Vinte anos após impeachment, ex-primeira-dama prepara biografia sobre abandono e conflitos com Collor
Uma história de altos de baixos. Assim pode ser definida a vida da ex-primeira-dama Rosane Brandão Malta, 47. O glamour vivido no início dos 90, quando o então marido Fernando Collor de Mello assumiu a Presidência da República, deu lugar uma vida simples e solitária.
Vinte anos após a saída do Palácio do Planalto, com Rosane vestida de tailleur rosa e segurando firme a mão do marido que acabara de renunciar à presidência (e que ainda teria os direitos políticos cassados), a vida da ex-primeira-dama é marcada por conflitos e pelo abandono do ex-marido –tudo fará parte de uma biografia que está sendo escrita pelo o biógrafo Fábio Fabrício Fabretti. O lançamento está previsto para o final deste ano ou início do ano que vem. O livro deve conter detalhes marcantes da convivência com o ex-presidente e atual senador pelo PTB de Alagoas.
A VIDA DEPOIS DE COLLOR
Contra a vontade da família Malta –uma das mais tradicionais de Alagoas–, Rosane casou-se aos 19 anos de idade com Collor, mais de dez anos mais velho. Enquanto estavam casados, ela dedicou-se a acompanhá-lo na vida política. Os dois viveram juntos até 2005, quando Collor saiu da mansão em que vivia com Rosane e nunca mais voltou.
Amigos de Rosane relataram que ela soube que “estava separada” por jornais, que contavam sobre o relacionamento do ex-presidente com a então namorada Carolina Medeiros, atual mulher do senador.
Deprimida, teria se isolado do mundo e ficado “de cama” em um dos quartos da mansão do Murilópolis, bairro nobre de Maceió. À época, ela também havia perdido a mãe e ainda não tinha superado o trauma.
Atualmente, Rosane tenta fugir da imagem de ex-primeira-dama e quer ter uma vida comum. Ela mesma dirige seu carro, vai ao supermercado e, para ocupar o tempo, se dedica a trabalhos sociais e religiosos na igreja batista “El Shaddai”. Frequenta uma academia e nada na piscina de casa.
A mansão em que o casal vivia, em Maceió, também não é mais a mesma. A reportagem do UOL visitou o local, que apresenta sinais de desgaste pelo tempo. O mato atrás da residência blindou a visão do suntuoso imóvel, que tem quadra de tênis, campo de futebol, piscina, e heliporto.
Os portões já não são abertos a todo momento, ao contrário do entra e sai de carros que movimentava o local quando Collor morava com Rosane. Hoje, a calmaria na rua é tamanha que quando um carro diferente se aproxima, os seguranças da mansão já ficam à espreita.
Dois anos depois da separação, com a ajuda de amigos e familiares, Rosane foi voltando ao meio social. Tornou-se protestante assídua na igreja.
Em uma festa junina, conheceu o advogado e químico industrial Alder Flores, que teria sido seu único namorado depois do fim do casamento. Os dois ficaram juntos por cerca de dois anos. Ainda mantêm contato, como amigos.
Rosane estava com Flores quando encontrou pela primeira vez com Collor depois da separação. O ex-presidente estava acompanhado pela mulher. O encontro casual ocorreu em um supermercado de Maceió e os dois não se falaram.
Impeachment de Fernando Collor completa 20 anos
Foto 27 de 29 – Collor olha para o relógio momentos antes de assinar o documento pelo qual reconhece que responderá, fora do exercício do cargo, por crime de responsabilidade, em Brasília, em outubro de 1992. Foram colocados à disposição de Collor 500 quilos de documentos nos quais as acusações contra ele se baseavam, além de 927 páginas de processo judicial Roberto Jayme/Folha Imagem – 02.10.1992
Ao UOL, Flores afirmou que nunca se intimidou com o fato de Rosane ser uma ex-primeira-dama, mas disse que muitas vezes o casal chegou a se chatear com o assédio da imprensa e da população.
“Esta é a primeira vez que dou uma entrevista sobre relacionamento que tive com ‘lindinha’. Ela, por onde passa, todo mundo olha. Sempre saíamos para nos divertir em cinema, restaurantes comuns à sociedade e também em locais simples”, contou Flores, destacando que sempre manteve o relacionamento reservado.
Os passeios do casal eram uma estratégia de Flores para ajudar Rosane a voltar à convivência social. “Vez por outra, convencia Rosane de ir a restaurantes, cinema e outros locais públicos para ela gradativamente ir se reintegrando ao meio que ela faz parte.”
Segundo Flores, Rosane não se sente bem em morar na mansão e pretende um dia mudar-se para um apartamento. “Sempre a buscava para sair de casa, para tirá-la daquele lugar que só lhe traz lembranças do passado que a deixou depressiva. Entrava e saía rápido.”
O futuro de Rosane é uma incógnita. Muitos falam em candidatura à prefeita de Canapi, sua terra natal. Atualmente, ela move um processo contra o ex-marido para conseguir parte dos bens adquiridos durante o casamento. Em dezembro de 2010, ela chegou a vencer uma ação que pedia dois apartamentos e dois carros, no valor total de R$ 950 mil. O ex-presidente recorreu da decisão.
Rosane também pede revisão da pensão paga por Collor, que atualmente seria de 20 salários mínimos (aproximadamente R$ 12,4 mil).
Fonte: UOL
Pobre Rosane. Esperar o que, do ladrão da poupança alheia?