Amebíase atinge quase 2 milhões no Pará

Especialista alerta para o perigo de contaminação pelo protozoário Entamoeba histolytica, responsável pela transmissão da amebíase

O fenômeno da maré alta dos últimos dias tem feito a alegria da garotada na periferia de Belém. São meninos e meninas que por ignorar os perigos de tomar banho nas enxurradas, valas e canais aproveitam o momento para brincar como podem. Mas para o doutor em parasitologia humana e professor do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (UFPA), Evander Batista, o que começa como diversão pode terminar no hospital. Ele alerta para o perigo de contaminação pelo protozoário Entamoeba histolytica, responsável pela transmissão da amebíase, doença que acomete pelo menos 23% da população paraense, segundo estudos do Núcleo de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Pará.

“A amebíase é causada basicamente pela ingestão de água e alimentos contaminados. Falta saneamento básico, mas também falta lazer nas periferias. Sem piscina, as crianças aproveitam que a maré sobe para se divertir e acabam correndo riscos porque durante a brincadeira ingerem água, muitas vezes contaminada”, explica o pesquisador que vê os casos da doença se multiplicar nesta época do ano que coincide com o aumento das chuvas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há 50 milhões de novas infecções da doença por ano e 70 mil mortes chegam a ser registradas. A transmissão é simples. Sem tratamento adequado as fezes humanas carregadas de cistos do protozoário ganham o solo e a água e aguardam o momento mais oportuno para contaminar novas pessoas. “O cisto, que é a forma resistente da doença, pode durar meses e até anos na água e no solo, contaminando os alimentos e a água. Quando alguém tem um protozoário no intestino e defeca onde não tem saneamento básico, pode ocorrer a contaminação do leito de água, da fruta, da hortaliça. Outra pessoa que venha a ingerir esta água ou alimento contaminado leva o cisto para o seu intestino onde este se torna protozoário responsável pelo desenvolvimento da doença”, define.

O especialista também explica que a amebíase pode, ou não, causar sintomas. “Há situações em que a doença é assintomática. A pessoa pode até ser portadora do protozoário, e não apresentar quadro clínico nenhum. Mas é importante ficar atento. Trata-se de uma doença negligenciada que pode ser muito nociva ao homem, nos casos mais graves, o protozoário sai do intestino grosso e pode chegar ao fígado, pulmão ou cérebro. Nesses casos, sem intervenção médica, o indivíduo pode ser levado a morte em dois meses”, alerta.

CUIDADO

Mais predispostas às parasitoses, as crianças são as que mais se contaminam com a doença. De acordo com a pediatra Ana Rosa Pedreira, os pais precisam estar atentos às condições de higiene dos filhos para impedir a vulnerabilidade à contaminação. “A prevenção é a nível público através do saneamento básico e correto tratamento dos dejetos humanos, mas também esta ligada aos cuidados pessoais com higiene e alimentação. É preciso está atento aos sucos, chopes e alfaces dos sanduíches servidos na rua. As frutas e verduras precisam ser bem lavadas, a água com que os alimentos são preparados deve ser tratada”, ensina.
Sintomas como febre, diarreia e náuseas indicam que é hora de procurar o especialista. “A qualquer sinal inclusive de mudança de humor da criança, o pediatra deve ser consultado. Os pais não podem automedicar os filhos, o tratamento é simples, mas o medicamento correto deve ser prescrito apenas pelo médico”, alerta.

Fonte: Diário do Pará

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