Polícia vai responsabilizar filhos de idosa mantida presa em porão
A delegada Jaqueline Barcelos Coutinho, da Delegacia de Defesa da Mulher, afirmou nesta segunda-feira (31) que vai responsabilizar por omissão de socorro os filhos da idosa mantida em cárcere privado no porão de casa por vários anos pelo ex-marido e pela atual companheira dele, em Sorocaba, a 92 km de São Paulo.
A pena para omissão de socorro pode chegar a seis meses de prisão.
O ex-marido da vítima, João Batista Groppo, foi preso na quarta suspeito de cárcere privado. Ele se casou com Sebastina Groppo, de 64 anos, há mais de 40 anos, mas vivia na casa com outra mulher. A companheira dele, Maria Aparecida Furquim, também foi presa como cúmplice.
A idosa foi libertada pela Polícia Civil depois de uma denúncia anônima. De acordo com a delegada, o aposentado disse que mantinha a mulher presa porque ela tinha problemas mentais, mas não conseguiu um local para interná-la. No entanto, ele deu várias versões sobre o tempo em que a vítima estava presa no porão. Primeiramente, disse que ela era mantida no local desde 1985. Depois, mudou a versão para 1995. Por último, afirmou que ela se encontrava presa desde 2003.
Na quinta-feira (27), Sebastiana foi ouvida pela delegada, mas disse “apenas palavras desconexas”. A idosa está na casa de um dos filhos, em Alumínio. Ele já foi ouvido pela polícia. Na tarde de quinta, a idosa passou também por exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML) de Sorocaba.
Para Coutinho, os familiares sabiam das condições em que a mulher era mantida e nada fizeram. “Eles não prestaram assistência à vítima.”
Além dos filhos de Groppo com a vítima, a delegada pretende tomar o depoimento de outras duas mulheres, filhas do casal preso. Uma delas mora no local onde Sebastiana era mantida refém. No dia em que a reportagem esteve no local, ela não quis falar sobre o caso.
O advogado José Carlos Gallo, que faz a defesa do casal preso suspeito de manter a idosa em cárcere privado no porão de casa, disse que não foi cometido crime algum. Segundo ele, a família precisava de ajuda e não conseguiu. “É mais um problema de política social, e não criminal. Tente internar alguém com problemas mentais, você não consegue. Eles orientam a ficar com a pessoa em casa. E eles não têm condições de contratar uma enfermeira. São pessoas humildes”, disse.
Do G1