Berlusconi é condenado a sete anos de cadeia por caso Ruby
O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi foi condenado nesta segunda-feira a sete anos de prisão pelo caso “Ruby”, no qual é acusado de incitação à prostituição de menores e abuso de poder. O veredicto pode afetar a frágil coalizão de governo, pois o ex-premier ainda pode recorrer duas vezes da decisão e pressionar políticos ameaçando retirar seu apoio. Segundo denúncias, ele organizava supostas festas sexuais em sua residência em Arcore, perto de Milão, quando era premier em 2010.
Como se trata de uma sentença em primeira instância, Berlusconi poderá recorrer em liberdade. Analistas do jornal italiano “La Repubblica” avaliam que o ex-premier irá reagir de duas formas: com aparições em TVs locais nas quais tentará provar sua inocência; e com a pressão em membros do Executivo que fazem parte de sua legenda, Povo da Liberdade (PDL), contra a coalizão de governo.
A promotora Ilda Boccassini havia pedido para Berlusconi seis anos de prisão e inabilitação de cargos públicos por toda a vida neste caso. No entanto, as três juízas responsáveis pelo caso, Giulia Turri, Orsola De Cristofaro e Carmen D’Elia, consideraram que o ex-premier merecia mais um ano de prisão. Ainda são possíveis dois recursos e o processo pode levar anos, segundo analistas.
Berlusconi é acusado de pagar para ter sexo com a ex-dançarina marroquina Karima el Mahroug, a Ruby, quando ela tinha menos de 18 anos. Ele nega qualquer ação ilegal e diz que está sendo perseguido por promotores de esquerda. Garante que as supostas festas sexuais eram jantares elegantes, onde as convidadas faziam shows de dança. Ruby nega ter tido relações sexuais com Berlusconi.
As suspeitas sobre ligações entre Ruby e Berlusconi começaram em 2010, quando o então primeiro-ministro ligou de Paris para a central de polícia de Milão pedindo que a jovem fosse libertada após uma acusação de roubo. Ele alegou que a mulher era sobrinha de Hosni Mubarak, presidente egípcio na época, e que o incidente poderia gerar um mal-estar diplomático.
Segundo a promotoria, a verdadeira razão do premier era evitar que informações sobre o suposto esquema de prostituição da mansão de Arcore fossem vazadas. No entanto, o efeito da chamada telefônica foi chamar a atenção das autoridades, que começaram a investigar os segredos da vida do político e magnata dos meios de comunicação.
Apesar da condenação desta segunda-feira, especialistas avaliam que o caso Ruby não é o mais perigoso para a vida política de Berlusconi. Ele foi condenado – em primeira e segunda instância – por fraude fiscal no caso Mediaset, com sentença de quatro anos de cadeia e cinco anos fora da vida política. Se o Tribunal Supremo confirmar a decisão, ele não terá outra opção a não ser deixar a política.
Fonte: O Globo