‘Número 2’ do Ministério da Fazenda pretende deixar a pasta até julho
Um dos principais formuladores da equipe econômica do governo, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, já comunicou ao titular da pasta, Guido Mantega, que deixará a pasta. Segundo a Folha apurou, sua intenção é sair do ministério até julho.
A presidente Dilma Rousseff também foi informada, conforme relato de três ministros, interlocutores do Executivo e dois petistas.
A Folha tentou entrar em contato com o secretário, mas ele estava viajando e não foi localizado.
Os rumores sobre a saída do “número 2” da Fazenda surgiram há duas semanas no meio empresarial e começaram a circular no Executivo.
Auxiliares presidenciais afirmam que o pedido para deixar o ministério foi feito por Barbosa em fevereiro, mas o acerto era que sua saída de fato só ocorreria após o encaminhamento da reforma do ICMS ao Congresso –ele é o representante da Fazenda nas negociações.
A votação do ICMS emperrou nesta semana no Senado por falta de consenso entre os Estados que alegam perda de receita com a alteração da regra, sobretudo São Paulo.
Nelson Barbosa está no Ministério da Fazenda desde 2006. Ao lado de Dilma Rousseff, à época no comando da Casa Civil, ajudou a montar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e a estruturar o Minha Casa, Minha Vida. Tornou-se um dos mais próximos interlocutores da então futura presidente.
Nesse período, ele passou a ser visto no mercado como o aliado na Fazenda da então ministra da Casa Civil.
Atualmente, porém, comenta-se na Esplanada que ele perdeu espaço nas discussões macroeconômicas. O movimento coincide com a ascensão do secretário do Tesouro, Arno Augustin, atualmente um dos mais influentes assessores de Dilma.
No último sábado, a coluna Painel revelou que “quem acompanha os bastidores do governo observa que, no início da gestão de Dilma Rousseff, Mantega e Arno formaram aliança contra Barbosa, sempre apontado como potencial substituto do ministro da Fazenda”. Hoje, é Arno o cotado para o cargo.
Barbosa é economista formado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Em 2006, trabalhou no comitê de reeleição do presidente Lula. Quatro anos depois, ajudou a formular o programa econômico da então candidata Dilma.
Na área econômica, sempre foi visto como um dos formuladores da política econômica petista, embora não seja filiado. Nos debates internos, é defensor do aumento dos investimentos públicos, com a redução da meta de superavit primário, para estimular a economia.
Fonte: Folha de São Paulo