23 policiais foram mortos só este ano no Pará
Tristeza, choro, lembranças doídas. O domingo dos pais da técnica de enfermagem Hellen Moreira, 29 anos, foi mais um teste para quem, há um mês, teve a vida marcada pela tragédia e, desde então, luta para sobreviver à perda que ainda arranca lágrimas e revolta.
Hellen era mulher do Policial Militar Jorge Moreira, morto de forma brutal durante assalto ao ônibus que o trazia de Castanhal para Belém após quatro dias de trabalho. Fardado e desarmado, Moreira se tornou alvo e presa fácil dos assaltantes. Foi humilhado, obrigado a pedir de joelhos para não ser morto, mas os bandidos não perdoaram. Moreira foi atingido com três tiros na cabeça.
Para Hellen restaram a dor, as lembranças e as exigências impostas pela vida a uma viúva, mãe de três filhos obrigada a sustentar, sozinha, a família. Desde que o policial militar foi morto, Hellen e as crianças têm vivido com o salário de R$ 760 que a técnica de enfermagem recebe trabalhando em uma unidade municipal de saúde. O filho mais velho de sete anos e o segundo, de dois, sentem muito a falta do pai.
Para este domingo, o maior preparou uma cartinha para Jorge. Contou à avó que a declaração de amor chegará ao céu levada por um balão. “Ele era minha luz, um exemplo e não é porque morreu não”, diz entre lágrimas a dona de casa, Deusa Pinheiro, mãe do PM.
Ele era filho único, morava com a mulher na mesma rua da mãe e uma espécie de esteio da família que vive no bairro do Icuí Guajará, um dos mais violentos de Belém. “Meu medo era aqui”, diz Deusa referindo-se ao temor de que o filho policial fosse alvo da violência do bairro. “Ficava até aliviada quando ele estava fora e olha onde meu filho foi acabar”, diz sem esconder a revolta.
O assassinato do PM foi certamente a mais cruel, mas não a única violência sofrida pela família desde o dia 7 de julho. Vinte e dois dias após o velório, Hellen precisou levar o filho de nove meses ao médico. Foi informada de que, com a morte do PM, o Plano de Saúde do Estado, a que a criança teria direito como dependente de servidor público havia sido cancelado. “Disseram que o titular havia acabado e com ele o plano também”, conta revoltada.
Passadas as homenagens, feitas pelos colegas durante o velório, Hellen, Deusa e as crianças se viram sem apoio do Estado para enfrentar o difícil luto. A família ainda está em busca da pensão, mas se ressentiu da falta de sensibilidade dos órgãos públicos. “Disseram que viria uma psicóloga aqui. Se veio, não chegou aqui. Também não recebemos nenhuma ajuda”, conta Deusa.
O caso do PM Jorge Moreira é emblemático, mas não o único no Pará. Nos últimos meses, têm aumentado a violência contra policiais militares no Estado. A Associação de Policiais Militares, Bombeiros e Familiares do Estado do Pará (Aspol) contabiliza, só neste ano, 23 mortes de PMs. “Isso ocorre porque falta uma resposta em relação aos casos de violência contra militares”, diz o presidente da entidade, Hélio Borges.
Para Borges, a falta de políticas públicas para esses servidores do Estado, os torna alvo fácil dos bandidos. “Eles andam fardados, têm o nome exposto, moram, na periferia, onde a violência é maior. No trabalho, ao lado de outros colegas, a gente até se sente seguro, mas quando volta para casa, a gente sabe que está à mercê da violência”, diz ressaltando que considera a violência um problema generalizado.
A associação dos militares defende a criação de programas de habitação, auxílio transporte para que os PMs possam ir e voltar para o trabalho sem farda (hoje eles só têm isenção da tarifa se estiverem identificados como PMs), além de treinamento para enfrentar a criminalidade cada vez maior e sofisticada. “A gente passa seis meses em treinamento, recebe uma arma, usa uma farda e não tem mais uma educação continuada”, critica.
PM
O comando da PM contesta os números divulgados pela Associação. Informa que neste ano, 25 policiais morreram, mas destes, 8 teriam sido vítimas de acidentes de trânsito. Também afirma que a maioria dos mortos de forma violenta estava de folga. Para a entidade de classe, contudo, mesmo nesses casos, os PMs acabaram alvos pela condição de militares. “Somos policiais 24 horas por dia”, diz Borges.
O comando informou ainda, por meio de nota que o treinamento dos policiais varia de dez meses a três anos e que “A PM vem trabalhando mo sentido de, progressivamente, melhorar as condições de trabalho dos policiais” e entre as medidas estudadas está uma política habitacional específica pra os militares, o que já estaria em estudo.
Fonte: Diário do Pará
Isso só acontece porque os comandantes juntamente com o governo do Pará só pensam neles ao invés de irem buscar os oficiais que tem mais condições eram para as viaturas buscar os praças em suas casas e andar armado 24h.Outro culpado é a justiça que só sabem proteger bandidos ainda mais se for rico e assim sendo deixa inclusive juízes vulneráveis ao crime.Reforma política e do judiciário já e quanto aos policiais aquele velho lema quando eu entrei na policia se for pra minha mãe chorar a dele que chore