Polícia divulga retrato-falado de suposta aliciadora de presídio do PA
A Polícia Civil divulgou no sábado (24) o retrato falado da suspeita de aliciar mulheres para presos da Colônia Agrícola Heleno Fragoso, na zona rural do município de Santa Izabel do Pará (a 50 km de Belém). Identificada como “Ane”, ela teria levado uma adolescente de 14 anos ao local, que diz ter sido estuprada por quatro dias pelos detentos até conseguir fugir.
Segundo a polícia, a suposta aliciadora teve a imagem do rosto elaborada a partir do depoimento prestado por uma adolescente à Divisão de Atendimento ao Adolescente, onde o caso é apurado. Trata-se de uma pessoa de cor parda, cabelos alisados e escuros com mechas vermelhas, cerca de 1,6 metro de altura e com idade aproximada a 25 anos, informou.
A mulher tem ainda uma tatuagem no lado interno do antebraço esquerdo com a palavra “Tiago”. A polícia pede que, quem souber do paradeiro da mulher, deve ligar para o Disque-Denúncia. A ligação é gratuita e anônima.
O caso
No dia 17 de setembro, quando o caso foi divulgado, 20 funcionários da unidade prisional, além do diretor da Colônia, foram exonerados. A Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) do Pará anunciou que começou a revisar o cadastro de todos os visitantes das unidades prisionais do estado com o objetivo de descobrir irregularidades ou visitas ilegais que estejam ocorrendo. Além disso, novas inscrições de visitantes terão maiores exigências e serão conferidas por servidores treinados.
Na terça-feira (20), o major Francisco Mota Bernardes também foi exonerado do cargo de superintendente da Susipe. O novo chefe dos presídios do Pará, o também major da PM Mauro Barbas, determinou que agentes da Susipe, com apoio da Polícia Militar, realizem revistas em todas as casas penais para verificar irregularidades. Nas revistas foram encontradas armas brancas, drogas, e celulares. Agentes que faziam parte de esquema de repasse de celulares a detentos foram presos.
Após fugir da colônia penal em Santa Izabel do Pará, a garota prestou depoimento à Polícia Civil e afirmou que, além dela, outras duas menores também estariam dentro da unidade tendo relações com os presos, diz o delegado responsável pelo caso, Fabiano Amazonas, da Divisão de Atendimento ao Adolescente. A colônia agrícola abriga 350 presos. A Susipe fez uma busca na colônia penal, mas as garotas não foram encontradas.
A Polícia Civil também trabalha para identificar os presos que participaram dos estupros. Segundo a Susipe, os investigadores ainda não solicitaram o depoimento de detentos sobre o caso.
O conselheiro Benilson Silva, responsável pelo caso da garota, afirmou ter recebido ameaças de morte pelo telefone por ter denunciado o fato à imprensa e às autoridades.
“Recebi já três telefonemas de ameaças, falando que iam me matar. Ligaram direto para o meu celular de um número restrito. Eu sou o alvo porque fui o primeiro a fazer as denúncias sobre o caso”, disse Benilson ao G1.
Segurança
Relatórios endereçados à Susipe enviados pela direção da colônia penal antes dos presídios mostram históricos de fugas, a entrada de mulheres nos alojamentos e suspeitas de tráfico de drogas e de armas.
No inicio do mês, a direção da unidade informou em um memorando que adolescentes frequentavam a colônia e que não iria permitir que a unidade se tornasse uma “casa de prostituição”. O documento também alerta sobre a existência de armas de fogo nos alojamentos e diz que os agentes prisionais estavam sendo ameaçados por detentos. No domingo (18), após uma revista, um dos agentes prisionais anotou no livro de ocorrências a presença de seis mulheres no alojamento.
Fonte: G1, em São Paulo