Mantega: ‘Não esperem que o câmbio derreta’
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira que não se deve esperar “que o câmbio venha a derreter” e que o real pode flutuar dentro de um patamar que garanta a competitividade da indústria. Durante o Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas, nesta quarta-feira, ele afirmou que “a política cambial não muda, ela veio para ficar”. Segundo o ministro, junto com a queda de juros e as desonerações, a política cambial é uma “força poderosa” para dar competitividade à economia.
Embora o Banco Central (BC) tenha vendido moeda esta semana para pressisonar uma queda do dólar, Mantega disse que o governo não está mudando a política cambial e que ela não é instrumento para baixar preços.
– (Câmbio) Não é instrumento de política monetária, para isso temos os juros – afirmou o ministro. – O cambio é flutuante e nós sempre dissemos isso. Não estamos mudando a política cambial. No ano passado o real se valorizou por causa da entrada de capital especulativo, mas já corrigimos esse problema com a redução das taxas de juros. Resolvido o problema, o câmbio caminhou para um patamar mais estável.
O ministro afirmou que no ano passado, a alta do dólar afetou a inflação, com um impacto entre 0,4 ponto percentual e 0,5 ponto percentual no IPCA, que chegou a 5,8%. Porém, ele sustenta que a moeda não continua se valorizando este ano e que o real hoje é mais competitivo.
– O cambio é flutuante, mas se exagerar na dose, nós corrigimos – disse.
Economia cresce mais em 2013, com influência de medidas já adotadas
Sobre o desempenho da economia brasileira este ano, Mantega traçou um cenário mais positivo, devido a mudanças na economia mundial e também à influência que medidas tomadas no ano passado – como as desonerações e incentivos à investimentos. O ministro ainda lembrou que o governo fez várias ações em 2012, que têm efeito defasado e surtirão efeito este ano, como a redução dos juros e o câmbio.
– Vai ser um ano melhor, porque o cenário internacional está melhor, e o Brasil continua com o mercado interno dinâmico – disse o ministro que afirmou que foram feitos ajuste usando “um arsenal de armas poderosas”.
O ministro ainda afirmou que a queda dos juros (que chegaram a 7,25% ao ano, o menor patamar da taxa) provocou irritação em algumas pessoas que ganhavam com a arbitragem, a diferença entre os juros cobrados lá fora e os praticados no Brasil para obtenção de capital.
– Alguns estão chorando mais. Ficam jogando farpinhas no ministro da Fazenda. Mas isso é do jogo – disse o ministro, que defendeu que essas pessoas, que querem ganhar mais, precisam investir em outros instrumentos como as debêntures de infraestrutura.
– Estamos fazendo uma desintoxicação de juros altos. 2012 foi um ano de desintoxicação. Em 2013, vamos colher os frutos das políticas que foram implantadas.
No mercado de câmbio, o dólar intensificou a alta e opera perto das máximas do dia ante o real, com investidores reagindo aos comentários do ministro. As declarações de Mantega ocorrem após o dólar cair mais de 2% nos últimos dois dias e perder o suporte de R$ 2,00.Às 12h20, o dólar comercial subia 0,30%, a R$ 1,991 na venda, após bater R$ 1,995.
Fonte: O Globo