Máquinas de hemodiálise levadas de Santarém
Em Santarém, onde 17 pessoas aguardam por uma sessão de hemodiálise, a decisão do governo do Estado de retirar do Hospital Regional do Baixo Amazonas cinco máquinas não foi bem aceita.
Segundo a Sespa (Secretaria de Estado de Saúde) essas máquinas estavam sem uso, mesmo havendo pacientes em fila de espera. O motivo seria a falta de recursos financeiros, pois o serviço, em Santarém, é custeado pelo próprio governo do Estado e não pelo Ministério da Saúde como deveria ser.
Três máquinas vão para o Hospital Regional do Araguaia, em Redenção, e mais duas para o Hospital Regional da Transamazônica, em Altamira.
Enquanto as máquinas saem, a tragédia que ceifou a vida de dona Raimunda Ribeiro, de 67 anos, em Belém, e que ganhou destaque nos telejornais de todo o País, pode se repetir em Santarém.
O secretário de municipal de Saúde, José Antônio Rocha, reconhece que há uma grande necessidade de mais máquinas, mas afirma que o próprio espaço do Centro de Hemodiálise do Município não oferece condições de ampliação. Atualmente, o Centro Municipal atende a 60 pacientes. Dez máquinas oferecem o tratamento e existe uma de reserva. Outra unidade de saúde que oferece o serviço em Santarém é o Hospital Regional Dr. Waldemar Pena. Lá, existem outras 14 máquinas. Desse total, 11 estão em constante atividade e atendem a 66 pacientes. Das outras três máquinas, uma é reserva, a segunda fica à disposição da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e a terceira é usada em pacientes com hepatite B. Esses pacientes ficam isolados dos demais para evitar contaminação.
Todos os pacientes fazem três sessões de quatro horas durante a semana. Além disso, o transporte é por conta do governo. No Hospital Regional, não existe lista de espera, pois quando há vaga, o Centro Municipal envia o paciente para lá. Mesmo com o total de máquinas dos dois hospitais, José Antônio Rocha, reconhece a necessidade de mais aparelhos.
“Não é suficiente ainda para atender a demanda da região, tanto Santarém quanto oeste do Pará. Precisamos de mais máquinas. A própria capital do Estado está sobrecarregada e não dispõe de leitos. É mais uma discussão que vamos ter na área de saúde com o governo do Estado, na intenção de ajudar, pois não é competência do município e sim do Estado trabalhar a alta complexidade, principalmente na questão da hemodiálise”, ressalta o secretário.
No momento, o Hospital Regional atende nove pacientes pré-dialíticos, ou seja, não atestados como dialíticos. É feito um atendimento de ambulatório onde são feitos exames a cada 15 dias para saber se vão precisar de hemodiálise.
Dos 17 pacientes que necessitam do tratamento, o secretário assegura que a maioria está com menos gravidade Mas se a espera durar por muito tempo, o estado de saúde dessas pessoas pode se complicar. “Quanto ao espaço físico de hemodiálise, não tem condições sequer de absorver duas ou três máquinas, teríamos que ampliá-lo”, assegura o secretário.
No ano passado, duas máquinas chegaram a ficar mais de um mês sem funcionar por falta de manutenção mecânica no Centro Municipal. O caso chegou a ser denunciado, à época, pelo vereador Nélio Aguiar e pelo deputado estadual Alexandre Von.
SESPA esclarece transferência de máquinas
A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) garante que a população de Santarém, no Oeste do Pará, não será penalizada com a transferência de três máquinas de hemodiálise do Hospital Regional do Oeste para o Hospital Regional do Araguaia, em Redenção (sul do Estado). A transferência foi autorizada porque as máquinas não estão sendo utilizadas, enquanto 22 pacientes renais crônicos de Redenção aguardam para fazer a hemodiálise.
O objetivo da Sespa é minimizar a situação desses pacientes imediatamente, assegurando que o serviço do Hospital Regional do Oeste, em médio prazo, será ampliado com mais oito máquinas de hemodiálise. Mas antes é preciso ampliar o espaço físico, cuja obra está sendo iniciada.
Segundo o coordenador dos Hospitais Regionais, Arthur Lobo, “quando essa obra for concluída, iremos duplicar a capacidade de atendimento no Hospital Regional do Oeste, que passará a atuar com 19 máquinas”.
A decisão de transferir as máquinas faz parte do Plano Estadual de Nefrologia e foi aprovada na reunião da Câmara Técnica de Nefrologia, realizada na última quinta-feira (24), no gabinete da Sespa, onde também foi decidida a transferência de duas máquinas de Santarém para o Hospital da Transamazônica, em Altamira, pelo mesmo motivo.
Todas as medidas em relação à área de Nefrologia passam pela Câmara Técnica de Nefrologia, que tem a finalidade de discutir e definir as diretrizes do Plano Estadual de Nefrologia, com ações desde a prevenção até o transplante de rim.
A Câmara Técnica é formada por representantes da Sespa, Secretarias Municipais de Saúde, Sociedade Paraense de Nefrologia, Associação dos Renais Crônicos e Transplantados (ARCT-PA) e dos Serviços de Nefrologia.
Da Redação