Inflação oficial acelera para 0,37% em agosto, mostra IBGE

Mapa da inflação

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país usada como base para as metas do governo, ficou em 0,37% em agosto, após subir 0,16% em julho. No ano, índice acumula alta de 4,42% e, nos últimos 12 meses, de 7,23% – o mais alto desde junho de 2005, quando o IPCA ficara em 7,27%. Índice segue acima do teto da meta do Banco Central, de 6,5%. Em agosto do ano passado, a variação do IPCA fora de 0,04%.

Depois de apresentar queda de 0,34% em julho, os alimentos voltaram a subir, registrando variação de 0,72%, representando 45% do índice total em agosto. A maior influência partiu dos preços das carnes (de -1,12% para 1,84%), que exerceram o principal impacto individual no IPCA.

“As carnes, no segundo semestre, entram na entressafra, por conta do período de confinamento. E os produtores também têm alegado aumento com os custos da ração, por conta dos aumentos do milho e da soja. Os alimentos representaram 19% da formação do IPCA, no acumulado no ano”, disse Eulina Nunes, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.

Na sequência, entre os grupos de despesa analisados pelo IBGE, está o de habitação, cuja taxa de variação passou de 0,27%, em julho, para 0,32%, em agosto. As maiores altas foram relativas a aluguel residencial (de 0,46% para 1,06%) – segundo maior impacto individual no mês – e a taxa de água e esgoto (de 0,33% para 1,05%). O grupo de artigos de residência também apresentou aceleração (de 0,03% para 0,57%), pressionado, principalmente, pelo preço dos eletrodomésticos, cuja variação passou de -0,32% para 2,38%.

Também apresentou aceleração a variação de preços de artigos de vestuário (de 0,10% para 0,67%), com destaque para roupas femininas (de -0,26% para 1,18%) e masculinas (de 0,19% para 0,75%). O grupo das despesas pessoais (de 0,49% para 0,50%) apresentou resultado parecido com o do mês anterior. A variação de preços do grupo de gastos com educação também aumentou, de 0,11% para 0,17%.

Na contramão, as despesas com transportes registraram queda de preços (de 0,46% para -0,11%) – resultado influenciado, principalmente pelas reduções das tarifas aéreas (de 3,20% para -5,95%), dos preços do automóvel novo (de -0,05% para -0,37%) e usado (de -0,47% para -0,61%), das tarifas dos ônibus interestaduais (de 5,80% para 0,23%), do seguro de veículos (de -0,04% para -0,88%), além da gasolina (de 0,15% para -0,14%). O preço do etanol também caiu: de 4,01% para 0,30%.

Por região
Na análise por região, o índice mais alto foi observado na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,47%) e o mais baixo, em Porto Alegre (0,14%).

Taxa de juros
No último dia de agosto, em meio às turbulências nos mercados internacionais e a pressões políticas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por baixar os juros básicos da economia de 12,50% para 12% ao ano.

A decisão do Copom de baixar a taxa de juros acontece em meio a um cenário de desaceleração da economia, o que tende a impactar para baixo a inflação. O próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já avaliou que a crise internacional contribui para o controle da inflação no Brasil, porque tira uma “pressão adicional” sobre os preços dos alimentos.

Apesar disso, alguns analistas do mercado financeiro avaliam que ainda é necessário “cautela” quanto à inflação. “A inflação ainda é preocupante. Não dá nem para chamar de crise. É uma turbulência externa. Não teve efeito na economia interna. Estamos com inflação acima do teto da meta, acima de 7% em 12 meses. Embora tenha desaceleração no setor industrial, o mercado de trabalho continua forte. Há informações de reajustes salariais e serviços continuam pressionando a inflação”, avaliou Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria. Em sua visão, o Copom deve “aguardar um pouco mais para ver como está o cenário”. “A idéia é de dar uma parada até outubro, quando teremos um quadro mais claro”, acrescentou.

Metas
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Para 2011 e 2012, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Na última semana, os economistas do mercado financeiro mantiveram sua previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2011 em 6,38%, informou o Banco Central. Para 2012, por sua vez, a previsão dos economistas dos bancos para o IPCA permaneceu estável em 5,32%. O BC já informou que busca a convergência da inflação para a meta central de 4,5% somente em 2012.

INPC
Nesta terça, o IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de agosto, que variou 0,42%, acima do resultado de 0,00% de julho. Dessa foram, no ano, o indicador acumula alta de 4,14% e, em 12 meses, de 7,40%. Em agosto de 2010, o INPC ficara em -0,07%.

Na análise regional, o maior índice foi registrado na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,66%) e o menor, em Curitiba (0,02%).

Fonte: G1

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