Goleiro titular da Copa de 70, Félix morre em São Paulo
O ex-goleiro Félix, do Fluminense e titular da seleção brasileira campeã do Copa do Mundo de 1970, no México, morreu na manhã desta sexta-feira, aos 74 anos, em São Paulo. Ele estava internado desde o último sábado com um enfisema pulmonar. Ainda não foram divulgados o horário e o local do velório. A CBF determinou um minuto de silêncio em todas as partidas do Brasileirão neste fim de semana em memória do ex-jogador. Foi o segundo titular da seleção de 70 a falecer (em 1974, em um acidente de carro, a vítima foi o lateral-esquerdo Everaldo).
Féliz foi ídolo da torcida tricolor e integrou a Máquina, em 1975, como era conhecido o time do Fluminense. O início da carreira foi no futebol paulista, pelo Nacional AC. Depois atuou no Juventus e na Portuguesa. A transferência para o clube com o qual mais se identificaria, o Fluminense, foi em 1968. Lá nas Laranjeiras viveu seu auge como goleiro. Aposentou-se no clube, em 1976.
Pelo Fluminense Félix jogou 319 partidas. Foi campeão carioca em 1969, 1971, 1973, 1975 e 1976. Ganhou também a Taça de Prata, em 1970, que na época correspondia ao Campeonato Brasileiro. Em 1976, no último ano de carreira, ganhou ainda o Torneio de Paris com o Fluminense.
Nas Laranjeiras, foi decretado luto de sete dias pela morte de Félix.
Abel Braga, técnico do Flu, lamentou a morte do ex-goleiro:
– A perda de um grande amigo é uma catástrofe na memória. O saudoso Nelson Rodrigues completaria 100 anos, e hoje (sexta) perdemos o “Papel”. Eu chamava ele assim, e ele me chamava de “Meninão”. Meu grande amigo Félix. Há pouco tempo nos falávamos pelo telefone. Houve também a perda do Roberto Moreno (observador técnico). Trabalhamos juntos e conquistamos 13 títulos. Foi uma semana difícil. Que possamos terminar de forma alegre para oferecer uma vitória a estas três pessoas que marcaram muito. Será uma responsabilidade maior – disse Abel.
Presidente do Fluminense, Peter Siemsen fez coro com o treinador.
– O primeiro jogo que vi do Fluminense foi com o Félix no gol. O clube perde um de seus maiores ídolos, goleiro que foi referência para muitas gerações de torcedores. Ele ainda agarrava sem luvas, uma época romântica. Ele estava no time no início da Máquina Tricolor, um ídolo que honrou a camisa do Fluminense e a da Seleção Brasileira, titular do time que venceu a Copa do Mundo de 1970. Félix está eternizado na história do clube. Nos solidarizamos com a família, a quem enviamos nossos sentimentos – disse o dirigente.
Torres e Clodoaldo lamentam a morte
Capitão do tri, Carlos Alberto Torres agradeceu a Félix a conqusita no México:
– Foi graças a ele que conseguimos aquela vitória.
O ex-volante Clodoaldo, também integrante da seleção campeã mundial em 70, disse que se encontrou com Félix recentemente, em evento organizado por Cafu.
— Ele estava com problemas respiratórios, mas conversou com todo mundo, brincou e até cobrou a aposentadoria dele com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
Clodoaldo ainda exaltou o caráter de Félix:
— Eu tenho uma estima muito grande por ele, pela família, as filhas. Foi um cara que marcou sua história no futebol e uma grande pessoa.
Nascido em Caratinga, em Minas Gerais, Félix Miéli Venerando trabalhou como preparador de goleiros do Fluminense de 1976, quando pendurou as luvas, até 1980. Ele foi também treinador do Avaí, de Florianópolis, em 1982.
Presidente da CBF, José Maria Marín acompanhou a trajetória de Félix desde os tempos de Portuguesa, onde começou. E emitiu um comunicado sobre a morte do ex-goleiro:
– O torcedor brasileiro deve ser eternamente grato pela contribuição que Félix deu à Seleção Brasileira. É um ídolo do nosso futebol e deixará saudades.
Aldo Rebelo, ministro dos Esportes, também manifestou pesar pela morte de Félix:
– A grande família do esporte e do futebol está de luto. A perda do goleiro Felix Mielli Venerando inscreve definitivamente este grande jogador da seleção brasileira, da Portuguesa e do Fluminense na história do país.
Números pela seleção
Pela seleção principal: 47 jogos, 33 vitórias, 9 empates, 5 derrotas.
Gols sofridos: 46
Copa do Mundo: 1970
Jogos em Copa do Mundo: 6 jogos , 6 vitórias.
Gols sofridos em Copa do Mundo: 7
Títulos: Copa Rio Branco (1967, 1968), Copa do Mundo (1970), Copa Roca (1971).
Estreia pela seleção: Brasil 5 x 3 Hungria, no dia 21 de novembro de 1965
Último jogo pela seleção: Brasil 0 x 2 Flamengo, no dia 6 de outubro de 1976
Clubes da carreira de Félix: Juventus (SP) (1953-1955); Portuguesa de Desportos (1955-1957 e 1961-1968); Nacional (SP) (1957-1960); Fluminense (RJ) (1968-1976).
Fonte: O Globo