Mitos e verdades dessa fantástica personagem de HQ que fascina os argentinos

No dia 29 de setembro de 1964 nascia Mafalda. Pelas mãos de Joaquin Salvador Lavado, mais conhecido na Argentina como Quino, nascia uma menina que levou suas reflexões a todos os continentes, sendo traduzida a 26 idiomas, e que, somente na Argentina vendeu mais de 20 milhões de exemplares de seus livros.

Já se passaram mais de 30 anos do nascimento deste personagem e 20 desde que seu criador a desenhou pela última vez. Os dez únicos livros escritos por ele seguem repetidas vezes sendo publicados.

O criador da personagem, Quino, quando interrogado porquê de uma mulher, e não de um homem, apenas respondeu: “No lo sé”. Ele nem imaginava que as idéias dessa menina tão brilhante quanto irrelevante, tão reflexiva quanto questionadora iriam percorrer o mundo.

Ele nunca suspeitou que um dia o escritor Julio Cortázar chegasse a dizer: “Não tem a menor importância o que eu penso de Mafalda. O importante é o que Mafalda pensa de mim.” Muito menos que ainda que a União Soviética tenha desaparecido, assim como os Beatles e a Guerra do Vietnã, a mensagem de Mafalda seguiria se mantendo na mesma dose de genialidade e, sobretudo, de atualidade.

Seu criador jamais imaginou que esse ser diminuto e genial, com inteligência e sagacidade imune aos pensamentos adultos e apenas rodeada de um apropriado universo infantil, elevaria seus  quadrinhos à categoria de “contos morais”.

Com uma exata dose de simplicidade e profundidade, Mafalda se converteu no personagem de quadrinhos mais significante para os argentinos. Para Quino-dono de uma imensa modéstia – tudo começou por casualidade e sem que ele esperasse qualquer grandeza: “Na realidade Mafalda ia ser um quadrinho para ilustrar uma nova linha de eletrodomésticos, chamada Mansfield. A agencia Agnes Publicidad entregou esse trabalho a Miguel Brascó, mas ele tinha outros compromissos e me passou. Isso foi em 1963. Mas a campanha nunca aconteceu e as oito tiras que eu desenhei ficaram guardadas na gaveta, até que no ano seguinte Julián DElgad, secretario de redação de “Primera Plana”, me pediu uma história em quadrinhos, então resgatei as tiras., e bom, aí começou tudo.”

Hoje, Mafalda tem uma estátua em Buenos Aires, na esquina das Ruas Chile e Defensa, em San Telmo. Ali está ela, sentada em um banco de praça, usando um vestido verde e um laço no cabelo. Ao lado da pequena Mafalda de 80 centímetros, as pessoas se sentam, tiram fotos e se recordam da infância.

Por Sarah Teixeira – professora – mestre de Língua Inglesa e espanhola com mestrado em Buenos Aires.

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