Morre o cantor e compositor Dominguinhos

Dominguinhos
Dominguinhos

O corpo do cantor, compositor e sanfoneiro Dominguinhos, que morreu na noite de ontem (23), será velado até às 16h desta quarta-feira na Assembleia Legislativa de São Paulo, no Ibirapuera, zona sul de São Paulo, e depois seu corpo será levado a Pernambuco. A informação é de Guadalupe Mendonça, viúva do cantor.

Segundo Guadalupe, outro velório será realizado na Assembleia Legislativa de Pernambuco para que os fãs pernambucanos também possam se despedir do cantor. O enterro deve ocorrer na sexta-feira (26), mas ainda não há informações sobre o local.

Dominguinhos morreu ontem, às 18h, em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas, aos 72 anos, em São Paulo. O músico estava internado desde 13 de janeiro no Hospital Sírio Libanês, após ser transferido do Recife. A morte foi confirmada à Folha pela mulher do músico, Guadalupe Mendonça.

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“Vamos tentar organizar um velório em São Paulo para que as pessoas possam se despedir dele e, depois, levá-lo ao Recife para o enterro”, afirmou Mendonça.

DOMINGUINHOS

Dominguinhos lutava contra um câncer no pulmão há seis anos. Ele havia sido internado em 17 de dezembro no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana, com um quadro de arritmia cardíaca e infecção respiratória. Em janeiro, foi transferido para São Paulo a pedido da família, dias após sofrer uma parada cardíaca no hospital.

Durante a internação no Recife, ele chegou a colocar um marca-passo para controlar a arritmia cardíaca, mas precisou o tempo todo de usar aparelhos para respirar.

Em São Paulo, seu quadro clínico melhorou e ele chegou a deixar a UTI (unidade de terapia intensiva) do Sírio-Libanês por duas vezes, a última delas em 14 de julho.

Na segunda-feira (22), porém, retornou à UTI por causa de infecções. “Ele está bem, mas teve várias infecções e voltou para a UTI. No hospital, você fica suscetível a isso”, havia dito Mendonça à Folha.

Em março, os filhos de Dominguinhos divergiam sobre seu estado de saúde. Enquanto o mais velho, Mauro Moraes, afirmava que o sanfoneiro estava em coma irreversível, outra filha, a também cantora Liv Moraes, dizia que o pai ainda tinha momentos de consciência.

Os dois brigam na Justiça pelo controle dos bens de Dominguinhos.

CARREIRA

Em uma de suas últimas apresentações, no dia 13 de dezembro, o artista havia feito show em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, em Exu, no interior de Pernambuco.

Músico desde a infância, Dominguinhos foi, desde o início da carreira, incentivado por Gonzaga, que o consagrou como herdeiro artístico.

José Domingos de Moraes, Dominguinhos, nasceu em Garanhuns (PE), em 12 de fevereiro de 1941, começou a tocar e compor aos oito anos, com uma sanfona de oito baixos em feiras livres, para em seguida se profissionalizar com a de 48, 80 e 120 baixos.

Em 1950, ele conheceu Luiz Gonzaga, que o convidou para conhecer o Rio –o que acabou acontecendo quatro anos depois, quando Dominguinhos tinha 13 anos. Dominguinhos recebeu de seu padrinho musical uma sanfona e passou a tocar, fazer shows, participar das viagens e gravações de seus discos, o que acabou tornando-o conhecido como herdeiro musical de Gonzagão.

Dominguinhos teve músicas gravadas pelos maiores nome da MPB, como “Eu Só Quero um Xodó (em parceria com Anastácia), grande sucesso de Gilberto Gil, e “De Volta pro Aconchego” (em parceria com Nando Cordel), popularizada na voz de Elba Ramalho.

POLÍTICA

Na política, Dominguinhos será lembrado por ter gravado jingles para as campanhas presidenciais do PSDB. O músico gravou dois xotes para candidaturas de Fernando Henrique Cardoso. Em 1994, cantava: “Tá na minha mão, na sua mão, na mão da gente/Fazer Fernando Henrique presidente!”. Em 1998, na disputa pela reeleição, o jingle foi composto pelo publicitário Nizan Guanaes: “Levanta a mão e vem com a gente / Vamos lá fazer um Brasil diferente”. A gravação de Dominguinhos também também pedia a continuação da gestão FHC no Brasil.

“A contribuição para a campanha do Fernando Henrique foi imensa. Foi um papel importante na época, até para elevar o astral da campanha, a música tinha letra do bem”, afirma José Serra. “Por mais nacional que fosse, ele era a cara da música tradicional do Nordeste.”

Em 2002, Serra também ganhou jingle em sua campanha presidencial. Ele lembra ter cantado a música “Baião” ao lado de Dominguinhos. “Cantamos juntos em duas ou três ocasiões, quando eu já era governador de São Paulo.”

Dominguinhos gravou também um forró para Geraldo Alckmin, em 2006. A música dizia: “Aperte a mão do Geraldo, minha gente / E conheça um brasileiro de valor”.

MULTIFACETADO

O pai de Dominguinhos, mestre Chicão, era um famoso tocador e afinador de foles de oito baixos. Começou a tocar sanfona aos seis anos de idade, juntamente com mais dois irmãos, em feiras livres e portas de hotéis do interior de Pernambuco.

O nome Dominguinhos foi uma sugestão de Luiz Gonzaga, que considerou que o apelido de infância, Neném, não o ajudaria na trajetória artística.

Em 1957, aos 16 anos, fez sua primeira gravação, tocando sanfona em um disco de Gonzaga, na música “Moça de Feira”, de Armando Nunes e J.Portela.

No mesmo ano, em viagem ao Espírito Santo, com Borborema e Miudinho, formou um trio, batizado de Trio Nordestino.

Participou do primeiro disco gravado por Elba Ramalho, “Ave de Prata”, de 1979. Em 1980, participou do Segundo Festival Internacional de Jazz de São Paulo. Em 1981, participou, com destaque, do programa “Som Brasil”, na TV Globo.

Na década de 1980, suas composições “De Volta pro Meu Aconchego”, em parceria com Nando Cordel, gravada por Elba Ramalho, e “Isso Aqui Tá Bom Demais”, em parceria com Chico Buarque, e gravada pelos dois, foram incluídas na novela “Roque Santeiro”, da TV Globo, o que fez aumentar sua popularidade.

Em 1984, Chico Buarque gravou a composição “Tantas Palavras”, parceria de Chico e Dominguinhos, que se tornaria outro sucesso.

DISCOGRAFIA

1965 “Dominguinhos”
1973 “Tudo Azul”
1973 “Lamento de Caboclo Tropicana”
1975 “O Forró de Dominguinhos”
1976 “Domingo, Menino Dominguinhos”
1977 “Oi, Lá Vou Eu”
1978 “Ó Xente Fontana”
1979 “Após Tá Certo”
1980 “Quem me Levará Sou Eu”
1981 “Querubim”
1982 “Simplicidade”
1982 “A Maravilhosa Música Brasileira”
1983 “Festejo e Alegria”
1985 “Isso Aqui Tá Bom Demais”
1986 “Gostoso Demais”
1987 “Seu Domingos”
1988 “É isso Aí! Simples como a Vida”
1989 “Veredas Nordestinas”
1990 “Aqui Tá Ficando Bom”
1991 “Dominguinhos é Brasil”
1992 “Garanhuns”
1993 “O Trinado do Trovão”
1994 “Nas Quebradas do Sertão”
1994 “Choro Chorado”
1995 “Dominguinhos É Tradição”
1996 “Brasil Musical”
1996 “Pé de Poeira Continental”
1997 “Dominguinhos e Convidados Cantam Luiz Gonzaga”
1998 “Nas Contas do Brasil”
1999 “Você Vai Ver O que É Bom”
2000 “Dominguinhos Ao vivo”
2001 “Lembrando de Você”
2003 “Duetos”
2006 “Conterrâneos”
2007 “Yamandu+Dominguinhos”
2008 “Conterrâneos”
2009 “Dominguinhos Ao vivo”
2010 “Iluminado Dominguinhos”
2010 “Lado B”

Fonte: Folha de São Paulo

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