Projeto ensina comunidades tradicionais a produzir com sustentabilidade

Copaibeiras

Preservação da copaíba, capacitação profissional e geração de renda. Com esse objetivo é que a Mineração Rio do Norte, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), dá mais um passo no Projeto de Manejo das Copaíbas, que desde o início de 2011 vem atuando na orientação dos produtores locais de óleo de copaíba para o uso sustentável desse recurso natural.

Pesquisadores do INPA, juntamente com representantes das comunidades Jamari e Curuçá-Mirim, trabalham agora no inventário das copaibeiras existentes nas bordas, encostas e vales do platô Monte Branco, onde as comunidades exercem suas atividades produtivas. O platô fica localizado em Porto Trombetas, no município de Oriximiná, área de atuação da Mineração Rio do Norte.

Após passarem por um treinamento no qual foi explicada a dinâmica do projeto e recolherem amostras das madeiras de copaíba para estudo pelo INPA, os comunitários ingressaram numa nova fase, que compreende o inventário de espécies no platô – um trabalho sucessivo e complexo que deverá se estender pelos próximos meses. Vinte e oito famílias estão sendo beneficiadas com essa iniciativa.

O projeto vem disseminando técnicas de cultivo entre as comunidades, como explica o engenheiro florestal e coordenador do trabalho pelo INPA, Antenor Barbosa. “Temos duas preocupações macro nesse projeto. A primeira é manter o vínculo da comunidade com a tradição de extração do óleo. A segunda é repassar tecnologia de como extrair, armazenar e cultivar a copaíba”, salienta.

O primeiro passo para o processo de manejo é saber quantas são as árvores existentes no platô, a idade delas e em que condições estão. “Nem todas podem ser perfuradas para extração do óleo. Somente as árvores a partir de 35 centímetros de diâmetro”, explica Antenor, que tem dividido com a comunidade seus conhecimentos acadêmicos e a larga experiência na área. O coordenador da pesquisa é doutor em silvicultura, especialidade que se ocupa das atividades ligadas ao cultivo das árvores e tem sido muito usada nas práticas ecológicas.

Os benefícios do projeto estão chegando para a comunidade do Curuçá-Mirim, onde dez famílias sobrevivem da produção de farinha, coleta da castanha e beneficiamento da copaíba. Antônio Marcos Salgado, líder comunitário que trabalha com a extração do óleo desde os quinze anos de idade, enumera os avanços proporcionados pela iniciativa. “A gente sabia muito da prática de tirar o óleo, mas estamos aprendendo muito com o projeto. O tamanho, a idade e outras coisas interferem na cor do óleo que é extraído. Também aprendemos que não devemos deixar a árvore aberta, porque senão ela seca e não produz mais”, relata. “É uma boa experiência pra nós. Vamos ensinar nossa comunidade a manejar a copaíba de forma sustentável. E o bom é que, quando vamos com os pesquisadores, a gente não só ajuda na identificação das árvores, como também já faz a coleta do óleo”, diz.

Para o líder da comunidade do Jamari, Carlos José Santos, os ganhos também são para o futuro. “Esse é o nosso meio de sustento. Vivemos da extração da castanha e do óleo da copaíba. Sempre fizemos a coleta, mas nunca plantamos. Com o manejo, vamos aprender a plantar para garantir que a gente tenha sempre de onde tirar o óleo. É o futuro das nossas famílias”, argumenta.

A comunidade do Jamari reservou o terreno para o cultivo e já dispõe de cinco mil mudas de copaíba para o plantio. “O INPA vai lá, na comunidade, ensinar a gente a plantar. Também vamos vender sementes de copaíba para a MRN para o reflorestamento”, completa Carlos.

Com o plantio da copaíba em terrenos da própria comunidade, o processo de extração será otimizado. Atualmente, para garantir a produção de óleo de copaíba, os produtores caminham por 12 horas até chegar ao platô Monte Branco e ficam ausentes de casa durante uma semana, tempo necessário para concluir o trabalho na mata.

O projeto de Manejo das Copaíbas integra a rede de projetos desenvolvidos pela Mineração Rio do Norte na região oeste do Pará. Faz parte do Programa de Educação Socioembiental, que contempla o total de 12 projetos distribuídos nos pilares de saúde e segurança, meio ambiente, educação e desenvolvimento sustentável.

Por: Érica Bernardo/MRN

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