Zootecnia
Se o crocodilo ou o gambá estão obesos ou o filhote da girafa da Fundação Parque Zoológico de São Paulo precisa de um complemento alimentar, o zootecnista vai saber. Se o hipopótamo está velhinho e necessita de uma dieta especial ou os cisnes não gostaram da nova ração, também. Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Henrique Luís Tavares, de 34 anos, é o nutricionista dos mais 3.500 animais do zoológico de São Paulo.
Entre outras atribuições, o zootecnista é responsável por calcular os regimes dos bichos com sobrepeso, reforçar os pratos das espécies doentes ou em extinção, e adaptar as dietas com os ingredientes disponíveis, a partir do que os animais se alimentam em seu habitat. Os flamingos, por exemplo, recebem pratos diários de peixes misturados com colorau que substituem camarões e algas encontrados na natureza. O colorau ajuda a manter a penugem avermelhada das aves.
Os animais do zoológico paulistano consomem quatro toneladas de alimentos por dia, sendo meia de carne e o restante de ração, frutas, grãos e sementes. Herbívoros como a girafas comem cerca de 100 quilos de alimentos por dia.
Também é função do zootecnista promover o melhoramento genético e aumentar a produtividade animal. “O bem-estar animal é um dos nosso lemas, inclusive na hora do abate. Seguimos regras e técnicas para diminuir o sofrimento do bicho e não comprometer a qualidade da carne”, afirmou Tavares. No zoológico de São Paulo, os ratos e porquinhos-da-índia criados no biotério para alimentar outros bichos são mortos por uma câmara de gás, mas segundo o zootecnista, adormecem antes de serem asfixiados.
Quem pretende seguir esta carreira precisa, além de gostar de animais, ter habilidade com ciências exatas, como química e matemática – disciplinas que têm grande peso na grade curricular do curso.
Para Tavares, que preside a comissão de zootecnia do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, a profissão ainda é relativamente nova no Brasil. “O curso foi criado em 1966. Em 1990 eram cerca de 20, agora já são mais de 100 instituições de ensino formando cerca de cinco mil profissionais por ano. O agronegócio segura a economia do Brasil e expande o campo dentro das empresas de agropecuária. Porém, o governo e a sociedade ainda não têm conhecimento das nossas habilidades e competências.”
O mercado de trabalho, segundo ele, é abrangente. O profissional formado em zootecnia pode atuar em zoológicos, centros de triagem de animais silvestres, em indústrias de produtos de origem animal, empresas agropecuárias, em planos de manejo ligados à fauna, entre outros locais. Diferente do veterinário que está mais focado na saúde dos animais, o zootecnista busca controlar a produtividade dos animais.
“Nos últimos dez anos, o Brasil se tornou um dos maiores exportadores de carne do mundo. A expansão de gado de corte tem se expandido bastante e presença do zootecnista nesta cadeia é fundamental”, disse Tavares.
O piso salarial do zootecnista é equiparado ao do veterinário ou do agrônomo, de oito salários mínimos por oito horas diárias de trabalho.
Do G1