Reformas de escolas em Santarém serão investigadas
Indícios de superfaturamento, obras fantasmas, desvios de recursos públicos, alunos estudando em açougues e escolas abandonadas. Esse foi o cenário encontrado pelo secretário estadual de Educação, Nilson Pinto, ao fazer uma rápida visita a Santarém na semana passada. “Há escolas onde se investiu substancialmente para realização da reforma e o que se vê é que quase nada foi feito. Estou percebendo indícios fortes de desvio de recursos públicos”, afirmou Pinto.
O caso da escola Nossa Senhora de Guadalupe, na periferia de Santarém, foi considerado grave pelo secretário. A empresa RCG Tolentino ME recebeu quase R$ 1,1 milhão da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) no final do governo Ana Júlia, mas a obra, orçada anteriormente em R$ 199.361,55, ainda não foi concluída. “Esse fato mexe com a inteligência. Alguma coisa aconteceu de errado aqui, estou indignado. Vamos tomar providências para apurar as suspeitas”.
A diretora da escola, Vera Lúcia Araújo, informou que a obra foi iniciada em agosto de 2010 e deveria ser entregue em dezembro, mas que foi paralisada sem explicações. “Nos dois primeiros meses, eles até trabalharam, depois a obra foi parando e o engenheiro sumiu”.
Os cerca de 300 alunos estão provisoriamente na escola Wilson Fonseca. Eles chegaram a estudar até em prédios de açougues. “Nossos alunos estavam adoecendo por conta das péssimas condições. Era problema de garganta e muita gente faltando aula”, revelou Vera Lúcia.
“O valor em si é uma enormidade para o tamanho da reforma e mais complicado ainda é verificar que a obra está na metade. Alguma coisa aconteceu de errado ali em termos de aplicação de recursos”, suspeita Nilson Pinto que visitou, ainda, as escolas Plácido de Castro, Olindo Neves e Romana Leal.
Obras serão retomadas e contratos, fiscalizados
O secretário Nilson Pinto promete levar aos órgãos competentes a situação encontrada nas escolas de Santarém. Todas as obras, sete no total, iniciaram na gestão da ex-governadora Ana Júlia Carepa. “Fiz questão de ver para verificar a extensão do problema. Vou tomar as previdências legais no meu retorno a Belém, mas independente disso vamos trabalhar para juntar o recurso necessário para colocar as escolas em condições de uso adequado pelos alunos”, assegura Pinto.
O secretário explicou por que fez questão de ver de perto a situação. “Contando, não se acredita no tamanho do esculacho. Nós vamos trabalhar daqui para frente para corrigirmos os erros”, garantiu.
Outra escola onde também foi constatada uma discrepância entre o cronograma físico e o financeiro da obra é a Escola Estadual Plácido de Castro. “Lá foram gastos R$ 920 mil. A reforma em si praticamente não aconteceu”, criticou Pinto.
Segundo a vice-diretora da escola, Jucirene Maia Salomão, na reforma emergencial foram trocados o forro de toda a escola, com material de PVC e a fiação elétrica e foi feita a substituição de telhas quebradas. “Depois, a construtora começou uma reforma no banheiro, reformou o dos homens, começou a do feminino, mas paralisou. Fecharam três salas de aula para climatizar, tiraram o piso e colocaram lajotas nas paredes, mas as obras foram paralisadas e é assim que nós estamos hoje”, disse Jucirene.
“Com o muito que se gastou, pouco foi feito, é possível ver isso”, disse Nilson Pinto, preocupado porque ainda devem ser pagos mais de R$ 520 mil para empreiteira para a conclusão da reforma.
Fonte: Diário do Pará