Prisão de Anísio Abraão David reacende debate sobre jogo do bicho

Anisio Abraão

O contraventor Anísio Abraão David, presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, passou a noite em um hospital penitenciário do Rio de Janeiro. Ele foi preso na quarta-feira (11) depois de ficar quase um mês foragido.

Anísio Abraão David foi levado para a Corregedoria da polícia e disse que ficou surpreso com a prisão. “Não sei por que eu estou preso. Tem de saber. Não sei por quê”, disse o presidente de honra da Beija-Flor.

Imagens mostram o momento em que Anísio Abraão David foi preso pela manhã, em Copacabana. O carro da polícia fechou o carro de Anísio. Um policial civil e um aposentado estavam junto com ele e também foram presos.

Anísio Abraão David passou mal e foi examinado por peritos médicos. Eles atestaram que Anísio estava com arritmia cardíaca e pressão alta e, por isso, não prestou depoimento. À noite, Anísio Abraão foi levado da corregedoria da Polícia Civil para o Hospital Penitenciário de Bangu, onde permanecerá sob prisão preventiva.

Anísio Abraão David vai ser indiciado por formação de quadrilha armada, assim como os outros dois presos que estavam com ele. A pena para esse crime é de até oito anos de prisão. Seu advogado vai aguardar o julgamento de um novo habeas corpus.

Anísio Abraão David estava foragido desde a Operação Dedo de Deus, que começou no mês passado e prendeu 44 pessoas. Os policiais usaram um helicóptero e até rapel para entrar na cobertura de Anísio, considerado pelos policiais um dos chefões do jogo do bicho no Rio de Janeiro.

A prisão de Anísio na quarta-feira (11) traz de volta uma discussão: o jogo do bicho deve deixar de ser contravenção para se tornar crime? “O jogo do bicho tem ao seu redor uma série de outras praticas ilícitas muito graves como homicídios, corrupção de agente públicos, lavagem de dinheiro e tráfico de armas. Não tem muito sentido a infração original ser tratada com essa benevolência toda pela legislação penal”, disse o procurador geral de Justiça do Rio de Janeiro, Cláudio Lopes.

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, também é a favor da mudança na lei. “Não vamos resolver esse problema na medida em que essas pessoas que, aonde tem a origem, voltem e continuem praticando. Se isso tem de ser feito dessa forma, eu entendo que devemos partir para outra medida: quem sabe a legalização ou quem sabe tornar isso crime”, declarou o secretario de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.

Em Brasília, uma comissão do Senado já começou a discutir a possibilidade de mudança na legislação. “Como crime, hoje estariam tipificadas como contravenção penal com níveis com pena de detenção. Se a reforma vingar, existirá o crime de exploração do jogo do bicho e o crime da exploração de máquinas caça-níqueis”, explicou o ministro Gilson Dipp, presidente da Comissão especial para reforma do Código Penal.

Fonte: bomdiabrasil

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