Cartão de crédito: anuidade é o que mais pesa na escolha
Na hora de contratar um cartão, o que é mais relevante? As taxas de juros, os prêmios que ele oferece ou a anuidade? A maioria dos brasileiros considera a última opção como o fator determinante para que o produto valha a pena, como mostra estudo feito pela CVA Solutions, especializada em pesquisas de mercado. Segundo a pesquisa, dos 6.956 entrevistados, 51% levam em conta o valor da anuidade, enquanto que 49% optam por juros mais baixos. A decisão faz sentido se o usuário tiver certeza de que nunca vai cair no rotativo.
De acordo com o Sandro Cimatti, sócio diretor da CVA Solutions, os consumidores já aprenderam que entrar no rotativo do cartão de crédito não é um bom negócio. Segundo ele, 86% dos brasileiros pagam a fatura integralmente. “Por isso é que o preço da anuidade acaba pesando. Mesmo que o cliente acabe entrando no rotativo, no momento da contratação, ele não tinha essa intenção ”, explica.
Esses critérios, na opinião do Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), estão errados. “É muito provável que, mesmo aquele consumidor que não tenha pretensão de entrar no rotativo ao contratar o cartão, um dia caia nele. E aí, vai encarar juros que podem chegar a 440% ao ano”, alerta. “Se for cartão private label (emitido por um varejista), é pior ainda.” Os juros de um cartão desse tipo podem atingir até a 1.000% ao ano.
Para o educador financeiro da Moneyfit, André Massaro, considerar a taxa anual e não os juros até poderia ser um sinal positivo, mas o brasileiro faz isso pelos motivos errados. “Quem pega o cartão já levando a taxa de juros em conta, já pensa em usar o crédito errado. Nesse sentido, considerar a anuidade é bom. Mas muitos consumidores pensam primeiro na despesa de curto prazo como determinante (no caso, a anuidade) e se endividam de qualquer maneira”, afirma.
Outro ponto da pesquisa é a relação entre a anuidade e os benefícios. Dos entrevistados, 30% escolheram o cartão pela taxa anual cobrada, enquanto que 14% optam pelos ‘benefícios’ oferecidos, tais como milhas, prêmios e outras vantagens – entre elas a segurança, que representa 22% da escolha do usuário (veja quadro nesta página).
Segundo o professor Roy Martelanc, de curso de MBA banking da FIA, as pessoas reparam justamente naquilo que mais salta aos olhos. “Os benefícios são menos tangíveis. Muitos deles, o dono do cartão nem vai usar. A taxa de juros também não assusta, porque a pessoa não se enxerga caindo no negativo logo que contrata o cartão”, diz.
Formada em marketing, Vivian Paulino, de 26 anos, já abriu mão de alguns benefícios para ter o cartão de crédito no mesmo banco onde tem sua conta corrente e, claro, por uma anuidade menor. “Minha pontuação hoje em dia é bem menor. Mas pelo menos não tenho de pagar uma anuidade tão alta”, conta.
Crédito menor
Na maior parte das vezes, o consumidor que busca taxa anual menor ou nenhuma no seu cartão tem de abrir mão do crédito alto e dos benefícios. Cimatti, da CVA Solutions, explica ainda que, normalmente, os cartões que oferecem anuidade zero ou reduzida são os do varejo. Os que têm mais vantagens são os de banco, cuja anuidade é mais alta.
“O cartão do varejo não costuma oferecer um limite alto de crédito, pois, teoricamente, as empresas não conhecem a vida financeira do cliente. Quem conhece é o banco”, explica. Ou seja, se o cartão tem limite baixo, não oferece vantagens, que aumentam na medida que o usuário passa as comprar no crédito. “Para compensar isso, o varejo reduz a anuidade”, completa Cimatti.
Fonte: Jornal da Tarde