Por favor, leia…
Por Simone Willers
Durante uma de minhas pesquisas para a faculdade, na internet, mais precisamente na famosa enciclopédia livre, Wikipédia, me chamou atenção o apelo de Jimmy Wales, o fundador do projeto livre Wikipédia, “Por favor leia”, e não foi somente pela ausência da vírgula após o por favor, mas principalmente pelo teor da mensagem que ele posta.
A leitura é essencial, mas sem eficácia é inútil. Deve haver absorção, aprendizado e senso crítico. O Brasil está deixando de ser um país de analfabetos, literalmente falando, mas cresce a cada dia o número de analfabetos funcionais, os brasileiros não lêem nem dois livros por ano, segundo pesquisas recentes, e o resultado disso é desastroso, a falta do hábito da leitura se reflete em pessoas que não sabem interpretar, falam mal e se expressam pior ainda. Se um país se faz com homens e livros, o Brasil, sem sombra de dúvidas, ainda não tem alicerce.
A população está tão entretida na frente da TV que não percebe que está sendo programada, influenciada todos os dias por comportamentos e idéias que são cuidadosamente implantadas em seus subconscientes. Através de cores, sons e imagens a mídia pode manipular informações, ditar um padrão de moda e beleza e por que não eleger um governante? É uma atividade muito lucrativa, já vender livros…
“Um povo de cordeiros sempre terá um governo de lobos”, diante da máxima de Che Guevara não é difícil entender a falta de investimento na área da educação por parte de nossos governantes, ensinar muita coisa é perigoso aos olhos de quem governa, desperta mentalidades. A educação pública ainda é vista, por seus administradores, mais como despesa do que como um processo de crescimento social. A partir desse ponto questionamos o critério utilizado para as indicações políticas de cargo, que com certeza não funcionam de maneira satisfatória, apenas contribuem para os atuais nichos de corrupção. Profissionalizar a gestão pública buscando a qualidade técnica de quem vai assumir esses postos seria o primeiro passo para o avanço necessário nesse setor tão importante, mas quem se atreve? Qual político se comprometeria com o interesse público a ponto de abrir mão do cabo eleitoral que rende generosos dividendos políticos?
Causa e consequência, ao mesmo tempo, da abstenção e marasmo que atacou a população é o adormecimento político generalizado e não se trata de desnorteio, mas de ignorância simples e pura. Somos moldados desde que nascemos, é o preço por sermos seres sociais, e pagá- lo em prol do respeito aos direitos dos outros é honroso, mas qual o ponto de equilíbrio nessa balança? Quando as necessidades básicas dos cidadãos estão preenchidas de forma satisfatória o conformismo, que incomoda quem ainda consegue enxergá- lo, aumenta. Podemos comprovar quando comparamos o atual momento a períodos de penúria, em que as massas possuíam necessidade de mudar, hoje a sociedade se acalma com futebol, novelas, reality shows e compras. O lema é consumir e querer sempre mais, com exceção, é claro, de cultura.
O maior desafio da sociedade industrial foi eficiência, ou seja, fazer o maior número de coisas no menor tempo. O maior desafio deste mundo novo, onde as máquinas fazem o trabalho físico e os computadores o trabalho mental, é ser criativo e ter idéias. Pouco provável existirem gênios capazes de criar a partir do nada, só conheço UM, aos demais, simples mortais cabe fazer a sua parte: adquirir conhecimento, fazer bom uso do aprendizado, colher os frutos e experimentar o sabor de ser útil, saber conversar sobre qualquer assunto, somar, fazer a diferença e ajudar a transformar a sociedade da informação na sociedade do conhecimento.