MPE investiga fraudes da Máfia da Madeira no Pará
Cláudio Puty era o homem forte da ex-governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT). Do alto do comando da Casa Civil, ele articulou a sua própria eleição a deputado federal, enquanto o governo da sua chefe afundava em péssimos índices de aprovação. Puty deixou o governo, mas as sua digitais continuam a ser encontradas em casos escabrosos, principalmente envolvendo a máfia da madeira no Pará. Desta vez, ele está sob investigação do Ministério Público paraense pela participação em mais um esquema de fraude em um Projeto de Manejo Florestal Sustentável (PMFS).
A investigação partiu da denúncia do presidente do Sindicato dos Produtores Florestais e Reflorestadores do Estado do Pará (Sindifloresta), Mário Rubens, que protocolou no Ministério Público do Estado do Pará, no dia 24 de maio, denúncia de um esquema de fraude em um projeto de manejo no município de Placas. Segundo a denúncia, o esquema envolve o atual deputado federal Cláudio Puty (PT), seu assessor na região, Silvio Amorim, e servidores da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará (Sema), podendo ter rendido mais de dois milhões de reais aos envolvidos.
Mário Rubens conta na denúncia que foi procurador da Associação dos Agricultores do Travessão 235 Sul (AAT Sul), no município de Placas, e que, nesSa condição, encaminhou em 2001 à Sema um Projeto de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) para análise. Ele assinou todas as peças técnicas e jurídicas do projeto, que passou a tramitar com o número 2007/331842. Mário Rubens alega que mandou elaborar o projeto dentro de todas as normas legais, inclusive com inventario de campo a 100% fidedigno à realidade da área do projeto.
Para a surpresa do sindicalista, em agosto de 2010, foi informado que Silvio Amorim, então lotado como assessor de Cláudio Puty na Casa Civil do Governo do Estado, havia assumido a tramitação do processo dentro da Sema, mandando cancelar a procuração que Mário Rubens tinha da associação de agricultores. Mário relata que, assim que Silvio assumiu o caso, o PMFS foi liberado pela Sema, com créditos de 17 mil metros cúbicos de madeira em tora, mas denuncia que o processo foi fraudado para beneficiar o grupo político de Silvio.
De acordo com a denúncia do sindicalista, a Autorização de Exploração Florestal (AUTEF) liberada pela Sema é uma fraude. Isso porque o projeto foi liberado com um volume de madeira diferente do original. Ele denuncia que o inventário florestal foi alterado, para inserir um volume maior de espécies comerciais mais valorizadas. “A Autef foi totalmente fraudada, tendo em vista que as essências e volumetrias autorizadas não se coadunam com o inventário e relatório florestal realizado”, diz Mário Rubens no documento enviado ao Ministério Público.
Fonte: Eco Amazônia