Economia de Municípios X Progresso de Belo Monte
No início da semana esteve no município de Santarém (PA), uma comissão formada por representantes de três municípios e de uma entidade pesqueira, atingidos na economia de base pela construção da Usina de Belo Monte, na proximidade da cidade de Altamira (PA). Os secretários municipais de agricultura de Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo, Helton Gama, José Pereira e João Zeli, respectivamente, conheceram projetos particulares de agricultura e piscicultura, em comunidades santarenas. Uma experiência que deve ser trabalhada nessas cidades como solução ao alarmante êxodo rural.
“A demanda na falta de alimento nesses municípios cresceu muito com o empreendimento da Usina”, diz o secretário de agricultura de Altamira, Helton Gama. Confirma que a escassez no setor agrícola e pesqueiro teria sido conseqüência do atrativo do homem do campo ao emprego formal na empresa construtora da obra de Belo Monte. Por isso, ocorreu essa união dos secretários de agricultura a buscar meios para consolidar a economia e vetar a evasão do campo. “Ficamos surpresos pela simplicidade do projeto de piscicultura que visitamos, como o tanque cavado, é grande o resultado desse projeto”.
O representante de Altamira confirmou que mesmo antes do empreendimento da Usina, a Colônia de pescadores Z-57 deixava de suprir o consumo local. Por conta do descontrole da saída do pescado, principalmente para a cidade de Macapá. “Era impossível controlar a saída do pescado para São Felix do Xingú, Uruará, e principalmente Macapá. Hoje, o que chega à sede não atende mais esses municípios pela grande escassez, o consumo dessas cidades está sendo mantida por Santarém”, revela Helton Gama.
Para o secretário de Agricultura de Vitória do Xingu, encontrar uma saída para o produtor rural deve ser emergencial. “A população está dobrando e a produção que temos é de baixo escalão. E a visita nesses projetos em Santarém pode suprir a carências em nossos municípios”. O alerta do secretariado está na população deixar de ser refém de um período passageiro, a de construção da usina. “Por exemplo, a usina coloca 200 pessoas nas obras, mas operação somente 100. É nisso que estamos preocupados e viabilizando saídas com base nesses projetos”.
Os resultados positivos desses projetos na produção familiar em Santarém, através da empresa de consultoria motivaram o governo municipal de Vitória do Xingu, a correr atrás da idéia, disse o secretário de agricultura desse município, João Zeli. “Devemos executar a idéia para nosso trabalhador continuar as atividades no campo. Na utilização de maquinários e na abertura de estradas para facilitar o escoamento dos produtos”. O presidente da Colônia de Pescadores Z-57, no município de Altamira, José Nascimento, lamentou a falta do projeto de piscicultura, principalmente agora no período do defeso. “O Município fica com baixa no produto e a busca pelo pescado em Santarém”.
O consultor da empresa coordenadora dos projetos em Santarém, Diogo Gomes, confirma a cautela em aplicar as atividades das comunidades santarenas às regiões desses municípios. “Nossa equipe já fez duas visitas em Altamira para saber a necessidade local. Verificar a demanda de cima para baixo e tentar reaplicar nos três municípios que vão ser afetados diretamente. Nós já estamos com um projeto de piscicultura pronto. E deve ser apresentado em março de 2012 para a coordenação do Consórcio Belo Monte”. Diogo explica que no setor agrário já existe um projeto pronto, o da mandioca. O público alvo dessa atividade são as cooperativas que trabalham com esse produto. No entanto, alternativas estão em fase de análise pela empresa de consultoria. “Outro projeto, é do Guaraná que hoje tem uma indústria em Altamira fabricando guaraná, só que a demanda do produto é pouca. Nós fizemos reuniões com representantes das indústrias e dos agricultores, caso o projeto seja concretizado o produto já vai estar com garantia de compra. E tem de tudo para dar certo”.
Fonte: RG 15/O Impacto e Alciane Ayres