Santarenos contam pânico que passaram durante terremoto no Japão
O Japão passa por uma das maiores crises em toda a sua história, desde sexta-feira, dia 11 de março. Terremoto na região de Sendai, seguido de incêndio, Tsunami e para completar, o abalo sísmico atingiu 8,9 pontos na Escala Richter que atingiu o Japão no dia 11 de março, culminando com acidente em uma usina atômica que pode contaminar pessoas em quilômetros de distância, faz o ambiente ficar ainda mais ameaçador em grande parte da terra do Sol Nascente. Para quem não sabe, a duração de um terremoto é de poucos segundos: “Deus me livre se um terremoto durasse um minuto, seria um caos, acaba com tudo”, cita Odeiza Taketomi.
Mas o histórico de terremotos, no Japão, é assunto do dia a dia. Claro que mesmo sendo rotina, cada abalo sísmico, mesmo não sendo tão forte quanto este recente, que matou milhares de pessoas e destruiu muitas cidades, assusta a quem não está acostumado a estes constantes tremores de terra, como acontece no Japão. Foi o que aconteceu com o casal de santarenos Almir e Odeíza Taketomi, que na década de 90 estiveram morando na Terra do Sol Nascente e antes de voltarem para Santarém, em abril do ano passado, presenciaram vários terremotos.
Eles contam com exclusividade o que passaram. Odeíza Taketomi lembra que presenciou o primeiro terremoto no ano de 2007, quando morava na cidade de Toyama, na região norte do Japão: “Era um domingo, às nove e quinze da manhã, meu marido estava trabalhando, na fábrica de peças da Toyota, e eu estava em casa com minha filha, que na época tinha dez anos de idade. Acredito até que com este terremoto recente, a matriz da fábrica da Toyota deve estar no chão, o Tsunami deve ter levado”, indica Odeíza. Prosseguindo em seu relato, ela recorda: “Estava deitada na cama, quando eu vi começou a tremer tudo. Levantei e quando tentei andar, parecia que o chão não estava no lugar”, cita Odeíza. “Você olha para o chão, está reto, mas quando vai tentar mudar o passo, você tem impressão que não, o chão está em movimento”, diz ela.
“Fui engatinhando até o quarto, puxei minha filha da cama e corri para o quintal, enquanto o telhado estava desabando. Quando percebi estava embaixo de uma árvore imensa, no fundo do quintal, com a vizinhança toda ao meu redor, também em busca de abrigo”, recorda. “Você tem a impressão de que está no mar, em um barco à deriva”, diz. Na época, este triste evento ficou conhecido por “Jishin de Notojima, pois Notojima foi a região, localizada à beira do Mar do Japão, onde aconteceu o terremoto, (Jishin), e a cidade de Toyama, onde Odeíza morava com seu esposo Almir Taketomi, e a filha apenas recebeu os impactos originados do tremor de terra. Ela recorda a catástrofe: “Nesta época morreu muita gente em Notojima, muitas pontes foram quebradas”, ela lembra com tristeza.
Almir Taketomi, lembra este e outros abalos pelos quais passou, entre eles o primeiro, no ano de 1994: “Mesmo o povo japonês estando sempre preparado para terremotos, eu tive certa dificuldade, devido a escrita e a língua, para assimilar instruções do que deveria fazer em casos de terremotos, pois estava recente no Japão”, cita Almir. ”Depois eu fui pego de surpresa, porque aconteceu de manhã cedo, de madrugada estávamos deitados”, lembra ele. Quais impressões que ele guarda do episódio? “A palavra pânico é pouco para mostrar o que a gente passou, pela sensação de medo, por não saber o que vai acontecer, o único jeito é correr desesperado para a rua, enquanto os alarmes tocam, anunciando a tragédia”, diz Almir Taketomi. Na fatalidade, pontes foram destruídas, viadutos desabaram, no saldo trágico, centenas de pessoas morreram, entre eles muitos brasileiros.
Denúncia – Segundo informações de amigos do casal, que ainda residem no Japão, o resgate dos brasileiros, vítimas do terremoto do último dia 11, não está sendo feito de forma completa, na região de Sendai, onde aconteceu a catástrofe: “O consulado brasileiro está preocupado em ajudar os brasileiros que moram na região de Sendai, brasileiros que moram em Toyama, mais de trezentos e outros em outras regiões afetadas, que estão passando necessidades, não estão recebendo socorro”, enfatizaram.
Sem comida, sem abrigos e sem poder sair do País, pois as embarcações não podem navegar, os aviões estão quase sem aeroporto onde decolar, o povo japonês hoje, é prova viva de que mesmo com toda tecnologia que desenvolvem, não está sendo nada fácil escapar da fúria da natureza.
Por: Carlos Cruz