PT: Procura-se um candidato a vice

Sai Inácio entra Lucineide. Esta foi a difícil missão das lideranças do PT, num gesto público de derrota antecipada. O partido nem de longe lembra que conseguiu 4 anos atrás, formar uma coligação forte, que foi se pulverizando ao longos do segundo mandato de Maria do Carmo. Osmando Figueiredo o presidente do PDT bateu o pé e não aceitou a indicação de do advogado José Ronaldo Dias Campos como vice de Lucineide, e indicou seu filho Bruno Pará. Diante da negativa, manteve a sua candidatura a prefeito. Mas a novela ainda pode ter desdobramentos. Se isso acontecer, mais uma vez Osmando sai vitorioso nas suas articulações.

O final das convenções para a escolha de pré-candidatos as eleições de 7 de outubro, revelou outras surpresas e confirmou também tendências, que deixaram atônitos os observadores mais atentos.

Para começar, logo por volta do meio dia de sábado, Lira Maia bradou na convenção do PSDB: “Sou candidato sim”, (e depois de uns segundos milimetricamente calculados), concluiu a frase: “candidato a ser o maior cabo eleitoral do Alexandre Von”. A candidatura da irmã de Lira Maia, Maria José Maia, havia sido confirmada na noite anterior, como forma de se acalmar os murmúrios de que Lira Maia estaria propenso a lançar candidatura própria, com ele na cabeça. Maia estaria magoado com o governo

Como é sabido, Maia e Zenaldo se colocaram em situações opostas no recente plebiscito sobre a emancipação política do Oeste Paraense. O clima de insatisfação poderia comprometer seriamente a candidatura de Alexandre Von. Mas em nome da unidade da composição da chapa, Maia teria relevado o desconforto. Mesmo com clima de boataria, a coligação na virada do dia da convenção do PSDB, conseguiu aglutinar  na sua composição, o PSD, o PV e o PSD, três siglas que podem influenciar como fiéis da balança em uma eleição cheia de surpresas. O tom do discurso de Alexandre é de “choque de gestão”, antecipando como serão os embates no palanque eletrônico.

Antes disso, ainda no sábado, Maria José Maia, irmã de Lira Maia, foi aclamada vice de Alexandre pelo DEM. Composição sempre previsível, pois Maia não abria mão dessa condição.

Mas a expectativa era para a finalização das conversações. José Maria Tapajós esperou até os últimos instantes para ter o apoio do PT na condição de vice. Em sua fala durante a convenção na noite do último sábado, Tapajós mostrou segurança ao dizer que “não me arrependo de ter feito pelo PT, tudo o que fiz quando estive Prefeito, e hoje recebo a ingratidão”. Um recado sem rodeios ao antigo aliado.

Com a decisão do PT de ter candidatura própria, o PMDB acabou saindo com candidatura puro sangue. José Maria Tapajós e o atual vice José Antonio Rocha.

A ironia da chapa é principalmente o fato de José Antonio ter assumido a Prefeitura na ausência der Maria do Carmo, dentro do prazo de seis meses que antecede as eleições, inviabilizando por tabela, a candidatura do seu pai o deputado Antonio Rocha para concorrer como cabeça de chapa.

A Legislação Eleitoral estabelece que o vice ao assumir a Prefeitura, feriu os preceitos da lei, que veta a consangüinidade até o segundo grau em cargos majoritários. José Maria Tapajós acabou se confirmando como o candidato natural ao cargo. Tapajós diz que reconhece José Antônio como um candidato conhecido na vida pública e sem rejeições.

A insistência de parte das lideranças do PT em indicar Inácio como o candidato do PT, e principalmente da prefeita Maria do Carmo, sucumbiu. Durante a convenção do partido, Lucineide Pinheiro, o plano B, foi colocado a pública em cima da hora, mas a cúpula do partido, que não quis se aliar ao PMDB, já tinha conhecimento há muito tempo que Inácio não conseguia decolar.

O preço pago pela “teimosia”, aliado à fragmentação da antiga base aliada, acabou comprometendo a eleição tida como certa de Lucineide à Câmara de Vereadores.

Mas o inferno astral do PT não parou por aí. O PDT um dos poucos aliados na eleição passada, inicialmente abriu mão de candidatura própria do seu líder maior Osmando Figueiredo, para compor na condição de vice.

Durante as vésperas da convenção, especulava-se que Marcela Tolentino seria a indicada. Mas outro fato de última hora acabou tendo um desmembramento ainda mais desastroso. O nome de Marcela teria sido rejeitado pela companheirada. No lugar de Marcela, o partido (PT) queria o advogado José Ronaldo Dias Campos. A reação de Osmando foi imediata. No lugar de José Ronaldo, Osmando preferia indicar seu filho Bruno Pará.

Há pouco mais de uma semana, Osmando em entrevista ao IMPACTO, assegurava que gostaria de ter na sua chapa, José Ronaldo como seu vice, outra chapa previsível de prosperar como puro sangue. Na mesma entrevista, Osmando anunciou que seu filho Bruno Pará estava desistindo da vida pública, diante da experiência de falta de apoio do governo municipal, durante a sua permanência na Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento.

O impasse acabou provocando um racha do PT com o último dos moicanos com expressão, disposto a permanecer na colisão. Osmando resolveu dar um fim na situação e voltou a manter a sua candidatura  a Prefeito. José Ronaldo também deixou de ser o candidato perfeito para o cargo de vice. Uma ilustre desconhecida professora da UEPA, teria sido convocada de última hora para compor com Osmando. A confirmação não pode ser feita, pois Osmando permanece com seu telefone desligado.

O PT agora procura um vice para a sua chapa. Com todas as previsões sucumbidas, fica difícil de saber quem comporia a chapa encabeçada pela professora Lucineide Pinheiro.

Independente da aceitação dela no âmbito do magistério, a classe dos mestres, pode se dividir uma vez que a candidata a vice na chapa de Alexandre Von, é a também professora Maria José Maia, que acaba por dividir os votos da classe.

Ontem também o quase incorrigível Joaquim Hamad desistiu de ser candidato e seu partido, o PT do B, se coligou com outros três que já estavam definidos com a nomenclatura de Coligação Santarém Urgente. A desistência de Hamad não deve representar maiores impactos durante o processo eleitoral. Ele foi candidato na eleição de 2008, e não conseguiu chegar aos 200 votos.

Márcio Pinto confirmou a sua candidatura pelo PSOL, sem coligações. De mudança, só meso seu vice que já tinha sido anunciado como certo. Mike Vieira, substitui Francisco Brito, que não quis arriscar por estar com pendências de filiação. Esta também é chapa puro Sangue.

Rubson Santana, do PSTC, em cima da hora, ainda procurou José Maria Tapajós para compor, desde que a cabeça de chapa fosse de Rubson, proposta rejeitada de imediato. Sem ter conseguido decolar, restou a Rubson, ficar sozinho, mas não por opção.

Quem pensa que as articulações pararam no último prazo das convenções está enganado. O PT ainda pode rever sua posição de aceitar a composição com o PDT, nos moldes estabelecidos por Osmando, ou quem sabe até, repensar e correr atrás de José Maria Tapajós, agora em clima de súplica, se habilitar a ser vice na chapa do PMDB. Mas a concluir da frase em tom de desabafo de Tapajós, a resposta pode ser um redondo não.

Efetivamente a legislação estabelece até o dia 05 de julho para que sejam apresentados todos os registros de candidaturas a Prefeito, vice e vereadores. Até lá, todas as pendências poderão ser sanadas. Só, então, se terá a clara noção das composições para a disputa das eleições de 7 de outubro, sem qualquer prejuízo aos partidos que não haviam  chegado a um consenso.

Fonte: Rb 15O Impacto