Áreas de tráfico de drogas serão mapeadas via satélite
Delegados e policiais civis, junto com desenvolvedores de tecnologia do Governo do Estado do Amazonas, estão fazendo um ‘mapa digital do tráfico’, que vai apontar a localização via satélite de todos as bocas de fumo existentes em Manaus. Em dois meses, foram identificados 1.600 pontos, a partir das denúncias feitas pela população.
As informações são do secretário executivo de segurança pública do Amazonas, Umberto Ramos, com exclusividade para o G1.
Segundo ele, enquanto as equipes da Polícia Civil estão nas ruas fazendo a identificação geográfica e por foto das bocas de fumo, dos traficantes e de pessoas associadas ao tráfico, técnicos da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan) e da Empresa Processamento de Dados do Amazonas (Prodam) trabalham no desenvolvimento de um software batizado de ‘Geo’. Este programa receberá as informações levantadas pela Polícia Civil e fará um mapeamento digital do maior número possível de áreas dominadas pelo tráfico.
“Teremos a identificação completa do traficante e sua área de atuação, antes de saírmos às ruas para prendê-lo. Nós precisamos estar um passo à frente do bandido. Quando ele menos esperar, já o teremos nas mãos”, garantiu o secretário executivo. “Porém, este mapa é abastecido com denúncias da população. Sem a colaboração da sociedade, não há como combater o tráfico”.
Umberto explicou que o software ‘Geo’ atenderá não somente a Polícia Civil, mas a Polícia Militar (PM) e instituições estratégicas de segurança pública. O objetivo é criar um mega banco de dados com a localização via satélite (georeferenciamento) das áreas de riscos social e de segurança existentes em Manaus, para que as ocorrências policiais sejam atendidas mais rapidamente pelas viaturas.
À Polícia Civil, o ‘Geo’ é um passo à frente no combate ao tráfico. O software faz parte da estratégia do programa Ronda no Bairro, que segue em fase de implantação. O programa, orçado em R$ 1,6 milhão, deverá estar pronto até o fim deste ano.
Tráfico em Manaus
O mapa do tráfico começou a ser feito em julho, depois que a Delegacia Especializada em Prevenção e Repressão a Entorpecentes (Depre) fez um levantamento estatístico das denúncias de tráfico e consumo de drogas que chegam à Depre e ao disque-denúncia mantido pela Secretaria de Seguraná Pública (SSP), o 181.
De acordo com o delegado Divanilson Cavalcanti, o objetivo inicial era ter o reconhecimento básico das áreas de tráfico na capital do Amazonas, mas a atividade ganhou proporções maiores. A idéia ganhou adesão da SSP e os dados apurados pelos policiais civis da Depre serão incorporados ao GEO, que reunirá milhares de localizações.
Com base nas informações apuradas entre janeiro e maio, pela Depre, foi constatado que em Manaus, a movimentação nas bocas de fumo ocorre com frequencia nas quartas-feiras, quintas, sextas e sábados, e que os traficantes costumam atuar principalmente entre 18h e 23h.
Ainda segundo as denúncias, a zona sul da cidade é o principal alvo dos denunciantes (32,2%), seguida pelas zonas leste (23,8%), oeste (22,4%) e norte (21,7%). Os bairros Compensa (zona oeste), Cidade Nova (norte), Educandos (sul), Colônia Oliveira Machado (sul) e São Jorge (oeste) são os cinco bairros que lideram na lista de denúncias de tráfico de drogas.
Logística do tráfico
De acordo com Divanilson, a Depre também está identificando os bandidos que operam com a logística do tráfico, ou seja, os que lidam com o transporte de drogas de outros estados ou países e os que fazem a distribuição delas em Manaus. “Sabemos que, no tráfico, não se trabalha sozinho. Um traficante precisa estar aliado a outro traficante distribuidor, caso contrário ele corre risco de morte. Esta rede está parcialmente identificada por nós”, afirmou.
Fonte: G1/notapajos.com