeroporto Internacional Val de Cans – Júlio César, em Belém; e à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal no Pará, para saber quais medidas de segurança estão sendo adotadas para as pessoas que estão entrando no Pará. “, diz o governador em comunicado.
À mineradora Vale, especificamente, Helder pediu para paralisar, de forma temporária, as viagens do trem de passageiros entre São Luís-MA e Parauapebas, no sudeste do Pará.
“Considerando a atual situação do vizinho Estado do Maranhão, que se encontra com registros da nova cepa indiana da covid-19, e que o Brasil é o segundo País da América do Sul com confirmação dessa nova cepa, e com o intuito de resguardar a saúde da população do Pará, solicito com a urgência que o caso requer, a suspensão temporária do trem de passageiros da Estrada de Ferro Carajás, até que a situação epidemiológica permita e autorize a retomada das viagens de passageiros.
Desde 17 de agosto do ano passado, o trem de passageiros está circulando com redução das vagas disponíveis. Em condições normais, o trem de tem capacidade para transportar 1.300 passageiros por viagem, mas com a diminuição, esse número chega a até 650 pessoas.
A viagem de trem entre São Luís e Parauapebas dura 16 horas, com 15 pontos de paradas (mas 27 municípios atendidos), a maioria deles no Maranhão. O trem sai de São Luís às segundas, quintas-feiras e sábado e retorna terças, sextas-feiras e domingo. “Seguimos avaliando o cenário epidemiológico e trabalhando para conter o avanço da covid-19 em nosso Estado”, disse o governador.
A mineradora respondeu com a seguinte nota:
“O Trem de Passageiros da Estrada de Ferro Carajás (EFC) terá a circulação temporariamente suspensa a partir desta segunda-feira (24). A medida atende a requerimento do Governo do Estado do Pará pela interrupção temporária do transporte ferroviário de passageiros, como mais uma medida preventiva no enfrentamento da pandemia da Covid-19 (coronavírus). Os passageiros que tiverem suas viagens canceladas poderão solicitar o reembolso do bilhete, sem custo adicional ou aguardar o retorno do trem para remarcar no prazo de um ano da data de emissão. Mais informações podem ser obtidas por meio do canal de atendimento Alô Ferrovias (0800 285 7000).
A Vale continua acompanhando a situação e reitera o seu compromisso com a segurança dos passageiros, de suas operações e das comunidades ao longo da ferrovia. A Vale está em contato com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão federal responsável por regular e fiscalizar a concessão ferroviária. A Vale manterá a população atualizada sobre o assunto”.
ENTENDA O CASO
Com a Índia sendo assolada pela covid-19, numa forte onda causada pela chamada “variante indiana”, o mundo segue em alerta para conter o avanço da nova cepa. Locais como o Reino Unido, por exemplo, já enxergam riscos à saída do lockdown diante da ameaça, apontada pelos cientistas britânicos como até 50% mais transmissível. Identificada em 50 países, a cepa indiana foi verificada em território brasileiro nesta semana, mas o Brasil segue recebendo voos e embarcações da Índia.
Na última quinta-feira (20), a Secretaria do estado de Saúde do Maranhão (SES/MA) confirmou os primeiros casos da variante indiana. A cepa foi detectada no navio MV Shandong da Zhi, que veio da Malásia para o Brasil em 14 de maio. Enquanto apenas um dos infectados está internado em São Luís, os demais estão em quarentena no navio, que está em alto mar, a mais de 35 km da costa. Segundo a SES, 15 dos 23 tripulantes da embarcação testaram positivo para a covid-19. Além disso, pelo menos 100 pessoas tiveram contato com os tripulantes infectados, e estão sendo monitoradas pelo governo local.
A Prefeitura de Primavera, nordeste do Pará, notificou, no sábado (22), dois casos suspeitos da variante indiana do coronavírus na cidade. Os quadros ainda são investigados e monitorados, segundo a prefeitura. Os dois pacientes relataram, ainda de acordo com a Prefeitura de Primavera, que estiveram no Maranhão nos últimos dez dias e tiveram contato indireto com tripulantes do navio MV Sandong da Zhi, que registrou casos da variante indiana do novo coronavírus.
Segundo a nota, os dois pacientes apresentaram síndrome gripal, com relatos de dor de garganta, febre, coriza, tosse e cefaleia e apresentaram resultado positivo para a Covid-19. Eles relataram que trabalham no porto de Itaqui, no Maranhão, e frequentam constantemente o local de trabalho em uma unidade em São Luís.
Fonte: Correio Brasiliense