Projeto Ação Verão 2011 chega a Ponta de Pedras
“Peixes andam em cardume, repararam? Bom, me sinto como um deles aqui na comunidade. É como se ficássemos fortalecidos em grupo. A varinha sozinha quebra com facilidade, mas experimente tentar quebrar um monte de uma só vez, não é fácil”, assim se descreveu Anivaldo Belém, presidente da Associação dos Moradores Nossa Senhora das Graças e membro da comunidade de Ponta de Pedras, município de Santarém, Oeste paraense.
Anivaldo é um dos participantes da I Oficina de Práticas Comunitárias de Educação Ambiental, parte integrante do Projeto Ação Verão 2011, realizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), por meio da Coordenadoria de Capacitação e Educação Ambiental (Ceam) e tem por meta conscientizar, nessa primeira etapa, os empreendedores locais nos principais balneários paraenses, devido ao aumento da freqüência nas praias nesta época do ano.
A idéia é sensibilizar os donos de bares, restaurantes, hotéis, barracas, associações, catraieiros, conselheiros da Área de Proteção Ambiental (APA) municipal e todos os que lidam com o turismo.
“Se essas pessoas que têm contato com os veranistas puderem ser nossos porta-vozes, o potencial ambiental de Santarém, com certeza, será conservado”, explicou a coordenadora do Ação Verão em Santarém, Mira Araújo.
Uma das metas da vida em comunidade é a integração. Por isso, os técnicos fizeram o “Vivência de Pluralidades”, dinâmica em que se estimula a alteridade. O participante deveria escolher uma gravura e colar nas costas do amigo. A imagem deveria refletir um pouco do outro. Crislena Gentil, dona da Barraca Bom Paladar, optou pela gravura de uma criança. “Acredito que elas são a esperança, o futuro. E é isso o que vejo para a nossa comunidade, a esperança de um bom futuro”, expressou.
A Oficina também busca, de forma quase intimista, o autoconhecimento e, para isso, lança textos reflexivos para serem dialogados. Exemplo da “Fábula da Convivência”, que fala da sobrevivência em grupo. “Eu percebi que as pessoas quando vivem em grupo sempre esbarram em dificuldades. No início tudo parece fácil, mas conviver com o outro nem sempre é”, disse Josimar Santos, funcionário da Pousada Ponta de Pedra e guia de trilha ecológica. “Acho que os ‘espinhos’ existem em toda relação humana. Mas se a comunidade superar as diferenças, como vimos no texto, poderemos proteger nossos interesses sem entrar em conflito. Porque unidos conseguimos muito mais do que sozinhos”, refletiu Edilene Silva, filha de agricultora.
O vídeo “Vida em apartamento” , exibido aos participantes, ilustrou um problema ambiental da vida moderna e comum nas praias paraenses : a poluição sonora. Expedito dos Santos, proprietário da Barraca Gostosura Cabocla, recordou a perda de um cliente, devido ao barulho produzido por um veranista em outra barraca. “Ele ligou o som do carro em um volume altíssimo e meu cliente tinha criança pequena e queria sossego. Resultado: fiquei no prejuízo.”, contou.
Uma reália com o tempo de decomposição dos principais materiais encontrados na praia foi construída e depois anexada à porta do banheiro dos clientes. “Não é só o barraqueiro que tem obrigação de manter tudo limpo, mas todos os que aproveitam a praia”, ressaltou Ana Guimarães, proprietária da Barraca de Variedades.
Sineide Wu, técnica da Sema, deu uma palestra sobre resíduo sólido e parabenizou a iniciativa dos moradores de Ponta de Pedras em se organizarem em mutirões para a coleta e seleção do lixo. “Recolhemos e depois selecionamos o lixo. O que dá para vender, vendemos, depois revertemos a renda para a comunidade. Infelizmente, ainda não aproveitamos o potencial do lixo orgânico para compostagem, já que o descartamos por inteiro”, lamentou Anivaldo Belém.
Edimar Paz, dona da Barraca Renascer, debatia com as amigas sobre o rio Tapajós após a palestra sobre recursos hídricos do técnico da Sema, Clézio Fonseca. “Não sabia de muita coisa que aprendi aqui. A gente tá sempre aprendendo. Essa oficina irá melhorar nossa renda porque vamos ter outro comportamento em relação ao turista. Percebi que educação ambiental é mesmo a minha praia”, brincou a participante.
A equipe também aplicou um questionário sócio-ambiental para os proprietários das barracas. O objetivo é compilar dados específicos para posterior análise do balneário.
Por: Ana Paula Miranda/ Ascom Sema