Eliana Calmon, do CNJ, reage: “Não fiz devassa”

Eliana Calmon

É uma operação de risco, mas a ministra Eliana Calmon decidiu partir para o ataque. A contra ofensiva da corregedora nacional de Justiça ocorreu nesta quinta-feira (22), por meio de uma entrevista coletiva em Brasília. Mulher de sinceridade à flor da pele que não mede palavras, Eliana Calmon acusou as associações de magistrados, que chamou de “ovo da serpente”, de orquestrar uma campanha contra o CNJ.

A ministra disse que era alvo de uma “tentativa de linchamento moral” de caráter corporativo. A ministra se referia a acusação de promover uma devassa fiscal, contra magistrados. Ela considerou “desencontradas e absurdas” as informações veiculadas pelas associações de magistrados de que mais de 200 mil pessoas -entre juízes, servidores, familiares e pensionistas -estariam sob investigação do CNJ.

A ministra informou que no Tribunal de Justiça de São Paulo, onde há mais irregularidades detectadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), só foram apontadas 150 “transações atípicas” (movimentações superiores a R$ 250 mil), num universo de 2 mil juízes. Ainda segundo ela, tais irregularidades -falta de declarações de bens e de Imposto de Renda, sobretudo -devem ser menos de 500.

Eliana Calmon interrompeu seu recesso na Bahia e convocou entrevista coletiva, na sede do CNJ, por conta do que chamou do escândalo criado pelas associações -segundo ela o “ovo da serpente” -que “querem desviar o foco da atuação de controle da Corregedoria Nacional, prevista na Constituição Federal, na Lei 8.429/92 (Sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito) e no Regimento Interno do CNJ”.

A ministra explicou que não tem ainda em mãos o levantamento dos cruzamentos feitos pelos técnicos da Coaf, mas que a situação de São Paulo chamou a atenção pelo fato de 45% dos juízes e desembargadores não terem disponibilizado suas declarações de Imposto de Renda.

“Mas não são todos os magistrados, nem muito menos mais de 200 mil pessoas no país todo, e não estamos fazendo nenhuma devassa fiscal, com quebra de sigilo. Não são mais de 150 casos que estão sendo investigados. O Coaf está cruzando dados das folhas de pagamento, e não tenho ainda ciência de todos os dados. Na Justiça do Trabalho não foi detectada nenhuma suspeita de irregularidade, e na Justiça Militar apenas uma”, disse Eliana Calmon.

A Corregedora nacional foi taxativa quando se referiu a informações de que pelo menos dois ministros do Supremo Tribunal federal -Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, que foram desembargadores do Tribunal paulista antes de serem nomeados para o STF -estariam sendo investigados.

“Quero dizer que não há nenhuma informação sobre ganhos dos ministros do STF, até por que as folhas examinadas são relativas aos anos de 2009 e 2010, quando os citados já eram integrantes da Suprema Corte. Eu também não poderia estar investigando nenhum ministro do STF por que a Constituição não dá essa competência ao CNJ”, frisou.

E concluiu: “Estou absolutamente segura da correção do meu agir, e no aguardo das decisões do STF, as quais cumprirei mesmo que não esteja de acordo com elas. Tenho mandato de corregedora nacional de Justiça até setembro de 2012, e vou cumpri-lo até o fim”.

Da Redação

4 comentários em “Eliana Calmon, do CNJ, reage: “Não fiz devassa”

  • 26 de dezembro de 2011 em 16:11
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    Quem fala a verdade nesse pais sofre muito, quem escreve a verdade é perseguido e quem cumpri a verdade é assassinado ou assassinada, exemplo MINHA GRANDE AMIGA, COMPANHEIRA DE TODAS AS HORAS PATRÍCIA LOURIVAL ACIOLI, JUÍZA DA 4 VARA CRIMINAL DE SÃO GONÇALO, UMA MULHER COM A CORAGEM DE UM EXÉRCITO ROMANO, PAGOU COM A VIDA POR SER HONESTA!
    PAZ E LUZ

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  • 26 de dezembro de 2011 em 14:18
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    A postura destes juizes das associações de magistrados e outros quem não quere deixar ser investigados pelo CNP para que tudo fique transparente num momento em que a população brasileira aumenta seu grau de coonscientização,só interessa aqueles que defendem a chamada DITATURA, sob o argumento de que não há ordem, é o que tenho ouvido nos bastidores,mas não podemos concordar,pois ao contrario, o brasil tem que avançar, radicalizar e aprofundar a democracia com a transparencia, o controle social e a eficiencia na gestão pública.
    Força para o CNP,criado e fruto de articulações populares,e que os reacionarios querem acabar e não podemos retroceder.

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  • 26 de dezembro de 2011 em 12:27
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    A Ministra Eliana Calmon é uma mulher admirável, está fazendo um EXCELENTE trabalho.
    Nós q/ apreciamos e nutrimos a esperança num Brasil melhor p/ todos os brasileiros sendo eles trabalhadores estudados ou não, sendo doutores ou não,nós temos q/ torcer por esta autoridade q/ é uma Sra., um ser humano q/ está cumprindo c/ o trabalho dela.
    Temos q/ orar pq Deus iluminá-la e fortalecê-la p/ ela localizar e punir as pessoas q/ arrotam honestidade e são as maiores criminosas do colarinho branco!!
    \”Quem não deve não teme\”.
    POR QUE SERÁ Q/ ESSAS AUTORIDADES INVESTIGADAS ESTÃO RECLAMANDO?! POR QUE TANTO MEDO E MÁGOA,RAIVA?!

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  • 26 de dezembro de 2011 em 10:55
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    (…) Ser ou não ser, eis a questão! Que é mais nobre para o espírito: sofrer os dardos e setas de um ultrajante fado, ou tomar armas contra um mar de calamidades para pôr-lhes fim, resistindo?… …Porque, senão, quem suportaria os ultrajes e desdéns do tempo, a injúria do opressor, a afronta do soberbo, as angústias do amor desprezado, a morosidade da lei, as insolências do poder e as humilhações que o paciente mérito recebe do homem indigno… (Shakespeare). Longa vida a Ministra Calmon!

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