Congresso critica plebiscito de Dilma

Presidente Dilma Rousseff
Presidente Dilma Rousseff

A mensagem em que a presidente Dilma Rousseff defende a realização de um plebiscito e sugere cinco propostas para alterar o sistema político foi entregue ontem ao Congresso, mas nem bem chegou e já foi alvo de reações até da base aliada. Sem consenso, a consulta popular sugerida por Dilma deve ser empurrada para 2014 e a tendência é que uma reforma política – tema do plebiscito -, se aprovada, só comece a valer nas eleições de 2016 ou 2018.

Partidos de oposição e aliados, como o PMDB, preferem o referendo, quando a população diz sim ou não a uma proposta.

O PSB, comandado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provável candidato à Presidência em 2014, também se posicionou contrário à consulta plebiscitária. “É quase impossível fazer uma consulta com perguntas claras para mudanças passarem a valer já nas próximas eleições”, disse o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF).

Além de tocar em pontos sensíveis, sem relação com o sistema político, como o voto secreto, parlamentares acusaram a presidente de ter consciência da inviabilidade de pôr as propostas em prática já em 2014, e tentar, assim, beneficiar só a imagem do PT. O governo trabalhava com a ideia de realizar o plebiscito no dia 7 de setembro.

Entregue na manhã de ontem por Temer e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o ofício apontou cinco temas considerados “de fundamental importância” na reforma política: o financiamento de campanha, a definição do sistema eleitoral e a discussão sobre suplência de senadores, coligações partidárias e voto secreto no parlamento.

“A adoção de forma plebiscitária para essa consulta popular nos parece a melhor dentre as alternativas admitidas pela Constituição. A simples manifestação de concordância ou discordância popular com um modelo já predefinido pode afastar a sociedade da ampla discussão dos alicerces e princípios que deverão orientar a renovação do sistema de representação política”, destacou Dilma Rousseff na mensagem.

O PT ficou praticamente isolado na defesa de um plebiscito que faça a consulta sobre uma reforma política que já passe a valer para 2014. A bancada do partido fez uma reunião nesta terça no início da noite e decidiu divulgar nota de apoio às propostas da presidente Dilma.

Mas houve divergências também na bancada do PT, conforme apurou a reportagem. “Em qualquer bancada há divergência sobre qualquer tema da reforma política”, minimizou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para quem há possibilidade de consenso na base para realização do plebiscito ainda neste ano.

O ministro da Justiça disse que o Planalto “tem lado” na discussão da reforma política. “O Palácio tem o lado do plebiscito. Não consideramos a consulta popular um factoide, mas, sim, uma avaliação de concepção democrática”, afirmou Cardozo. “É fundamental que o povo participe. O povo tem que se expressar, tem o direito de dizer aquilo que ele quer”, disse o ministro.

Um das principais reivindicações das ruas, a inclusão do voto secreto na relação de questões a serem abordadas no plebiscito revoltou deputados da base aliada, que já tinham um acordo para levar a pauta ao plenário da Casa.

Fonte: Agência Estado

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