Dólar encerra sessão em alta de 0,17%, mas fecha semana com baixa de 0,3%
SÃO PAULO – Em sessão instável, o dólar comercial fechou esta sexta-feira (19) com leve alta de 0,17%, sendo cotado na venda a R$ 1,719. Inflação e política cambial chinesa, dúvidas sobre o plano de ajuda irlandês e discurso de Bernanke ganharam destaque no noticiário internacional. Por aqui, nova intervenção do BaCen, dados do mercado de trabalho e formação da equipe econômica de Dilma foram avaliados de perto pelo mercado.
Apesar da leve alta vista nesta sexta-feira, a divisa norte-americana acumulou nesta semana perda de 0,29%, decorrente das fortes quedas vistas nos dois últimos fechamentos. O desempenho acumulado em novembro, no entanto, segue positivo em 0,94%.
Flexibilização chinesa?
O vice-presidente do comitê de negócios estrangeiros do Congresso Nacional do Povo, Zha Peixin, reiterou o compromisso do governo chinês em anunciar mudanças em sua política cambial. “Eu acho que a China está determinada a ter novas reformas e isso refletirá melhor a oferta e a demanda do mercado”, disse Peixin. Importantes economias do globo têm pressionado o país para que houvesse uma maior flexibilização na taxa cambial, que permanece artificialmente desvalorizada para aumentar a competitividade de suas exportações.
Sobre essa questão, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, se exaltou em discurso realizado em Frankfurt ao falar sobre a política cambial chinesa, condenando as medidas utilizadas pela China para manter o yuan fraco. O chairman do Fed também se preocupou em defender o segundo programa de flexibilização monetária anunciado pelo governo norte-americano, o qual injetará cerca de US$ 60 bilhões nos próximos 11 meses na economia local.
Referências domésticas
O Banco Central do Brasil realizou mais um leilão de compra de dólares no mercado cambial à vista. A única operação desta sexta-feira ocorreu entre as 15h18 e as 15h23 (horário de Brasília), com uma taxa de corte aceita em R$ 1,7205. Na agenda econômica, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostrou que o País teve um novo recorde de abertura de empregos, ao marcar 2,4 milhões de vagas entre janeiro e outubro.
Ainda por aqui, a equipe econômica de Dilma Rousseff vem ganhando forma nos últimos dias. Após veículos de informações afirmarem na véspera que Guido Mantega teria aceitado um convite da presidente eleita para permanecer à frente do ministério da Fazenda, o atual chairman do BaCen, Henrique Meirelles, disse nesta sexta-feira em Frankfurt que recebeu um convite da equipe de Dilma para “uma conversa na semana que vem”.
Analistas do mercado já começam a interpretar esses sinais recentes. Para André Perfeito, economista da Gradual Corretora, a insitência de Mantega no tema da “guerra cambial” acabou deixando o Banco Central limitado na condução da política monetária. Justamente por isso, Henrique Meirelles estaria condicionando sua permanência à frente da autoridade monetária.
Compulsório chinês e Irlanda
O clima mais tenso nos negócios refletiu o anúncio do governo chinês, que elevou a taxa de depósitos compulsórios em 0,50 ponto percentual, entre preocupações sobre a inflação anual, próxima ao pico máximo dos últimos 25 meses. Os temores sobre a Irlanda também tiveram influência: após reunião da véspera para discutir um possível empréstimo ao país, o foco desta sessão foi a dúvida sobre como será o pacote de ajuda, em termos de tamanho e formato.
Dólar a R$ 1,719
O dólar comercial fechou cotado a R$ 1,7170 na compra e R$ 1,7190 na venda, alta de 0,17% em relação ao fechamento anterior. Com esta alta, o dólar acumula valorização de 0,94% em novembro, frente à alta de 0,65% registrada no mês passado. No ano a desvalorização acumulada da moeda norte-americana já chega a 1,28%.
Dólar futuro na BM&F e dólar pronto
Na BM&F, o contrato futuro com vencimento em dezembro segue cotado a R$ 1.722, alta em relação ao fechamento de R$ 1.716 da última quinta-feira. O contrato com vencimento em janeiro, por sua vez, segue a R$ 1.734, alta frente à R$ 1.730 do fechamento da véspera.
O dólar pronto, que é a referência para a moeda norte-americana na BM&F Bovespa, registrava R$ 1,7190000.
FRA de cupom cambial
Por fim, o FRA de cupom cambial, Forward Rate Agreement, referência para o juro em dólar no Brasil, fechou a 2,35 para janeiro de 2011, estável em relação ao que foi registrado na sessão anterior.
Confira a variação do dólar durante os últimos 30 dias: